Contrato de gestão com a Icelandair prevê mudanças na Transportadora Aérea de Cabo Verde, incluindo um aumento da frota e a implementação de novas rotas.
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O grupo Icelandair, da Islândia, assume, a partir de segunda-feira (14.08), a gestão da Transportadora Aérea de Cabo Verde (TACV), um negócio que, no total, vai custar 925 mil euros ao Estado. Os ministros cabo-verdianos das Finanças e da Economia assinaram o contrato esta quinta-feira na Cidade da Praia com os administradores da TACV e o vice-presidente para Marketing e Vendas da Loftleider Icelandic, que pertence ao grupo Icelandair.
O acordo prevê mudanças substanciais no modelo de negócio e de gestão da companhia aérea. Os objetivos são melhorar a eficiência da transportadora, aumentar a atual frota para incrementar a operação internacional e introduzir novas rotas.
O contrato de gestão terá a duração de um ano e pode ser renovado pelo mesmo período, caso a privatização da TACV não aconteça antes. Se a TACV for privatizada, a Icelandair poderá transformar-se num dos parceiros estratégicos do Governo no processo.
Reestruturação e privatização
O grupo da Islândia vai apoiar o processo de reestruturação da TACV com a intenção principal de privatizar a companhia, informou o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva. "Vamos privatizar a TACV e a Cabo Verde Handling e vamos concessionar o serviço de gestão aeroportuária da ASA (Aeroportos e Segurança Aérea)", declarou. "Só assim conseguiremos dotar o país de um hub de referência internacional", a ser criado na Ilha do Sal.
Numa primeira fase, o grupo Icelandair vai adicionar dois aviões à frota da TACV, adiantou o ministro da Economia, José Gonçalves.
Crise e nova fase da TACV
A TACV tem sido abalada por uma crise de tesouraria. A empresa representa um encargo mensal para o Estado de cerca de um milhão de euros e tem um passivo acumulado de mais de 100 milhões. Por isso, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, fala no fim do fardo para os cofres do Estado. "Marca seguramente uma nova era no desenvolvimento do setor dos transportes aéreos em Cabo Verde", defende Correia e Silva.
Grupo islandês assume gestão da TACV
O acordo de nova gestão da TACV foi celebrado a pensar também no setor turístico. A meta do Governo é aumentar o número de turistas no país - dos atuais 550 mil para um milhão e meio dentro de quatro anos.
O responsável daLoftleidir Icelandic, Erlendur Svavarsson, acredita que o grupo pode dar uma contribuição para esse aumento."O turismo em Cabo Verde está a desenvolver-se e uma companhia aérea robusta irá impulsionar, ainda mais, este crescimento", sustenta Svavarsson, que prevê "um grande futuro para a TACV e Cabo Verde."
A Icelandair é uma companhia aérea com sede na Islândia e opera no setor de aviação há cerca de 80 anos,sobretudo nos mercados da Europa, dos Estados Unidos e do Canadá. Svavarsson fala num "novo capítulo na aviação cabo-verdiana" e demonstra confiança no acordo assinado. "Na Islândia, temos casos de sucesso que passaram pela mesma estratégia que está agora a ser adotada", conclui.
Dessalinização de água com tecnologia europeia em Cabo Verde
Em Cabo Verde, as reservas naturais de água são escassas e a estação chuvosa dura apenas três meses por ano. Governo aposta na dessalinização da água do mar para abastecer a população. Mais de 55% da produção perde-se.
Foto: DW/C. Teixeira
Água fresca para os cabo-verdianos
Em Cabo Verde, a dessalinização garante água fresca para cerca de 80% da população. O país aposta no sistema de osmose inversa para produzir água doce. A Electra, Empresa Pública de Electricidade e Água, é responsável pela produção e distribuição da água dessalinizada nas ilhas de São Vicente, Sal e na Cidade da Praia. Na foto, visão parcial da central dessalinizadora da Electra na capital.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Dessalinização por osmose inversa
O processo de dessalinização por osmose inversa é uma moderna tecnologia de purificação da água que consiste em diversas etapas de filtragem. Logo após a captação, a água do mar passa pelos filtros de areia, que têm por finalidade eliminar impurezas e resíduos sólidos maiores. Na foto, os dois grandes cilindros são os filtros de areia de uma das unidades de dessalinização na Cidade da Praia.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Várias etapas de filtragem
Depois, a água é novamente filtrada, desta vez por micro filtros. Os dois cilindros azuis que se podem ver na foto possuem uma alta eficiência na remoção de resíduos sólidos minúsculos - como moléculas e partículas. Essas duas pré-filtragens preparam a água para passar pelo processo de osmose inversa.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Sob alta pressão
O aparelho azul (na foto) é uma bomba de alta pressão. Aplica uma forte pressão na água do mar, que é distribuída pelos cilindros brancos. No interior, encontram-se membranas semipermeáveis por onde a água é forçada a passar. Neste processo de filtragem, consegue-se a retenção de sais dissolvidos. Obtém-se a água doce e a salmoura - solução com alta concentração de sal - que é devolvida ao mar.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Volume do abastecimento
Na Cidade da Praia, funcionam duas unidades dessalinizadoras da Electra, com capacidade para produzir 15.000m3 de água doce por dia. Pelo menos 60% da população da capital recebe a água dessalinizada da Electra. Na foto, uma visão parcial da unidade mais moderna de Santiago, em funcionamento desde 2013. A Electra é reponsável pelo abastecimento de água de mais de metade da população do país.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Controlo de qualidade
A água doce produzida é analisada num laboratório onde é feito o controlo de qualidade. De acordo com a Electra, a transferência da água para consumo só é autorizada se apresentar as condições estabelecidas nos protocolos da Organização Mundial da Saúde (OMS). Na foto, a engenheira bioquímica Elisângela Moniz mostra as placas utilizadas para a contagem de coliformes totais e fecais.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Moderna tecnologia europeia
Cabo Verde utiliza tecnologias europeias, espanhola e austríaca, para a dessalinização da água do mar. Na foto, o reservatório de água da empresa austríaca Uniha, que tem capacidade para armazenar 1.500 m3 de água. A água dessalinizada não fica parada aqui: é constantemente bombeada para os reservatórios de distribuição existentes ao longo da Cidade da Praia.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Grandes perdas
Esses equipamentos são responsáveis por bombear a água para os tanques de distribuição da Cidade da Praia. No entanto, cerca de 55% de toda a produção é perdida durante este processo. As perdas são causadas por fugas de água em tubulações e reservatórios antigos para onde a água é enviada antes de chegar ao consumidor.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Desafios e esforços para produzir água
O engenheiro António Pedro Pina, diretor de Planeamento e Controlo da Electra, diz que os maiores desafios da empresa são "garantir a continuidade na produção, estabilidade na distribuição e combater as perdas que, neste momento, estão em cifras proibitivas". Pina defende, no entanto, que "tem sido feito um esforço enorme para garantir a continuidade da distribuição da água" em Cabo Verde.
Foto: DW/C.V. Teixeira
Recurso natural abundante
Terminado o processo de dessalinização, a água com alta concentração de sal, denominada salmoura, é devolvida ao mar. Composto por 10 ilhas, o arquipélago cabo-verdiano encontra-se cercado por uma fonte inesgotável para a produção de água potável. Os cabo-verdianos têm assim o recurso natural abundante para garantir à população o abastecimento de água dessalinizada e limpa, constantemente.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Preço da água ainda é alto
A água dessalinizada pela Electra em Santiago abastece os moradores da Cidade da Praia. Na foto, moradores do bairro Castelão, na capital cabo-verdiana, compram água no chafariz público - um dos poucos que ainda restam no país. Cada bidão de cerca de 30 litros de água custa 20 escudos cabo-verdianos (cerca de 0,20 euros). O valor é considerado alto por muitos cabo-verdianos.