Guiné-Bissau: Segurança de Sissoco acusado de agressões
Iancuba Dansó (Bissau)
9 de outubro de 2020
Dois ativistas raptados e espancados na segunda-feira (05.10) imputam as agressões a um dos seguranças do Presidente da República da Guiné-Bissau. Os atos de violência terão ocorrido no interior do Palácio Presidencial.
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Os ativistas políticos Carlos Sambú e Queba Sané denunciaram esta sexta-feira (09.05), em conferência de imprensa, que foram levados para o Palácio da Presidência da República por um dos seguranças do Presidente Umaro Sissoco Emabló, onde foram "selvaticamente espancados".
"Levaram-nos para o Palácio da República, ou melhor, o Tcherno (Bari - um dos seguranças do presidente da república] levou-nos. À espera, estavam um grupo de cinco a oito pessoas, supostamente do batalhão da Presidência", começou por contar Carlos Sambú, uma das vítimas. "Tinham fios [nas mãos] e mandaram-nos deitar no chão. Foram mais de 30 minutos de chicotadas. Eu levei 56 chicotadas, mas não chorei e achavam que eu tinha morrido", relata.
O presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), Augusto Mário da Silva, considera grave a denúncia dos ativistas. "Nunca (...) a Presidência da República, o Palácio da República, foi utilizado para, efetivamente, torturar as pessoas. Esta é a primeira vez que eu estou a ser confrontado com uma denúncia de tamanha gravidade", diz.
Escalada de violência contra a oposição
O rapto dos dois ativistas políticos vem aumentar o debate sobre a segurança dos cidadãos guineenses, depois de, no passado mês de maio, o deputado Marciano Indi ter sido sequestrado e espancado por desconhecidos. A este caso seguiram-se outros semelhantes que envolveram dirigentes políticos e ativistas.
Fodé Caramba Sanhá, presidente do Movimento Nacional da Sociedade Civil para Paz Democracia e Desenvolvimento (MNSC), pede que se faça justiça e se respeitem os direitos humanos.
"(As autoridades) podem, efetivamente, fazer investigações e inquéritos competentes, para de facto, apurar e identificarem quem são os mentores e praticantes destes casos e levá-los à barra da justiça", considera. "Estamos com essa esperança e encorajamos esses cidadãos para, de facto, fazer valer os seus direitos", conclui.
Guiné-Bissau: um pequeno país de futebolistas gigantes
Os números falam por si. Em 2017, Bruma ruma para o Leipzig por 12,5 milhões de euros. E o talento guineense não se esgota aqui.
Foto: picture-alliance/Anadolu Agency/O. Coban
Bruma
Bruma começou cedo. Deixou Bissau aos 12 anos para ir atrás do seu sonho em Portugal. Integrou a academia do Benfica e depois a do Sporting. Em 2013, o extremo alcançou a equipa principal dos verdes e brancos. Passou depois pelo Galatasaray e pelo Real Sociedad até chegar à Bundesliga, onde veste atualmente a camisola do RB Leipzig, que pagou cerca de 12,5 milhões pela sua transferência.
Foto: picture-alliance/Anadolu Agency/O. Coban
Úmaro Embaló
Parecia ser a mais cara transferência de sempre de um jovem de Portugal para o estrangeiro. O nome de Úmaro Embaló, guineense de 16 anos, fez correr muita tinta nos jornais desportivos desde o início do ano de 2018, pois iria trocar a camisola do Sport Lisboa e Benfica pela do RB Leipzig, na Alemanha, por 20 milhões de euros. O negócio caiu no último dia do mercado de transferências europeu.
Foto: Imago/Newspix/K. Cichomski
Éder
Nascido em Bissau, em 1987, Ederzito, mais conhecido como Éder, passou de “patinho feio” a “ídolo” das Quinas depois de, no Euro 2016, ter marcado o golo decisivo que valeu a taça a Portugal. O avançado, que está atualmente emprestado pelo Lille (França) ao Lokomotiv Moscovo, começou a sua carreira nas camadas jovens da Associação Académica de Coimbra. Estreou-se pela Seleção Portuguesa em 2012.
Foto: Getty Images/AFP/F. Fife
Danilo Pereira
Foi também em Portugal que Danilo Pereira encontrou futuro. Da formação do Benfica, o jovem nascido em 1991 rumou para Itália para vestir a camisola do Parma, em 2010. Após algumas épocas emprestado, o médio assinou contrato com o Club Sport Marítimo. Em 2014, Danilo é considerado uma das revelações da I Liga e o FC Porto não o deixou escapar. A sua cláusula de rescisão é de 40 milhões de euros.
Foto: Getty Images/D. Mullan
Carlos Mané
É também na Alemanha, no Estugarda, que joga atualmente o luso-guineense Carlos Mané. Nascido em 1994, também este guineense cresceu nas escolas do Sporting, tendo integrado a academia dos verdes e brancos com apenas sete anos. O caminho até à equipa principal foi demorado mas, finalmente em 2014, o extremo estreou-se em Alvalade.
Foto: picture-alliance/Sport Moments/Schweizer
José Gomes
É considerado uma das promessas do futebol português. Nascido em Bissau em 1999, o avançado rumou para Portugal tendo sido recebido na equipa da Luz. Em 2016 fez o seu primeiro jogo pela equipa principal dos encarnados, tornando-se o terceiro jogador mais jovem a jogar pelas águias, com apenas 17 anos. Em 2015, José Gomes foi o melhor marcador e considerado o melhor jogador do Europeu Sub-17.
Foto: Imago/GlobalImagens
Pelé
Aos 25 anos, Pelé, de ascendência guineense, veste a camisola do Rio Ave. O médio defensivo iniciou-se no Belenenses, tendo depois passado pelo Olhanense, Arsenal Kiev (Ucrânia) e pelos sub-20 do AC Milan (Itália). Em 2015 chega ao Benfica. Uma lesão grave impediu-o de ir para o inglês Wolverhampton, um negócio de dois milhões de euros.
Foto: Imago/GlobalImagens
Yannick Djaló
Terminamos com Yannick Djaló. Natural de Bissau, Djaló, que é também um produto da academia do Sporting, estreou-se na primeira divisão em 2006. Seis anos depois assinou contrato pelo Benfica tendo sido, em 2014, emprestado ao San José Earthquakes. Seguiram-se o Mordovia Saransk e o Ratchauri Mitr Phol. Djaló regressou a Portugal e veste agora, com 32 anos, a camisola do Vitória FC.