Grupo armado mata 45 pessoas no nordeste da Nigéria
AFP | mjp
6 de maio de 2018
Zonas rurais da região têm sido palco de violência devido a roubo de gado e sequestros. Aumentam os confrontos entre pastores nómadas e agricultores.
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45 pessoas morreram na noite de sábado (05.05) num ataque de homens armados no nordeste da Nigéria, segundo membros de milícias civis citados pela agência de notícias France Presse.
"Os 45 corpos foram encontrados espalhados pelo mato. Os bandidos perseguiram residentes que se tinham mobilizado para defender a aldeia", disse um membro de uma milícia sob condição de anonimato. "As vítimas morais incluem crianças abandonadas pelos pais durante o ataque".
"Os atacantes eram claramente homens armados do estado vizinho de Zamfara que têm estado a aterrorizar a zona de Birnin Gwari", acrescentou.
Segundo a testemunha ouvida pela AFP, os homens armados atacaram a aldeia de Gwaska, no estado de Kaduna, na madrugada de sábado, onde permaneceram durante três horas antes de regressarem à sua base, na floresta de Zamfara. "Incendiaram muitas casas".
Um porta-voz da polícia do estado de Kaduna, Mukhtar Aliyu, confirmou o ataque dos "bandidos armados” mas não avançou detalhes.
Aumenta a violência
O ataque deste fim-de-semana ocorre após a morte de 25 pessoas no nordeste da Nigéria, na semana passada. 13 pessoas foram mortas em confrontos entre ladrões de gado e milícias civis locais em Zamfara. Em Adamawa, pelo menos 12 pessoas morreram num ataque a várias aldeias.
Os últimos desenvolvimentos acentuam a diversidade de ameaças à segurança na Nigéria, na ausência de uma força policial forte e um sistema de justiça eficaz. A Nigéria está à beira de uma crise de segurança, com pastores nómadas e agricultores a lutar por terrenos numa batalha cada vez mais violenta por recursos.
As comunidades rurais em Zamfara estão há vários anos sob a ameaça dos ladrões de gado e grupos de sequestradores, que atacam comunidades de pastores, matando, pilhando e incendiando casas.
Os habitantes das zonas rurais formaram grupos de autodefesa, mas são acusados de execuções extra judiciais, criando-se um ciclo sangrento de retaliações.
O Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, tem sido criticado pela incapacidade de travar a violência, um tema-chave nas vésperas das eleições presidenciais.
Polícias e militares estão sobrecarregados na Nigéria, com a luta contra o Boko Haram no norte, o combate a piratas e militantes no sul, um movimento separatista a leste e uma batalha sangrenta entre pastores e agricultores na região central.
Nigéria: Dar e receber para sobreviver
Fugiram do grupo terrorista Boko Haram e vivem sem dinheiro no campo de refugiados de Bakasi, na Nigéria. A troca de produtos foi a solução que muitos encontraram para sobreviver e satisfazer necessidades básicas.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Alguma autonomia
Os alimentos e os produtos doados nem sempre são os desejados. Dinheiro e trabalhos remunerados são raros no campo de refugiados de Bakasi, no nordeste da Nigéria. Com a troca de produtos, os refugiados encontraram uma maneira de satisfazer as suas necessidades.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Dinheiro significa corrupção
"Nós não ganhamos dinheiro. Por isso é que fazemos as trocas", explica Umaru Usman Kaski. O refugiado quer trocar um molho de lenha no valor de 50 nairas (cerca de 11 cêntimos de euro) por alimentos para a família de oito membros. Muitos residentes preferiam receber dinheiro. Mas o risco é grande porque a corrupção na rede de distribuição do campo é generalizada.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Arroz em troca de farinha
Falmata Madu (à dir.) troca arroz pela farinha de milho de Hadisa Adamu. As refugiadas fazem parte dos dois milhões de pessoas que fugiram do Boko Haram. Uns refugiaram-se no interior do país, outros no estrangeiro. Há mais de oito anos que o grupo terrorista aterroriza o nordeste da Nigéria, onde quer estabelecer um califado. Segundo a ONU, esta é uma das piores crises humanitárias mundiais.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Milhares de refugiados
Há 670.000 refugiados nos vários campos espalhados pelo nordeste da Nigéria. No campo de Bakasi, nos arredores da cidade de Maiduguri, capital do estado de Borno, vivem 21 mil pessoas. Em troca do seu milho, Falmata Ahmadu recebe folhas de amaranto de Musa Ali Wala.
Foto: Reuters/A. Sotunde
"Não havia mais nada"
Abdulwahal Abdulla não gosta muito de peixe. Mas as pequenas tilápias foram a única coisa que conseguiu comprar porque os produtos são muitos escassos. Em vez do peixe seco, que custou 150 nairas (cerca de 36 cêntimos de euro), o refugiado de 50 anos, que vive no campo de Bakasi há três anos, preferia ter comprado óleo.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Necessidades alteram-se
Nasiru Buba (à dir.) comprou detergente com o dinheiro que conseguiu a trabalhar como porteiro na cidade. Na altura, não precisava de nada especial. Agora precisa urgentemente de amendoins, mas já não tem dinheiro. "A minha mulher acabou de ter um bébé, mas não tem leite", diz Buba. Acredita-se que os amendoins estimulam a produção de leite.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Violência sem fim à vista
Maiduguri é considerada o berço do Boko Haram e centro de violência. Em finais de dezembro de 2017, pelo menos nove pessoas morreram num ataque do grupo terrorista na capital do estado de Borno. Face a este cenário, é pouco provável que os refugiados deixem o campo de Bakasi em breve. Por enquanto, a troca direta de bens deverá continuar.