Guiné-Bissau: Célula de Monitoramento Eleitoral já trabalha
Lusa | cvt
23 de novembro de 2019
Organizações da sociedade civil guineense iniciaram, este sábado (23.11), os trabalhos para a monitorização das presidenciais de domingo (24.11). LGDH considerou campanha eleitoral "cívica e ordeira".
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Organizações da sociedade civil guineense lançaram uma plataforma para monitorizar as eleições presidenciais de domingo através da recolha de informações, estando previstas ainda ações de sensibilização junto dos eleitores.
Em comunicado, as organizações referem que a Célula de Monitoramento Eleitoral está instalada uma Sala de Situação num hotel da capital guineense, onde vão estar equipas de trabalho, entre este sábado (23.11) e segunda-feira (25.11), que vão partilhar diariamente "informações referentes ao processo eleitoral".
"Estas informações são recolhidas por 422 monitores distribuídos por todo o território nacional. São analisadas pelos peritos da sociedade civil mobilizados para o efeito e assim partilhadas com a comunicação social, atores que acompanham as eleições presidenciais na Guiné-Bissau e com o público em geral", acrescenta-se na nota.
As organizações esperam contribuir para "eleições seguras, transparentes e inclusivas".
A Célula de Monitoramento Eleitoral é integrada pela Plataforma Política das Mulheres, Rede da Paz e Segurança para as Mulheres no Espaço dos Estados CEDEAO, Rede Oeste Africana para Construção da Paz, Federação de Associações para Defesa e Promoção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, com parceria da Humanité & Inclusion, e o Grupo de Organizações da Sociedade Civil para as Eleições.
A iniciativa é apoiada pela União Europeia, pela Missão Integrada das Nações Unidas para a Consolidação da Paz e Segurança na Guiné-Bissau (UNIOGBIS) e pela ONU Mulheres através do Fundo de Consolidação da Paz.
As mesmas organizações monitorizaram também as eleições legislativas de 10 de março.
Guiné-Bissau: que futuro para os guineenses?
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Campanha "cívica e ordeira"
Entretanto, a Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) felicitou, na sexta-feira (22.11), os guineenses pela maturidade política e cívica demonstrada durante os 21 dias da campanha eleitoral para as presidenciais de domingo (24.11) na Guiné-Bissau.
"O povo guineense provou mais uma vez e de forma inequívoca a sua maturidade política e cívica e, sobretudo, o seu forte compromisso com os valores da tolerância, da liberdade e da democracia", refere a organização não-governamental guineense numa publicação nas redes sociais.
A Liga refere também que durante a campanha eleitoral, que teve início em 2 de novembro e terminou na sexta-feira, não foi registado qualquer incidente que se tenha traduzido em violações dos direitos humanos.
"A Liga felicita todos os candidatos e respetivas máquinas de apoio pela forma cívica e ordeira com que realizaram as suas respetivas campanhas eleitorais", salienta.
Mais de 760.000 eleitores guineenses escolhem a 24 de novembro o próximo Presidente da Guiné-Bissau entre 12 candidatos.
Segurança assegurada
O comissário-geral da Polícia de Ordem Pública (POP) da Guiné-Bissau, Armando Nhaga, informou que 6.500 elementos das forças de segurança e defesa vão assegurar a segurança das presidenciais de domingo.
"O plano do Estado-Maior Conjunto contempla 6.500 elementos, entre os quais 750 militares do Estado-Maior da província norte, leste e centro", afirmou Armando Nhaga.
Segundo o comissário-geral da POP, os militares são uma força estacionária que "pode interferir, caso seja solicitado, para auxiliar as forças de ordem".
"Mas quem tem a legitimidade de assegurar as eleições é a Polícia de Ordem Pública e a Guarda Nacional que são as forças de segurança do Ministério do Interior", disse.
O Estado-Maior Conjunto, criado para garantir a segurança das eleições, inclui a POP, Guarda Nacional, Forças Armadas, Polícia Judiciária, Ecomib (a força de interposição da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), bombeiros, Interpol e representante da Missão Integrada da ONU para a Consolidação da Paz.
O comissário-geral da POP disse também que tudo está garantido para a votação de domingo se realizar em segurança.
O comissário Armando Nhaga salientou que durante a campanha eleitoral não foi registado nenhum incidente e que o balanço é positivo.
Doze candidatos concorrem à Presidência guineense, incluindo o chefe de Estado cessante, José Mário Vaz. O MADEM-G15 apoia Umaro Sissoco Embaló. Domingos Simões Pereira é o candidato do partido no poder, o Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC).
Para as eleições de domingo, estão na Guiné-Bissau, de acordo com as informações disponíveis, 23 observadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), 54 da União Africana, 60 da CEDEAO e 47 dos Estados Unidos da América.
Presidenciais na Guiné-Bissau: Quem são os 12 candidatos?
Um Presidente cessante, o vice-presidente do Parlamento, quatro ex-primeiros-ministros, um antigo chefe das Forças Armadas, um estudante de Direito e ex-governantes disputam a Presidência da República da Guiné-Bissau.
Foto: DW/B. Darame
12 candidatos à Presidência
Quem será o novo inquilino do Palácio da República da Guiné-Bissau? Doze candidatos concorrem à Presidência guineense, nas eleições de 24 de novembro. A votação é tida como crucial para o futuro do país, após quatro anos de instabilidade política. Apresentamos aqui os 12 candidatos à Presidência guineense pela ordem em que aparecerão no boletim de voto.
Foto: DW/B. Darame
Mutaro Itai Djabi, candidato independente
Mutaro Itai Djabi é um dos estreantes nesta corrida à Presidência da República da Guiné-Bissau e será o primeiro a aparecer nos boletins de voto. É um candidato independente, mas sobre o qual se sabe pouco. Não se conhecem comícios do candidato no país. A DW tentou contactar Djabi, sem sucesso.
Foto: DW/B. Darame
Domingos Simões Pereira, candidato pelo PAIGC
DSP tem 56 anos. Mestre em Engenharia Civil. De 2004 a 2005 foi ministro das Obras Públicas e Urbanismo. O antigo secretário-executivo da CPLP (2008-2012) foi eleito duas vezes presidente do PAIGC. DSP foi primeiro-ministro em 2014. Doutorou-se em Ciências Políticas e Relações Internacionais em 2016. Com o PAIGC ganhou duas legislativas, mas foi retirado do poder pelo Presidente cessante, Jomav.
Foto: DW/B. Darame
Vicente Fernandes, candidato pelo PCD
Formou-se em Direito pela Universidade Clássica em Lisboa. Com 60 anos, "Vifer" disputa a sua segunda corrida presidencial. Cumpre o segundo mandato como líder do PCD, de que é um dos fundadores. Foi secretário de Estado do Turismo, ministro do Comércio e Indústria e depois ministro do Comércio e Turismo. O também empresário no setor da água potável confia na sua experiência para mudar o país.
Foto: DW/B. Darame
Afonso Té, candidato pelo PRID
Conhecido oficial militar, Té, que já foi chefe das Forças Armadas, vai concorrer à sua segunda eleição presidencial como candidato pelo Partido Republicano da Independência e Desenvolvimento. Despiu a farda após a guerra civil de 1998/99, que afastou o Presidente Nino do poder, para se dedicar à política ativa. Para as presidenciais tem feito campanha porta a porta.
Foto: DW/B. Darame
Nuno Gomes Nabiam, candidato pelo APU-PDGB
Concorre com apoios do seu partido e do PRS. Nabiam, de 53 anos, formou-se em Aviação Civil, na antiga União Soviética e tem o mestrado em Gestão Empresarial nos EUA. Foi assessor do ministro dos Transportes e presidente do Conselho de Administração da Agência de Aviação Civil. O engenheiro perdeu a última eleição presidencial na segunda volta, quando foi apoiado pelo ex-Presidente Kumba Ialá.
Foto: picture alliance/dpa
Baciro Djá, candidato pela FREPASNA
Psicólogo, de 46 anos, deu nas vistas no Instituto da Defesa Nacional. Em 2012 concorreu às presidenciais. Atual líder do partido que fundou, a FREPASNA, já foi ministro da presidência do Conselho de Ministros, ministro da Cultura, Juventude e Desportos e ministro da Defesa Nacional. Também foi terceiro vice-presidente do PAIGC. Em 2016 foi nomeado primeiro-ministro por duas vezes.
Foto: DW/B. Darame
Carlos Gomes Júnior, candidato independente
"Cadogo" foi eleito deputado nas primeiras eleições multipartidárias e nas eleições até 2007. Empresário foi líder do PAIGC em 2001 e 2008. Presidente da equipa de futebol UDIB. Em 2007 foi primeiro-ministro. Em 2012, enquanto primeiro-ministro, lançou-se para a Presidência, mas deu-se o golpe de Estado antes da segunda volta. Único que deu ao PAIGC a maioria qualificada com 67 deputados eleitos.
Foto: DW/B. Darame
Gabriel Fernandes Indí, candidato do PUSD
Com 36 anos de idade, Indí concorre à sua primeira eleição. Fundador do Futebol Clube de Safim, clube de qual é líder há oito anos, o candidato do PUSD, sem assento parlamentar, está a tirar uma licenciatura em Direito na Universidade Clássica de Lisboa. Nunca foi funcionário público na Guiné-Bissau. Diz que, se for eleito, será Presidente de todos os guineenses, não de um partido ou de grupos.
Foto: Gabriel Fernando Indi
Idriça Djaló, candidato pelo PUN
Formou-se em Economia pela universidade X Nanterre, de Paris. Djaló, empresário de 57 anos, entrou na política após a guerra civil. Em 2002 funda o PUN, que em 2004 foi o quinto mais votado nas legislativas. Em 2005, disputou a sua primeira eleição presidencial. Foi promotor da iniciativa "Estados Gerais para a Guiné-Bissau", que visava apontar soluções para a estabilização do país.
Foto: DW/B. Darame
José Mário Vaz, candidato independente
O primeiro Presidente a concluir os cinco anos de mandato completa em dezembro 62 anos. Formou-se em Economia, em Lisboa. Empresário bem-sucedido, mentor do grupo JOMAV. Em 1993 foi presidente da Câmara de Comércio. Em 2004 foi Presidente da Câmara Municipal de Bissau e em 2012 tornou-se ministro das Finanças. Em cinco anos na Presidência nomeou 8 primeiros-ministos, a maioria deles contestados.
Foto: DW/Braima Darame
Umaro Sissoco Embaló, candidato pelo MADEM-G15
Major-general, na reserva, Sissoco disputa a Presidência pela primeira vez. Com 47 anos de idade, o terceiro vice-coordenador do MADEM foi primeiro-ministro em 2016, durante um ano e meio. Nas últimas legislativas foi eleito deputado da nação, na região de Gabú, leste do país. Diz ter sido conselheiro de vários chefes de Estado africanos e ter uma boa relação com os líderes mundiais.
Foto: Di Povo Use
Mamadu Iaia Djaló, candidato pelo PND
"Velha raposa" da política guineense, Iaia Djaló foi ministro dos Negócios Estrangeiros, ministro do Comércio e da Justiça. Durante a crise, demitiu-se do cargo de conselheiro do Presidente, José Mário Vaz, alegando incompatibilidade. É líder do PND. Com o partido disputou as presidenciais de 2005 e foi o sexto mais votado entre 13 candidatos.