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Polícia moçambicana procura autores de mais um ataque

Leonel Matias (Maputo) | Lusa
5 de junho de 2018

Grupo armado que matou sete pessoas em Naunde será o mesmo suspeito de ter decapitado dez pessoas há uma semana.

Ponte da Unidade - Grenze zwischen Mosambik und Tansania
Foto de arquivo: Ponte da Unidade (Cabo Delgado)Foto: DW/Estácio Valoi

O ataque desta segunda-feira (04.06) saldou-se em sete mortos, quatro feridos, 164 residências incendiadas e na destruição de quatro viaturas.

Segundo o porta-voz do Comando Geral da Polícia, Inácio Dina, o grupo de atacantes era constituído por seis indivíduos todos já identificados como sendo naturais de Macomia, a região que foi alvo da incursão.

"Estes malfeitores usaram armas brancas, estamos a falar concretamente de catanas, e desferiram golpes a esses cidadãos e por via desses golpes acabaram não resistindo a perderam a vida".

Não foram feitas detenções

Inácio Dina, disse numa conferência de imprensa que Polícia está no encalço dos atacantes. Até ao momento não foi feita qualquer detenção."Aquilo que é o trabalho das forças de defesa e segurança é perseguir, é caçar este grupo, que está devidamente identificado para efeitos de responsabilização pelo crime que cometeram. Há aqui concurso de infrações nomeadamente há danos, fogo posto e há sobretudo homicídio e ofensas corporais que infligiram a estas vítimas".

Foto: DW/G. Sousa

Recorde-se, que estes ataques de homens armados desconhecidos em Cabo Delgado começaram em outubro último em Mocímboa da Praia e espalharam-se agora a outros três distritos nomeadamente Palma, Nangade e Macomia.

No passado dia 27 dez civis foram decapitados no distrito de Palma.

O porta-voz do Comando Geral da Polícia disse que os atacantes atuam em grupos de seis pessoas quando inicialmente era mais numeroso constituído por 30 pessoas.

Grupo fragmentado

Para Inácio Dina este facto indicia que o grupo está fragmentado como resultado da presença das forças de defesa e segurança em toda a extensão das áreas abrangidas pelos ataques.

"O facto neste momento é que este grupo está fragmentado e é aos bocados que vão cometendo estes atos que nós estamos a perseguir para devolver as pessoas ao convívio normal nas comunidades onde estes factos estão a acontecer".

Na última semana a polícia reivindicou ter abatido nove homens do grupo armado.De acordo com o porta-voz da corporação mais de 300 pessoas foram detidas  desde o inicio destes ataques.

Foto: DW/G. Sousa

Na altura foram igualmente encerradas algumas mesquitas, mas segundo Inácio Dina "os colegas do Ministério da Justiça que é a área que superintende questões religiosas em Moçambique deixaram claro que já havia algumas que tinham sido reabertas permanecendo algumas outras ainda sob averiguação".

Grupo assassina sete pessoas no norte de Moçambique

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Questionado sobre a motivação do grupo de atacantes o porta-voz da policia, Inácio Dina, afirmou que "não temos nenhuma indicação de ter havido alguma reclamação, alguma reivindicação de qualquer espécie deste grupo. Estamos a dizer que são criminosos que estão a cometer estes crimes". Raízes da violência

Um estudo divulgado em maio, em Maputo, aponta a existência de redes de comércio ilegal na região e a movimentação de grupos radicais islâmicos, oriundos de países a norte, como algumas das raízes da violência.

Diversos investimentos estão a avançar na província para exploração de gás natural dentro de cinco a seis anos, no mar e em terra, com o envolvimento de algumas das grandes petrolíferas mundiais.

Moçambique sem controlo sobre movimentos religiosos 

O ministro da Indústria e Comércio de Moçambique admitiu em entrevista à agência Lusa que o Governo "não tem controlo total" sobre os movimentos religiosos estrangeiros que têm conduzido recentemente vários ataques armados no norte do país.

"O Governo embarcou de forma séria na procura da paz duradoura, mas os movimentos de vários caráteres e origens não estão sob controlo total de Moçambique, encontrámos movimentos de cariz religioso que, de facto, não têm origem em Moçambique", disse Ragendra de Sousa, à margem do Fórum Oportunidades de Investimento em Moçambique, que decorre esta semana em Portugal.

Ragendra de SousaFoto: DW/R. da Silva

Para o governante moçambicano, a solução para acabar com estes ataques, como o desta madrugada na aldeia de Naunde, distrito de Macomia, que terá provocado pelo menos seis mortos, que se juntam aos dez habitantes decapitados há cerca de uma semana na província de Cabo Delgado, é desenvolver a economia.

"O que temos de fazer, de forma tranquila mas com preocupação, é procurar resolver não só pela via da força, mas temos de ir para aquela região com programas económicos, empregar a juventude e aumentar a produção", defendeu o governante que está esta semana em Portugal para apresentar as oportunidades de investimento no seu país.

"A região [da província de Cabo Delgado] tem gás, mas nós não comemos gás, precisamos de empresas que promovam a agricultura, os agronegócios, os serviços... a mão de obra está lá, para empregado de casa, carpinteiro, pedreiro, é isto que queremos, que os empresários se instalem porque o projeto-âncora está pronto", disse o governante.

"Viemos aqui para aumentar o tecido empresarial [em Moçambique], o que vai resolver todos estes problemas", concluiu Ragendra de Sousa.

 

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