Ex-Presidente de Moçambique, Armando Guebuza, comenta o encontro entre o chefe de Estado, Filipe Nyusi, e o líder do maior partido da oposição, Afonso Dhlakama.
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O antigo Presidente moçambicano Armando Guebuza considerou esta quarta-feira (09.08) que o encontro de domingo entre o chefe de Estado Filipe Nyusi e o líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) foi um passo rumo a uma paz efetiva.
"Estão sendo dados passos em direção a uma paz efetiva no nosso país, queremos ver Moçambique em paz", declarou Armando Guebuza, aos jornalistas, após recensear o seu agregado familiar na sua residência em Maputo, no âmbito do IV Recenseamento Geral da População e Habitação.
Armando Guebuza acrescentou que o chefe de Estado e Afonso Dhlakama devem ser encorajados para que o país viva em tranquilidade.
"Encorajamos e esperamos que, no mais curto espaço de tempo, possamos viver cada vez mais tranquilos", afirmou Guebuza, que esteve na Presidência entre 2005 e 2015.
Filipe Nyusi e Afonso Dhlakama encontraram-se no domingo para dar impulso às negociações para restaurar a estabilidade política. Durante o encontro, os líderes "discutiram e acordaram sobre os próximos passos no processo de paz, que esperam que seja concluído até finais do ano", segundo um comunicado da Presidência moçambicana.
Apesar do Acordo Geral de Paz de 1992, Moçambique tem conhecido surtos de violência política e militar depois de a RENAMO ter recusado reconhecer a vitória da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) nas eleições.
Moçambique: centenas de pessoas marcham contra a situação política e económica
Centenas de moçambicanos marcharam no dia 18 de junho de 2016 em Maputo contra a situação política e económica do país. A manifestação foi convocada pela sociedade civil para exigir esclarecimentos ao Governo.
Foto: picture alliance/dpa/A. Silva
Pela Avenida Eduardo Mondlane rumo à Praça da Independência
"Pelo direito à esperança" foi o mote da manifestação que reuniu centenas de pessoas no centro de Maputo, no sábado dia 18 de junho de 2016. Os manifestantes exigem o fim do conflito político-militar entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o esclarecimento da dívida pública e mais liberdade de expressão.
Foto: picture alliance/dpa/A. Silva
"A intolerância política mata a democracia"
Em entrevista à DW África, Nzira de Deus, do Fórum Mulher, uma das organizações envolvidas, afirma que a liberdade dos moçambicanos tem sido muito limitada nos últimos meses. "É preciso deixar de intimidar as pessoas, deixarem as pessoas se expressarem de maneira diferente, porque eu acho que é isso que constrói o país. Não pode haver ameaças, não pode haver atentados", diz Nzira.
Foto: DW/L. Matias
De preto ou branco, manifestantes pedem paz
Com camisolas pretas e brancas e cartazes com mensagens de protesto, centenas de moçambicanos mostram o seu repúdio à guerra entre o Governo e a RENAMO, às dívidas ocultas e às valas comuns descobertas no centro do país. Num percurso de mais de dois quilómetros, entoaram cânticos pela liberdade e pela transparência.
Foto: DW/L. Matias
"Valas comuns são vergonha nacional"
Recentemente, foram descobertas valas comuns na zona central de Moçambique. Uma comissão parlamentar enviada ao local para averiguações nega a sua existência. Alguns dos corpos encontrados foram sepultados sem ter sido feita uma autópsia, o que dificulta o conhecimento das causas das suas mortes.
Foto: DW/L. Matias
"É necessário haver um diálogo político honesto e sincero"
Nzira de Deus considera que a crise política que Moçambique enfrenta prejudica a situação do país e defende que “haja um diálogo político honesto e sincero e que se digam quais são as questões que estão em causa". Para além da questão da dívida e da crise política, os manifestantes estão preocupados com as liberdades de expressão e imprensa.
Foto: DW/L. Matias
Ameaças não vão amedrontar o povo
No manifesto distribuído ao público e lido na estátua de Samora Machel, na Praça da Independência, as organizações da sociedade civil exigiram à Procuradoria-Geral da República uma auditoria forense à dívida pública. "Nós queremos que o ex-Presidente [Armando Guebuza] e o seu Governo respondam por estas dívidas", declarou Alice Mabota, acrescentando que as ameaças não vão "amedrontar o povo".
Foto: DW/L. Matias
Sociedade Civil presente
A manifestação foi convocada por onze organizações da sociedade civil moçambicana. Entre as ONGs que organizaram a marcha encontram-se a Liga dos Direitos Humanos (LDH), o Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), o Observatório do Meio Rural, o Fórum Mulher e a Rede HOPEM.