PRS e 18 partidos sem assento no Parlamento, deputados de dois partidos com assento parlamentar e 15 parlamentares expulsos do PAIGC acusam a CEDEAO de ser parcial e tendenciosa na mediação da crise política guineense.
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A posição foi manifestada em conferência de imprensa em resposta ao comunicado final da missão de mediação da CEDEAO que esteve em Bissau na semana passada. Os descontentes acusa-a de ignorar por completo as recomendações da 52ª conferência dos chefes de Estado e de governos da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental.
Falando em nome do grupo, Fernando Vaz, ex-ministro de Turismo no Governo demitido, afirmou que "neste contexto o grupo opõe-se expressa e inequivocamente a esta mediação tendenciosa e parcial, que aliás já vem decorrendo dos posicionamentos anteriores da CEDEAO para a crise política na Guiné-Bissau, que sem qualquer prova quer à força impôr um nome não adoptado consensualmente por todos os subscritores do Acordo de Conacri".
Descontentes querem ver respeitado o seu roteiro
Guiné-Bissau: CEDEAO acusada de ser tendenciosa na mediação da crise
A 16 de dezembro de 2017 os chefes do Estado da CEDEAO, em Abuja, Nigéria, concluíram que "a conferência tomou boa nota do roteiro apresentado pelo Presidente República [da Guiné-Bissau] para a aplicação integral do Acordo de Conacri, nomeadamente a nomeação de um primeiro-ministro de consenso".
E na última semana uma missão ministerial da CEDEAO esteve em Bissau para avaliar o Acordo de Conacri, cujo prazo para a sua implementação era até o dia 16 de janeiro. E no seu comunicado final não fez nenhuma referência ao roteiro do Presidente, apenas lamentou a falta de progresso na implementação do Acordo, tendo ameaçado com sanções "quem impedir a sua aplicação".
Califa Seide, líder da bancada parlamentar do PAIGC, o partido que venceu as últimas eleições queixa-se: "Não se fez nenhuma referência ao roteiro. Aliás, o roteiro não existe. É o Acordo de Conacri que está a ser discutido. A delegação em nenhum momento falou do roteiro do grupo dos 15 que o Presidente da República assumiu. Portanto, esse não tem nada a ver com a CEDEAO."
Muitos pontos por cumprir
Recorde-se que o Presidente da República propõe entre outros pontos a "reintegração imediata e incondicional dos militantes dissidentes, responsáveis do partido PAIGC desde a base até aos órgãos nacionais, bem como a anulação das conferências e suspensão das sanções", disse José Mário Vaz depois da Cimeira de Abuja.
O roteiro assumido pelo Presidente guineense recomenda ainda a abertura rápida do plenário da Assembleia Nacional Popular, a exoneração do atual primeiro-ministro e início das consultas com os partidos com assento no Parlamento e o grupo dos 15 deputados expulsos do PAIGC para a escolha consensual do novo chefe de Governo.
Nome para o cargo de primeiro ministro é o "calcanhar de Aquiles"
A demissão do primeiro-ministro é um ponto resolvido. Umaro Sissolo Embaló foi exonerado antes da chega da missão da CEDEAO.
José Mário Vaz frisou ainda que propôs aos chefes de Estado da CEDEAO na cimeira de Abuja a nomeação de um novo primeiro-ministro ao abrigo do Acordo de Conacri, bem como a formação de um Governo inclusivo e consensual que tenha em conta a participação dos partidos políticos com assento parlamentar, o grupo dos 15 deputados e a sociedade civil.
A CEDEAO tem defendido o nome do dirigente do PAIGC, Augusto Olivais, como pessoa que deverá ser nomeada, pelo Presidente José Mário Vaz, como primeiro-ministro de consenso na Guiné-Bissau.
Eleições gerais na Guiné-Bissau, um marco de esperança
As eleições gerais (presidenciais e legislativas) de domingo, dia 13 de abril de 2014, na Guiné-Bissau decorreram sem incidentes até ao encerramento das urnas às 17 horas.
Foto: DW/João Carlos
Primeira votação desde o golpe de Estado de 12 de abril de 2012
As eleições gerais (presidenciais e legislativas) deste domingo (13.04.) na Guiné-Bissau decorreram sem incidentes até ao encerramento das urnas às 17 horas. Segundo a Comissão Nacional de Eleições, CNE, a taxa de participação no escrutínio foi de 79,4%, a mais alta da história do país.
Foto: SEYLLOU/AFP/Getty Images
Guineenses elegem um presidente e 102 deputados
Mais de 770.000 cidadãos inscritos nos cadernos eleitorais escolheram entre 13 candidatos presidenciais e 15 partidos a concorrerem à Assembleia Nacional Popular. De acordo com as diferentes missões de observação eleitoral, tanto na capital como no interior foram detetados apenas pequenos problemas que não afetam a votação. A CNE deverá apresentar os resultados definitivos dentro de uma semana.
Foto: SEYLLOU/AFP/Getty Images
Quem for eleito "deve ser abraçado por todo o povo", diz Chissano
O ex-presidente moçambicano Joaquim Chissano (à esq.) pediu aos guineenses que estejam prontos para aceitar com "calma" os resultados das eleições gerais. De acordo com o chefe da missão de observadores eleitorais da União Africana, estavam reunidas todas as condições para a realização das eleições na Guiné-Bissau. A UA tem uma equipa de cerca de 60 pessoas a acompanhar as eleições gerais no país.
Foto: DW/Braima Darame
"Paz, paz" foram as palavras do chefe das forças armadas guineenses
O general António Indjai, que liderou o golpe de Estado que em 2012 interrompeu as eleições presidenciais na Guiné-Bissau, lançou pombas brancas depois de votar este domingo em Bissau. Para as eleições, Indjai trocou o uniforme por uma túnica branca. A impunidade do exército é considerado um dos grandes problemas do país e uma reforma é considerada tarefa urgente do novo Presidente.
Foto: DW/Braima Darame
Bissau parou no último dia de campanha eleitoral
Na sexta-feira (11.04.), comércio e instituições da capital guineense fecharam as portas durante a tarde e milhares de cidadãos saíram às ruas para celebrar a democracia. De forma a evitar confrontos entre apoiantes dos diferentes candidatos e partidos, mais de 2.000 homens das forças de defesa e segurança garantiram a segurança através de barreiras entre os espaços ocupados pelos candidatos.
Foto: DW/Braima Darame
Campanha marcada por "desobediência à disciplina dos partidos"
As clivagens no seio dos partidos guineenses foram notórias durante a campanha eleitoral: tanto dirigentes, como militantes dos diferentes partidos apoiaram candidatos de outros quadrantes. Nos comícios viram-se também apoiantes com adereços do partido que apoiam nas legislativas e com material de um candidato presidencial de outra força. A dissidência foi mais vincada entre os jovens.
Foto: DW/Braima Darame
Ramos-Horta pediu ao partido vencedor que inclua as outras forças políticas
Para José Ramos-Horta, desde o golpe de Estado de abril de 2012 na Guiné-Bissau passaram dois anos difíceis em que se abriram muitas feridas. Segundo o representante da ONU em Bissau, as sanções impostas ao país só poderão ser aliviadas através de “um ato eleitoral que não deixe dúvidas à comunidade internacional” quanto à sua transparência.
Foto: DW/Márcio Pessoa
Amos Sawyer quer integração e desenvolvimento sustentado na Guiné-Bissau
O chefe da missão de observadores eleitorais da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, CEDEAO, pediu aos líderes dos partidos guineenses que estejam “prontos para fazer sacrifícios em prol do país”. O ex-Presidente interino da Libéria lidera a missão de 220 observadores que a CEDEAO enviou para acompanhar as eleições gerais na Guiné-Bissau.
Foto: DW/Márcio Pessoa
Serifo Nhamadjo quer "o mundo a aplaudir as eleições" na Guiné-Bissau
Numa mensagem aos guineenses no último dia de campanha, o presidente de transição apelou à participação em massa no escrutínio: "o mundo está de olhos postos em nós”, disse Nhamadjo, referindo que a população deve votar “em liberdade e consciência”. As eleições são um dos últimos passos no período de transição política que o país vive desde o golpe de Estado de 12 de abril de 2012.
Foto: SEYLLOU/AFP/Getty Images
Morte de Kumba Ialá gerou preocupação entre políticos e população
De acordo com fontes familiares, Kumba Ialá morreu devido a doença cardíaca a 4 de abril passado. Segundo o seu médico particular e sobrinho, Kumba "pediu para ser sepultado só depois da vitória de Nuno Gomes Nabiam", candidato presidencial que apoiava. Recentemente, o representante da ONU em Bissau, José Ramos-Horta, apelou para que “não haja aproveitamento político” da morte do ex-Presidente.
Foto: DW/B. Darame
Cidadãos guineenses na diáspora depositam confiança nos seus futuros governantes
Apesar de reclamações pela lentidão com que decorreu a votação por limitação de urnas, a comunidade guineense em Portugal participou com entusiasmo nas eleições. Os futuros dirigentes da Guiné-Bissau terão a responsabilidade de criar condições para o regresso dos que foram obrigados a deixar o país devido à instabilidade política.