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Mobilização parcial é "ato de desespero" de Putin

Ariana Miranda | com agências
21 de setembro de 2022

Chanceler alemão, Olaf Scholz, diz que mobilização anunciada por Putin é sinal de que a guerra na Ucrânia não lhe corre de feição. Nas Nações Unidas, Presidente dos EUA, Joe Biden, mandou recado ao homólogo russo.

Presidente russo, Vladimir Putin
Foto: AdrienFillon/ZUMA Wire/IMAGO

O Presidente norte-americano, Joe Biden, diz que "não há vencedores numa guerra nuclear". Essa é uma guerra que "não deve ser travada", alertou Biden esta quarta-feira (21.09) durante o seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas.

Joe Biden disse que "as provas de atrocidades" em valas comuns na Ucrânia são de fazer o "sangue gelar".

A invasão russa "pretende acabar com o direito da Ucrânia a existir enquanto Estado, e o direito da Ucrânia existir enquanto povo", afirmou.

Joe Biden nas Nações Unidas: "Que não fiquem dúvidas, nós não hesitamos. Escolheremos sempre a liberdade e a soberania"Foto: Evan Vucci/AP/picture alliance

Biden acusou Vladimir Putin de fazer "ameaças irresponsáveis", depois do Presidente russo ter prometido usar "todos os meios disponíveis", incluindo armas nucleares, caso a integridade territorial da Rússia seja colocada em perigo.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse ao jornal alemão Bild que duvida que Putin recorra ao arsenal nuclear, por temer a resposta do resto do mundo.

Putin dá tiro no pé?

Esta quarta-feira de manhã, Vladimir Putin anunciou na televisão a "mobilização parcial" das tropas russas, convocando cerca de 300 mil reservistas e ampliando por tempo indeterminado os contratos de soldados que já estão no campo de batalha, na Ucrânia.

"Repito, estamos a falar de mobilização parcial. Ou seja, apenas cidadãos que estão atualmente na reserva serão submetidos a recrutamento e, em primeiro lugar, aqueles que serviram nas Forças Armadas, possuem determinadas especialidades militares e experiência relevante."

Para o chanceler alemão, Olaf Scholz, esta mobilização é um sinal de que a guerra na Ucrânia não está a correr de feição à Rússia.

Olaf Scholz: "É um ato de desespero"Foto: Michael Kappeler/dpa/picture alliance

"É um ato de desespero", disse Scholz. "A Rússia não consegue vencer esta guerra criminosa e as decisões recentes só pioram as coisas."

Em entrevista à DW, Domitilla Sagramoso, especialista em segurança do King's College de Londres, diz que a mobilização parcial "custará caro" a Putin.

"Acho que resultará num agravamento da guerra, porque a pressão do Ocidente aumentará, especialmente dos Estados Unidos, para enviar mais equipamento militar e mísseis de longo alcance para a Ucrânia."

Além disso, pode também aumentar a oposição a Putin no próprio país: "Não há muito apoio do público russo para combater nesta guerra", afirma Sagramoso.

Depois do anúncio de Putin, esta quarta-feira, mais de 200 pessoas terão sido presas na Rússia em protestos contra a mobilização parcial, de acordo com dados divulgados pela organização de defesa dos direitos civis OVD-Info.

Entretanto, a China apelou a um cessar-fogo. Wang Wenbin, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, esclareceu que a posição do país sobre a guerra na Ucrânia é "consistente e clara".

"Sempre defendemos que a soberania e a integridade territorial de todos os países devem ser respeitadas. A China pede às partes relevantes que resolvam adequadamente as diferenças por meio do diálogo", afirmou.

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