Em maio deste ano, confirmou-se o primeiro caso de gripe das aves na África do Sul. Autoridades de Saúde preocupam-se com as consequências para a economia do país.
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No final de maio deste ano, foi confirmado o primeiro caso de gripe das aves numa fazenda no norte da África do Sul, depois do surto, causado pelo vírus H5N8, ter atingido, no início do mesmo mês, o Zimbabué.
Atualmente estão já confirmados casos de gripe das aves em quatro fazendas localizadas no norte da África do Sul. Os especialistas já alertaram que o aparecimento do vírus H5N8 pode representar uma séria ameaça para a indústria avícola. Mpho Maja, diretora da entidade responsável pela Saúde Animal na África do Sul, afirma mesmo que "se o foco atual não for controlado, [o vírus] tem potencial para destruir a indústria".
09.08.17 África do Sul gripe aves (edit) - MP3-Stereo
A gripe das aves atingiu no passado os continentes asiático e europeu, tendo agora chegado à África do Sul. Veterinários e produtores de aves estão em alerta máximo. Quando encontram um animal infetado numa quinta ou aviário, toda a população de frangos é sacrificada imediatamente. No entanto, controlar a propagação do vírus está longe de ser fácil.
"O vírus é transmitido por pássaros selvagens. Os pássaros não estão restritos ao país para que migram, eles voam por toda parte. Então, basicamente foi assim que o vírus entrou no país," explica Mpho Maja.
Difícil prevenção
Os animais criados em liberdade, como acontece em pequenas explorações ou quintas, são mais vulneráveis,pois têm contato com aves selvagens infetadas.
A vacinação de animais contra a gripe das aves não é uma opção, pois pode levar ao aparecimento de um vírus resistente em aves domésticas e selvagens. A diretora Nacional da Saúde Animal da África do Sul alerta para os cuidados básicos a ter.
"A regra básica é prevenir o contacto entre aves selvagens e populações de aves de capoeira. Por isso, quem faz criação de galinhas deve melhorar as suas medidas de biossegurança. Deve alimentar as galinhas debaixo de telhado ou numa casa onde as aves selvagens não sejam atraídas pela comida ou pela água," relata Mpho Maja.
Quando um animal doente tem contacto com um lago aberto, por exemplo, a água fica infetada e precisa de ser tratada. O mesmo se aplica aos alimentos que devem ser mantidos em recipientes fechados. Uma tarefa difícil num país do tamanho da África do Sul. No entanto, nem tudo são más notícias.
"Felizmente, tanto a Organização Mundial da Saúde, como a Organização Mundial da Saúde Animal já confirmaram que o vírus com o qual estamos a lidar atualmente não afeta as pessoas," garante.
Reações do mercado
Mais de meio milhão de aves já foram abatidas na África do Sul desde o início deste surto, em finais de maio, tendo os agricultores sido compensados pelo Governo. Para já, parece que o surto está sob controlo e o comércio tem estado a aumentar, depois de, no início da crise, os vizinhos Botswana, Zimbabué, Moçambique e Namíbia terem deixado de importar frangos da África do Sul.
Recentemente, Moçambique, por exemplo, levantou a proibição de importação de ovos férteis da África do Sul. No entanto, mantém a interdição da importação de aves domésticas e selvagens.
Ainda assim, o vírus continua por perto e com potencial para causar graves danos económicos no país.
Kasensero: local de origem da SIDA
Quando a primeira epidemia de SIDA global aconteceu na aldeia de Kasensero no Uganda, muitos acreditavam que se tratava de bruxaria. Médicos identificaram a doença como vírus. Hoje, 33% dos habitantes são seropositivos.
Foto: DW/S. Schlindwein
Uma aldeia de pescadores
Kasensero é uma aldeia pequena e pobre situada na margem do Lago Vitória no distrito de Rakai no sul do Uganda na fronteira com a Tanzânia. Em 1982, a aldeia tornou-se famosa a nível mundial. Em apenas alguns dias morreram milhares de pessoas com uma doença desconhecida. O HIV já era conhecido nos EUA, na Tanzânia e no Congo. Mas uma epidemia com esta dimensão nunca tinha acontecido.
Foto: DW/S. Schlindwein
Milhares de pessoas morrem
Kasensero 1982: Thomas Migeero era a primeira vítima. Primeiro perdeu a fome e depois os cabelos. No fim ele só era pele e osso, se lembra o seu irmão Eddie: "Alguma coisa dentro dele comeu-lhe". Durante o funeral, o seu pai não se aproximou do caixão. Todo mundo acreditava numa maldição. Hoje sabemos: morreu de SIDA.
Foto: DW/S. Schlindwein
Uma cidade morta
Quando a doença começou a matar milhares de pessoas, os habitantes começaram a abandonar a cidade. As famílias que podiam partiram e deixaram os seus campos de milho, e os bovinos e caprinos. Até hoje, Kasensero parece uma cidade abandonada e morta. Só os mais pobres ficaram.
Foto: DW/S. Schlindwein
Como o vírus chegou a Kasensero
Presumivelmente o vírus chegou através das rodovias da África Oriental a Kasensero. Condutores de veículos pesados passam a noite nos postos fronteiriços de Kasensero. Muitos procuram prostitutas como esta mulher de 30 anos de vestido rosa, que gostaria não ser reconhecida. Conta que os homens pagam quatro vezes mais para o sexo sem preservativo. Ela não se importa, pois é seropositiva.
Foto: DW/S. Schlindwein
SIDA como normalidade
Joshua Katumba é seropositivo. O pescador de 23 anos nunca visitou uma escola e não sabe ler e escrever. Não tem uma perspetiva para um futuro melhor – como a maioria dos que vivem em Kasensero. Um terço dos habitantes estão infetados com o vírus da SIDA – um dos índices de contaminação pelo HIV mais altos do mundo.
Foto: DW/S. Schlindwein
Medicamentos grátis
Yoweri Museveni, o Presidente do Uganda, foi o primeiro presidente da África, que reconheceu a SIDA como uma doença. A seguir, o Uganda desenvolveu-se como modelo da luta contra a SIDA. Pesquisadores internacionais chegaram a Rakai. Subsídios foram distribuídos. No hospital da região, os doentes com HIV passam horas em fila para buscar os seus medicamentos: são grátis.
Foto: DW/S. Schlindwein
Violência sexual
Há cinco anos, que Judith Nakato é seropositiva. Provavelmente ela foi infetada quando foi estuprada e ficou grávida. Pouco antes do parto, os médicos perceberam que ela tinha o vírus e conseguiram evitar uma transmissão ao bebé. Todos os dias, Judith tem que tomar os seus medicamentos contra a SIDA.
Foto: DW/S. Schlindwein
Anti-retrovirais escassos
Desde que Judith Nakato começou a tomar os seus medicamentos, conseguiu voltar a trabalhar. Os comprimidos, chamados anti-retrovirais ou ARV, evitam que a SIDA se desenvolve totalmente. Os medicamentos são pagos pelo Fundo Global contra a SIDA. Mas Judith Nakato tem que deslocar-se a uma outra cidade a mais de cem quilómetros para receber a sua medicação, pois os medicamentos são escassos.
Foto: DW/S. Schlindwein
Pacientes estão moribundos
Olive Hasal de 50 anos emagreceu a pele e ossos. Ela respira com muito esforço e os olhos parecem cansados. Ela mostra o comprimido que está embrulhado num pano. "Este é o último", diz ela. Hasal já viu morrer o seu marido e as suas duas crianças. Ela sabe que ela também vai morrer se ninguém for buscar os medicamentos na capital do distrito que fica a 140 quilómetros de distância.
Foto: DW/S. Schlindwein
Modelo contra a luta de SIDA?
Uganda foi considerado modelo da luta contra a SIDA: grandes somas de dinheiro foram doadas pela comunidade internacional. No início com sucesso: os casos de infeções diminuíram em cerca de dois terços a partir de 1990. Mas nos últimos dez anos, o número das infeções aumentou novamente.
Foto: DW/S. Schlindwein
Testes clínicos e pesquisas
Desde as primeiras tentativas de terapias em 1996, os habitantes foram usados para estudos de longo prazo. Kasensero é o laboratório das pesquisas globais da SIDA. O resultado da pesquisa mais recente: homens circuncidados reduzem o risco de infeção em 70 %. O Uganda aposta agora na circuncisão masculina para reduzir a propagação do HIV-SIDA.