Guiné-Bissau: "Alcançámos resultados notórios", diz Sissoco
31 de dezembro de 2022O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, voltou a referir-se à tentativa de golpe de Estado, em fevereiro, como "um dos momentos mais difíceis que o país viveu. Na sua mensagem à nação, por ocasião do Ano Novo, divulgada este sábado (31.12), pela Presidência da República, o chefe de Estado guineense centrou o seu discurso nos acontecimentos que marcaram o ano 2022, destacando "sucesso" da diplomacia do país e as "boas ações" internas.
Num curto discurso, Umaro Sissoco Embaló lembrou as dificuldades impostas ao país e ao mundo, pela recuperação da pandemia da Covid-19, como também pela guerra na Ucrânia, mas destacou o evoluir do país perante todos esses cenários.
"Neste contexto difícil, alcançamos resultados notórios em várias frentes, graças aos nossos próprios esforços internos, a cooperação e a sociedade dos parceiros e amigos. No plano externo, a Guiné-Bissau conseguiu uma maior visibilidade e credibilidade, atingindo níveis inéditos. Pela primeira vez, desde 1975, o Presidente da República da Guiné-Bissau, preside a Conferência dos Chefes de Estados e de Governos da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO)", enalteceu.
"Um salto qualitativo na luta contra a corrupção"
Segundo Umaro Sissoco Embaló, com os esforços empreendidos no ano que agora termina, a Guiné-Bissau reposicionou-se "com sucesso" no concerto das nações, fazendo-se ouvir nas conferências e em eventos internacionais "relevantes".
"No plano interno, registou-se um salto qualitativo na luta contra a corrupção e vamos continuar a prestar uma redobrada atenção às questões sociais, nomeadamente à educação, à saúde e, em geral, às infraestruturas públicas, para o melhor bem-estar das nossas populações", lembrou.
Mas segundo Sissoco Embaló, esses esforços e feitos positivos foram ameaçados com a tentativa de golpe de Estado de passado mês de fevereiro: "Os acontecimentos de 01 de fevereiro marcaram um dos momentos mais difíceis deste ano. E foram uma clara tentativa de reverter as mudanças positivas que estão a acontecer no nosso país", frisou.
Umaro Sissoco Embaló referiu-se ainda às eleições legislativas que se vão realizar em 04 de junho de 2023, dirigindo-se aos cidadãos: "Apelo a todos os cidadãos em idade de votar para se recensearem, de modo a cumprirem o seu dever cívico e participar nas próximas eleições legislativas. Façamos tudo para demonstrar a nossa maturidade política e dignificar a nossa democracia e a Guiné-Bissau", apelou.
Sissoco não conseguiu melhorar vida dos guineenses
Ouvido pela DW África sobre este discurso do Presidente guineense, o professor universitário Miguel Gama não tem dúvidas de que "os ganhos de que o PR fala não tiveram nenhum impacto na vida dos cidadãos, pois o seu Governo não conseguiu resolver as questões mais prementes para os cidadãos".
"O Governo não conseguiu travar a subida galopante dos produtos da primeira necessidade, agravando assim a situação de miséria dos funcionários públicos. O Governo não conseguiu resolver os problemas crónicos da educação e da saúde", criticou.
"Temos assistido a uma certa ausência de políticas públicas que respondem às necessidades da população, tanto nas áreas sociais como em outras áreas de interesse nacional. O próprio discurso do PR quase nada trouxe sobre a educação e a saúde", disse Miguel Gama.
O académico defendeu que o discurso de Umaro Sissoco Embaló devia centrar-se em outros aspetos, nomeadamente sobre o tráfico de droga: "Esperava-se ouvir do PR algumas palavras que mostrassem um compromisso sério, do Governo de iniciativa presidencial, no combate à corrupção e ao tráfico de droga. Em termos de perspetivas, o discurso do PR foi vago. Não trouxe nenhuma proposta para fazer face aos vários desafios que o nosso país enfrenta", acrescentou.
Para o professor universitário, foi mau o chefe de Estado não se referir, no seu discurso, a vários casos de raptos e espancamentos que marcaram o país no ano 2022, situação que o Miguel Gama considera ainda preocupante para todos os cidadãos.