"Grupo pretendia semear medo e terror", diz a polícia
Lusa | ar
6 de outubro de 2017
Membros detidos do grupo armado que entrou em confronto com a polícia em Mocímboa da Praia, na província moçambicana de Cabo Delgado, disseram às autoridades que a ação visava espalhar terror.
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"O grupo pretendia semear medo e terror junto da população e instalar a desordem pública" disse hoje o porta-voz do Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Inácio Dina, em conferência de imprensa, com base nas respostas a interrogatórios policiais.
Aquele responsável admite que a justificação seja superficial e referiu que a PRM continua em busca da "razão profunda" da violência. O número de detidos não foi especificado.
"Das diligências e dos interrogatórios que foram acontecendo há a indicação de que se se tratam de moçambicanos", declarou, em conferência de imprensa, o porta-voz do Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Inácio Dina.
O porta-voz do Comando-Geral da PRM adiantou que, das informações até ao momento recolhidas, não é possível estabelecer qualquer ligação entre os atacantes e grupos terroristas ou de crime organizado.O porta-voz referiu que as autoridades estão a investigar as motivações, a existência de uma eventual liderança e de treino militar.
"Quem maneja armas de fogo e efetua disparos deve ter tido contacto com essa arma. O nível de treino é um aspeto que está a ser aferido", acrescentou Inácio Dina.
Atacantes mortos em confrontos com a polícia subiu para 14
O número de atacantes mortos nos confrontos com a polícia, no distrito de Mocímboa da Praia, norte de Moçambique, subiu de dez para 14, informou na tarde desta sexta-feira (06.10.) fonte policial.
"Contam-se neste momento 14 bandidos armados mortos e vários feridos" entre os atacantes, disse em conferência de imprensa o porta-voz do Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Inácio Dina.
Segundo referiu, na sequência do ataque a postos policiais protagonizado por um grupo de 30 homens armados, de origem desconhecida, dois polícias morreram e quatro ficaram feridos com catanas usadas pelos atacantes. Não há registo de vítimas civis, acrescentou Dina.Inácio Dina disse que o último momento de tensão viveu-se na manhã de hoje quando houve uma tentativa de ataque armado a um ponto do distrito, não especificado, e que foi repelido pela polícia.
A PRM persegue o resto dos membros do grupo, "olhando para os pontos onde há indicação de estarem refugiados", acrescentou.
De acordo com o porta-voz da PRM, a polícia está a seguir vestígios de sangue para localizar atacantes feridos, que não se querem apresentar às unidades sanitárias por temerem a detenção.
As autoridades policiais apreenderam duas armas do tipo AK-47 e detiveram também vários membros do grupo de atacantes.
O porta-voz do Comando-Geral da PRM referiu que "neste momento, a PRM tem o controlo do distrito de Mocímboa da Praia e este aspeto está a permitir que as pessoas que haviam abandonado as suas residências notassem a presença policial e regressassem", concluiu Inácio Dina.
Lago Niassa - um lago ainda por explorar
Partilhado pelo Malawi, Moçambique e pela Tanzânia, o Lago Niassa é o nono maior do mundo e o terceiro maior de África. O Lago Niassa tem uma biodiversidade rica que ascende a 700 mil espécies diferentes.
Foto: DW/Johannes Beck
O terceiro maior de África
O Lago Niassa é um imenso azul partilhado pelo Malawi, por Moçambique e pela Tanzânia. É o nono maior do mundo e o terceiro maior do continente africano, a seguir aos Lagos Victória e Tanganika. Localizado no Vale do Rift, o lago tem 560 quilómetros de comprimento, 80 quilómetros de largura e 700 metros de profundidade. Em língua chinhanja, falada na orla moçambicana, "niassa" significa lago.
Foto: DW/Johannes Beck
Ecossistema único
Nas águas azuis, transparentes e limpas do lago vivem cerca de mil espécies ciclídeos (família de peixes de água doce), das quais apenas 5% existem noutros lugares do Planeta. As praias e toda a região do Lago Niassa têm uma biodiversidade rica que ascende a 700 mil espécies diferentes, a nível de fauna e flora, pelo que tem elevado valor para a investigação científica.
Foto: DW/G. Sousa
Verde e azul
A província do Niassa pinta-se do verde, dos imensos planaltos, e do azul, do lago e do céu. Na viagem até ao Lago, percorrem-se dezenas de quilómetros de floresta virgem, com comunidades muito dispersas. Localizada no noroeste de Moçambique, a província do Niassa é a mais extensa e a menos habitada do país, com uma densidade populacional de cerca de oito habitantes por quilómetro quadrado.
Foto: DW/G.Sousa
Riquezas do lago
As águas límpidas do Lago Niassa convidam aos banhos e a passeios de barco. As suas profundezas escondem um bem valioso, hidrocarbonetos. A corrida ao "tesouro" levou o Malawi, em 2012, a iniciar trabalhos de prospeção de petróleo e gás natural sem o consentimento dos seus vizinhos, Moçambique e Tanzânia. As relações entre o Malawi e a Tanzânia esfriaram.
Foto: DW/G. Sousa
A quem pertencem as águas?
Carregando água, estas meninas levam o Niassa para casa, que ajudará nas lides domésticas. Mas a quem pertencem as águas do Niassa? O Malawi exige o domínio do lago, a que chama Lago Malawi, à exceção da parte que banha Moçambique, no âmbito do Tratado Anglo-Germânico de 1890. A Tanzânia rejeita, diz que o acordo tem lacunas. Os dois países disputam há mais de 50 anos a soberania do Lago Niassa.
Foto: DW/G. Sousa
Loiças, roupas, banhos
O lago faz parte do quotidiano das comunidades da região. É lá onde, todos os dias, as mulheres lavam a loiça e as roupas de toda a família. Tal como elas, crianças e homens tomam ainda banho nas águas mornas do Niassa. Na altura do banho, elas agrupam-se de um lado e os homens afastam-se para outro.
Foto: DW/Johannes Beck
A pesca
Em Meluluca, assim como em quase toda a costa do lago, quase todos os homens se dedicam à pesca. Contudo, muitas vezes, os pescadores utilizam redes mosquiteiras, prática nefasta que arrasta grandes quantidades de peixe, de vários tamanhos, alerta a organização de defesa do meio-ambiente WWF (Fundo Mundial para a Natureza).
Foto: DW/G. Sousa
Ussipa em Lichinga
Parecido com a sardinha, o ussipa é o peixe mais capturado nas águas do Niassa. É vendido em vários mercados, como neste em Lichinga, a capital provincial. O preço varia, normalmente um balde, com capacidade de 10 litros, carregado de ussipa custa 80 meticais (equivalente a dois euros). Mas se o ussipa escasseia, o preço sobe para cerca de 100 a 150 meticais (entre 2,50 e 3,80 euros).
Foto: DW/J.Beck
Embarcações em terra
Durante o dia, e em tempo de férias escolares, as crianças divertem-se no lago junto das embarcações enquanto os pescadores descansam. Voltarão à faina quando no céu se contarem as estrelas. Recorrem, frequentemente, à pesca noturna com atração luminosa para a captura do ussipa.
Foto: DW/Johannes Beck
Reserva de Moçambique
Utilizado diariamente pelas comunidades, o lago está sob o olhar atento das autoridades. A proteção do lago é uma preocupação do governo de Moçambique, que o declarou reserva em 2011. No mesmo ano, o Lago Niassa e zona costeira passaram a integrar a lista de zonas húmidas protegidas pela Convenção de Ramsar, a Convenção sobre Zonas Húmidas de Importância Internacional.
Foto: DW/Johannes Beck
Estradas de terra
As vias na costa do Lago Niassa são de terra batida. Existe apenas uma estrada em boas condições, alcatroada, que liga a capital provincial, Lichinga, a Metangula, sede do distrito do Lago. As fracas acessibilidades dificultam o investimento na região, em particular no sector do turismo.
Foto: DW/G. Sousa
Costa selvagem
A costa moçambicana do lago é considerada semi-selvagem, sendo frequente encontrar-se animais como macacos. Dois investimentos internacionais de turismo beneficiam da natureza em estado virgem e apostam em turismo de conservação: um localiza-se próximo do posto administrativo de Cobué, no extremo norte da província; e o outro mais a sul, a cerca de 15 quilómetros de Metangula.
Foto: DW/G. Sousa
Uma região a descobrir
A beleza natural do Lago Niassa confere à região um imenso potencial de turismo ainda por explorar. Os moçambicanos defendem que têm as praias mais bonitas de todo o lago, lamentando que, no entanto, as do vizinho Malawi sejam muito mais conhecidas e frequentadas. Na costa moçambicana, existem ainda poucas unidades hoteleiras e infraestruturas de apoio, além dos acessos difíceis.