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Grupo que atacou porto de Mocímboa da Praia ainda lá está

Lusa
27 de agosto de 2020

Fonte do Exército diz que insurgentes ainda continuam em Mocímboa da Praia desde que o porto da vila foi ocupado, há duas semanas, avança a agência Lusa. Forças moçambicanas "tiveram de recuar".

Foto: DW/A. Chissale

O grupo de atacantes que invadiu a 12 de agosto o porto de Mocímboa da Praia, norte moçambicano, continua na sede da vila, que está atualmente isolada, disseram esta quinta-feira (27.08) à agência de notícias Lusa fontes das Forças Armadas de Moçambique.

"Eles continuam em Mocímboa da Praia desde o assalto ao porto. Muitas forças nossas tiveram de recuar. Por exemplo, a minha unidade, uma das que estavam em Mocímboa, recuou até Mueda [a pouco mais 100 quilómetros de Mocímboa da Praia]", declarou à Lusa uma fonte do Exército que está no teatro de operações em Cabo Delgado, através de um contacto telefónico.

A invasão ao Porto de Mocímboa da Praia ocorreu na madrugada do dia 12 e os confrontos deixaram um número desconhecido de mortos, incluindo elementos da Força Marítima, segundo a fonte.

"Nós tivemos muitas baixas. Tenho notado que há esforços para que cheguem mais reforços, mas a situação está muito séria e complicada porque não dá para contar com o porto de Mocímboa da Praia", declarou.

"Eles vão voltar a atacar"

O ataque ao porto seguiu-se a vários outros que os insurgentes realizaram, entre 05 e 12 de agosto, às aldeias de Anga, Buji, Ausse e à vila sede e, segundo dados do Ministério da Defesa avançados no dia 11 de agosto, pelo menos 59 "terroristas" morreram em operações de resposta das forças governamentais.

Várias infraestruturas foram vandalizadas e, neste momento, as linhas de comunicação também estão interrompidas em Mocímboa da Praia.

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Outra fonte do Exército moçambicano em Maputo disse à Lusa que "está claro que, a partir de Mocímboa da Praia, eles vão voltar a atacar".

"A estratégia deles é atacar e recuar para se abastecer. Eles também tiveram várias baixas nestes últimos ataques. Mas sabemos que eles vão voltar a atacar", disse a fonte, que está ligada ao departamento central que regista ocorrências no Exército moçambicano. 

Na última semana, o bispo de Pemba, Luiz Fernando Lisboa, informou que a diocese de Pemba estava há dias a tentar, sem sucesso, contactar duas religiosas da congregação que estão em Mocímboa da Praia a prestar ajuda aos afetados pela violência armada.

"Continuamos sem saber sobre a situação delas e são agora três semanas. Estamos em contacto permanente com as Forças de Defesa e Segurança, mas ainda não temos qualquer informação sobre elas", disse à Lusa o padre Latífo Fonseca Mateus, da diocese de Pemba.

Mocímboa da Praia é uma das principais vilas da província de Cabo Delgado, situada 70 quilómetros a sul da área de construção do projeto de exploração de gás natural conduzido por várias petrolíferas internacionais e liderado pela Total.

A vila tinha sido invadida e ocupada durante um dia por rebeldes em 23 de março, numa ação depois reivindicada pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, e foi, em 27 e 28 de junho, palco de longos confrontos entre as forças governamentais e os grupos insurgentes.

A Lusa contactou também o Departamento de Comunicação do Ministério da Defesa, que remeteu um "pronunciamento oficial" para o Comando Conjunto das Forças de Defesa e Segurança "logo que for oportuno".

A violência armada já causou a morte de, pelo menos, 1.059 pessoas em quase três anos, além da destruição de várias infraestruturas em distritos de Cabo Delgado.

De acordo com as Nações Unidas, a violência armada levou à fuga de 250.000 pessoas de distritos afetados pela insegurança, mais a norte da província.

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