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Putin acusa União Europeia de desestabilização

nn | com agências
14 de abril de 2022

Presidente russo, Vladimir Putin, diz que a União Europeia está a desestabilizar o mercado de energia. Promete, por isso, redirecionar as exportações para o Sul e Leste. Número de refugiados ucranianos continua a subir.

Foto: Evgeny Biyatov/Kremlin/Sputnik/REUTERS

De acordo com o Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), 4,7 milhões pessoas deixaram a Ucrânia devido ao conflito no país, revelam dados contabilizados até esta quinta-feira (14.04). 

Este é o maior afluxo de refugiados desde a II Guerra Mundial, sendo que cerca de 90% dos que fugiram da Ucrânia são mulheres e crianças, já que as autoridades ucranianas não permitem a saída de homens em idade militar. 

De acordo com dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM) divulgados em 5 de abril, o número de deslocados internos ascende a 7,1 milhões, o que significa que o total de ucranianos que fugiram das suas casas, seja para outros países ou para outras regiões, já soma cerca de 12 milhões de pessoas.

Mãe e filha brincam junto a um complexo na cidade de Zaporíjia preparado para receber deslocados internosFoto: UESLEI MARCELINO/REUTERS

Corredores humanitários reabertos

A Ucrânia anunciou a retirada de civis através de nove corredores humanitários, inclusive da cidade de Mariupol, no sudeste do país, que foram reabertos. 

"Nove corredores humanitários estão planeados para hoje", escreveu a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, numa mensagem publicada na rede social Telegram.

Segundo a responsável , será criado um primeiro corredor entre Mariupol, cidade portuária devastada após mais de 45 dias de cerco, e Zaporíjia, mais ao norte; e de Berdyansk, Tokmak e Energodar em direção a Zaporíjia. 

Os outros corredores planeados vão de Severodonetsk, atacado nos últimos dias pelo exército russo, Lyssytchansk, Popasna, Guirské e Rubizhne em direção a Bakhmut, 140 quilómetros a oeste de Lugansk. 

Kiev continua insegura

O presidente da Câmara de Kiev, Vitali Klitschko, pediu esta quinta-feira aos habitantes que deixaram a cidade depois dos bombardeamentos russos que se mantenham afastados, já que a capital ucraniana está em alerta e não está totalmente segura. 

Segundo a agência France-Presse, a mensagem do autarca foi publicada na rede Telegram horas depois de a Rússia ter ameaçado bombardear os centros de comando da capital caso o Exército ucraniano ataque ou efetue alguma ação de sabotagem em território russo. 

"Amigos! Hoje ainda é cedo para fazer um regresso em massa às vossas casas em Kiev", alertou Klitschko, um ex-pugilista profissional. "Confiamos nas recomendações dos militares e eles garantem que a ameaça continua a ser muito grande", acrescentou.

Perito de equipa forense internacional investiga possíveis evidências de crimes de guerra junto a corpos retirados de vala comum em Busha, nos arredores de KievFoto: Carol Guzy/ZUMA PRESS/dpa/picture alliance

Também a autarquia de Mariupol voltou esta quinta-feira a dizer que cerca de 20.000 civis morreram nos ataques russos à cidade portuária, adiantando temer que o número de vítimas mortais possa chegar a 35.000 nos próximos dias. 

"Os corpos estão a ser enterrados em todos os lugares: nos quintais e nas ruas", afirmou o assessor do autarca da cidade, Petro Andryushchenko, a meios de comunicação locais. 

Rússia acusa Ucrânia de ataques em Klimovo

Entretanto, a Rússia acusou esta quinta-feira a Ucrânia de ter efetuado, pelo menos, seis ataques aéreos contra edifícios residenciais na localidade russa de Klimovo, na região fronteiriça de Briansk, em ações que fizeram sete feridos.

"As forças armadas ucranianas dispararam contra a aldeia de Klimovo. Dois prédios de apartamentos foram danificados pelo bombardeamento e há feridos entre os habitantes", disse o governador de Bryansk, Alexander Bogomaz, num comunicado publicado na rede social Telegram. 

A agência de notícias France-Presse (AFP) noticiou que não foi possível até ao momento confirmar a veracidade destas informações junto de fontes independentes. 

A Rússia tem acusado repetidamente as forças de Kiev de realizar ataques no seu território. Também esta quinta-feira, o Serviço Federal de Segurança russo (FSB), citado pela agência de notícias TASS, acusou a Ucrânia de atacar um posto de fronteira. 

Imagem aérea do navio "Moskva", um dos maiores e mais importantes barcos militares russosFoto: Maxar Technologies/AP/picture alliance

A Rússia anunciou que o incêndio e as explosões no cruzador de mísseis "Moskva" estão controlados, depois de a Ucrânia ter reivindicado o ataque contra o navio russo que lidera a Frota do Mar Negro. "Não há chamas visíveis. As explosões de munições pararam", disse o Ministério da Defesa russo, citado pela agência espanhola EFE. 

O chefe da administração militar regional de Odessa, Maksym Marchenko, disse, na quarta-feira (13.04) à noite, que as forças ucranianas atingiram o navio de guerra russo com mísseis "Neptuno", causando "danos graves". 

Putin acusa UE de desestabilização

Também esta quinta-feira, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusou a União Europeia (UE) de desestabilizar o mercado da energia e provocar aumentos de preços com o debate sobre um embargo ao petróleo e gás russo como parte das sanções internacionais contra o país. 

"Os parceiros de países pouco amigáveis admitem que não podem ficar sem recursos energéticos, incluindo o gás natural. [Os países europeus] não têm como substituir o gás russo", afirmou Putin numa reunião sobre hidrocarbonetos com membros do Governo, incluindo o vice-primeiro-ministro, Alexander Novak. 

O Presidente russo anunciou, na reunião, a decisão de redirecionar as exportações russas de energia da Europa para a Ásia, acusando os europeus de "desestabilizar o mercado" ao quererem dispensar os hidrocarbonetos russos. 

"Vamos assumir que, no futuro, as entregas ao Ocidente diminuirão" e por isso é necessário "redirecionar as nossas exportações para os mercados do Sul e do Leste que estão a crescer rapidamente", acrescentou.

Chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, é esperado em breve em KievFoto: BEN STANSALL/POOL/AFP/Getty Images

A UE tem hesitado na proibição da importação de petróleo e gás russos, sendo a Alemanha frequentemente identificada como o principal obstáculo devido à elevada dependência da potência europeia face aos combustíveis fósseis da Rússia. 

Recentemente o chanceler alemão, Olaf Scholz, considerou "inviável" acelerar um embargo ao gás russo, porque a Alemanha, que compra mais de metade do seu gás e uma parte do carvão e do petróleo à Rússia, precisa de construir infraestruturas para conseguir fazer o abastecimento através de outras fontes. 

A Rússia lançou uma ofensiva militar na Ucrânia que dura desde 24 de fevereiro, à qual a comunidade internacional reagiu com sanções económicas e políticas contra Moscovo, e com o fornecimento de armas a Kiev. 

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