Guiné-Bissau: PM promete demitir-se se DSP perder eleições
Lusa
15 de dezembro de 2019
O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Aristides Gomes, promete demitir-se "imediatamente" do cargo se candidato Domingos Simões Pereira não vencer a segunda volta das eleições presidenciais, marcada para dia 29.
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"Eu apresentarei imediatamente a minha demissão depois de os resultados serem proclamados caso o meu candidato não saia vencedor. Não há lugar para dúvidas", afirmou Aristides Gomes, este sábado (14.12).
O primeiro-ministro guineense falava aos jornalistas no aeroporto internacional de Bissau, depois de ter participado na Turquia na conferência da Organização da Cooperação Islâmica.
A segunda volta das presidenciais do país vai ser disputada entre Domingos Simões Pereira, candidato do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), e Umaro Sissoco Embaló, do Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15).
O PAIGC venceu as legislativas de 10 de março sem maioria, mas fez um acordo de incidência parlamentar com vários partidos, o que lhe permitiu obter a maior no parlamento e formar Governo.
Presidenciais não resolvem problemas do país - PM
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Aristides Gomes foi nomeado primeiro-ministro, depois de o Presidente cessante ter recusado por duas vezes para o cargo o nome de Domingos Simões Pereira.
No final de outubro, o primeiro-ministro guineense denunciou uma tentativa de golpe de estado e o alegado envolvimento de Umaro Sissoco Embaló, que recusou as acusações.
Eleição "decisiva"
Sobre as eleições de dia 29, cuja campanha eleitoral está a decorrer, Aristides Gomes disse que são uma "batalha decisiva da Guiné-Bissau para a sua estabilização e para o seu arranque para o desenvolvimento".
"Nós temos de eleger um Presidente que tenha um domínio da fase da mundialização em que nos encontramos hoje em dia. Há uma dinâmica internacional no plano económico, no plano social e no plano político extremamente grande e nós temos de ter um Presidente que de facto possa descodificar essa dinâmica e acompanhar o Governo da Guiné-Bissau no processo da inserção na economia internacional e na abordagem dos problemas de desenvolvimento", defendeu o primeiro-ministro.
O chefe do Governo guineense disse também que apoia o candidato Domingos Simões Pereira por haver uma "ligação profunda" entre o que tem sido a sua prática política e as "ideias que o candidato está a defender".
"É uma convicção profunda, segundo a qual nós temos de eleger um Presidente que possa fazer o acompanhamento da Guiné-Bissau no processo de inserção na cena internacional nesta fase da mundialização que é extremamente importante", afirmou.
Presidenciais: Futuro da Guiné-Bissau adiado para segunda volta
Domingos Simões Pereira e Umaro Sissoco Embaló disputam segunda volta das presidenciais na Guiné-Bissau, a 29 de dezembro. Balanço da primeira volta das eleições feito pela CPLP, CEDEAO e União Africana é positivo.
Foto: DW/B. Darame
Domingos Simões Pereira vs Umaro Sissoco Embaló
Domingos Simões Pereira foi o vencedor das presidenciais na Guiné-Bissau, no entanto, não alcançou a maioria necessária para assumir o poder. O candidato apoiado pelo PAIGC conseguiu 222.870 votos, o que representa 40,13% do eleitorado. Seguiu-se Umaro Sissoco Embaló, do MADEM-G15, com 153.530 votos, ou seja, 27,65%.
Foto: DW/B. Darame
Medalha de bronze para Nabiam
Em terceiro lugar ficou Nuno Nabiam, com 13,16% dos votos. Seguiu-se José Mário Vaz, com 12,41%, Carlos Gomes Júnior, com 2,66%, e Baciro Djá, com 1,28% do eleitorado. Vicente Fernandes conseguiu 0,77% dos votos, Mamadu Iaia Djaló 0,51%, Idriça Djaló 0,46% e Mutaro Intai Djabi 0,43% dos votos. Os candidatos que obtiveram os piores resultados foram Gabriel Fernando Indi e António Afonso Té.
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PAIGC pede apoio de APU e FREPASNA
Segue-se agora a segunda volta, marcada para 29 de dezembro. Domingos Simões Pereira, do PAIGC, já pediu o apoio aos partidos APU-PDGB e FREPASNA. DSP disse aceitar e respeitar os resultados eleitorais divulgados e deixou um recado a Sissoco Embaló: que na campanha para a segunda volta, não serão tolerados discursos de divisão dos guineenses: "serão atacados judicial e politicamente", disse.
Foto: DW/B. Darame
MADEM-G15 conta com apoiantes de Jomav
Por sua vez, Umaro Sissoco Embaló disse confiar na vitória na segunda e voltou a fazer acusações ao adversário Domingos Simões Pereira. "A Guiné-Bissau era um país laico e de concórdia nacional, Domingos Simões Pereira semeou o ódio e a divisão entre os guineenses". Embaló já havia anunciado, antes da primeira volta, que existia um acordo entre vários partidos contra DSP, em caso de segunda volta.
Foto: Privat
Grande derrotado
O antigo chefe de Estado da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, é já considerado o grande derrotado das presidenciais. Jomav, que concorreu como independente às eleições de 24 de novembro, ficou em quarto lugar na votação, atrás de Domingos Simões Pereira, Umaro Sissoco Embaló e Nuno Nabiam. O ex-Presidente conseguiu apenas 12,41% dos votos.
Foto: DW/B. Darame
Votação ordeira
A votação de 24 de novembro foi acompanhada por 23 observadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), 54 da União Africana, 60 da CEDEAO e 47 dos Estados Unidos da América. Todos elogiaram a "calma" e "serenidade" do processo.
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Votação "transparente"
Também a CNE deu nota positiva ao processo, dando conta de que não foram registados incidentes que possam comprometer a votação. Nestas eleições, nenhum dos 12 candidatos apresentou contestações ao processo de votação. Já na véspera das eleições presidenciais, Felisberta Moura Vaz, porta-voz da CNE, havia garantido à DW que o sistema eleitoral no país "é tão transparente que não permite fraude".
Foto: DW/B. Darame
Monitorização da sociedade civil
As eleições presidenciais, assim como aconteceu nas legislativas, voltaram a contar com o trabalho da Célula de Monitorização Eleitoral da Sociedade Civil. Após a votação, a plataforma deu nota positiva ao dia eleitoral, salientando que tudo "decorreu conforme o previsto". A rede contou com 422 observadores em todas as regiões da Guiné-Bissau.
Foto: DW/B. Darame
Doze candidatos
Durante a campanha eleitoral, foram muitas as críticas feitas aos considerados fracos discursos e programas de governação apresentados. Em entrevista à DW, a Rede Nacional das Associações Juvenis considerou que alguns candidatos deixavam muito a desejar e que outros "confundem os poderes do Presidente da República com os do Executivo nas promessas eleitorais que fazem nos comícios".
Foto: DW/B. Darame
Jomav demite governo
A campanha para as presidenciais ficou marcada pela nomeação, por parte de José Mário Vaz, de um novo Governo liderado por Faustino Imbali, que foi recusado pela comunidade internacional, e que acabou por se demitir pouco tempo depois. O próprio Jomav disse-se desautorizado pelas forças de segurança, que não facilitaram a efetivação do decreto presidencial que ditou esta nomeação.