A CEDEAO ameaça aplicar sanções contra os que inviabilizarem a implementação do Acordo de Conacri. O documento que visa acabar com a crise política guineense ainda não foi cumprido e partidos fazem exigências.
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A delegação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental ( CEDEAO) ameaça recomendar sanções internacionais contra políticos guineenses que inviabilizam o cumprimento do Acordo de Conacri. A missão ministerial chegou ao país nesta segunda-feira (24.04.) para avaliar a implementação do documento assinado em Conacri pelos atores políticos que visava acabar com a crise política que dura há mais dois anos.
No comunicado final, apresentado esta terça-feira (25.04.) pelo secretário geral da presidência da República da Guiné-Conacri, Nabi Bangura, a delegação da CEDEAO ameaça aplicar sanções: "Em caso de desrespeito das decisões ou ações concretas iremos num prazo de 30, a partir de hoje, recomendar aos Chefes de Estado e de Governo a aprovarem a aplicação, com toda a comunidade internacional, de sanções adequadas contra indivíduos, grupo de indivíduos ou entidade que travem a implementação harmoniosa do Acordo de Conacri, bem como todos os seus colaboradores, imediatamente."
Além de um Governo de consenso, o acordo prevê, também, que o primeiro-ministro seja uma figura que mereça a aprovação de todas as partes, ainda que seja da confiança do chefe de Estado.
ECOMIB pode ser retirada do país
No entanto, quatro dos cinco partidos representados no Parlamento acusam o Presidente da República, José Mário Vaz, de ter nomeado Umaro Sissoco primeiro-ministro sem o seu apoio, pelo que não reconhecem o Governo e têm pedido a demissão do atual Governo.
E as ameaças da delegação da CEDEAO não se ficam por aqui: "Reiteiramos a decisão dos Chefes de Estado e de Governo da CEDEAO de retirar a ECOMIB de 28 de Abril a 30 de Junho de 2017. A decisão foi comunicada as autoridades nacionais no dia 21 de Abril."
Entretanto, a União Para Mudança (UM), força política com apenas um assento parlamentar, dá um ultimato a CEDEAO para resolver a crise guineense, tal como o fez na Gâmbia, ou então ou abandonar a Guiné-Bissau.
O UM é um dos quatro partidos que acusam José Mário Vaz de desrespeitar o Acordo de Conacri. O PRS, partido que suporta atual Executivo, afirma que o Acordo de Conacri está a ser cumprido, apesar de algumas dificuldades na sua implementação devido ao bloqueio deliberado do Parlamento por parte do presidente de Cipriano Cassamá.
25.04.17. GB CEDEAO Sancoes - MP3-Mono
Eleições Presidenciais na Guiné-Bissau
Nove candidatos disputaram, neste domingo (18.03) as eleições presidenciais na Guiné-Bissau. Cerca de 600 mil eleitores foram chamados às urnas. Em frente à Assembléia Nacional guineense, houve fila para votar. O sufrágio torno-se necessário após a morte por doença do presidente Malam Bacai Sanhá, no último dia 9 de janeiro.
Foto: dapd
Segunda volta no dia 22 de Abril
Segundo os resultados provisórios, Carlos Gomes Júnior – candidato do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) – ganhou a primeira volta das eleições presidenciais com 49 por cento dos votos, mas ficou abaixo de uma maioria absoluta de 50 por cento, e assim não conseguiu evitar a segunda volta.
Foto: DW/Ferro de Gouveia
Kumba Ialá será o adversário de Carlos Gomes Júnior
Kumba Ialá, que entrou na corrida pelo PRS (Partido para a Renovação Social), ficou em segundo lugar com 23 por cento. Na sua primeira candidatura em 1999 tinha conseguido 38 por cento na primeira volta e saiu vitorioso com 72 por cento na segunda volta (em 2000 foi deposto por um golpe militar). Concorreu de novo às presidenciais em 2009 e obteve na primeira volta 29 por cento dos votos.
Foto: Reuters
Votação no domingo
Nove candidatos disputaram, neste domingo (18.03) as eleições presidenciais na Guiné-Bissau. Cerca de 600 mil eleitores foram chamados às urnas. Em frente à Assembléia Nacional guineense, houve fila para votar. O sufrágio torno-se necessário após a morte por doença do presidente Malam Bacai Sanhá, no último dia 9 de janeiro.
Foto: AP
Dia tranquilo
Eleitor mostra o dedo sujo de tinta e o cartão do eleitor depois de depositar o voto para presidente na urna, em Bissau. A uma campanha tranquila seguiu-se um dia de sufrágio calmo. Mas, horas depois de terem fechado as urnas, foi assassinado a tiro, em Bissau, o ex-chefe das informações militares da Guiné-Bissau, Samba Djaló.
Foto: AP
Eleitores
Mulher deposita o voto dobrado numa urna de plástico transparente, em Bissau. Os eleitores levaram expectativas de estabilidade e desenvolvimento às urnas de todo o país.
Foto: DW/Ferro de Gouveia
Carlos Gomes Júnior
O primeiro-ministro guineense Carlos Gomes Júnior, o candidato oficial do PAIGC - Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, de que é presidente, disse estar confiante numa vitória à primeira volta. Serifo Nhamadjo, presidente interino da Assembleia Nacional, e Baciro Djá, ministro da Defesa, ambos membros do PAIGC, concorrem como independentes nesta eleição.
Foto: AP
Kumba Ialá
O ex-presidente Kumba Ialá (foto) do PRS - Partido da Renovação Social conta habitualmente com apoio da etnia balanta e poderá também ser um dos nomes a disputar uma eventual segunda volta.
Foto: picture alliance / abaca
Henrique Rosa
Outro dos nomes fortes na corrida à presidência é o candidato independente e ex-presidente interino Henrique Rosa, que após ter votado disse ter informações de que haveria “fraudes por todo o país”. Acusações que o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau, Orlando Viegas, desvalorizou.
Foto: AP
Contagem dos votos
Moradores locais e observadores de partidos políticos acompanham a contagem de votos, numa assembléia ao ar livre, em Bissau. Neste domingo, os eleitores guineenses escolheram entre nove candidatos para a presidência do país.
Foto: AP
Informação
Cartaz da Comissão Nacional de Eleições da Guiné-Bissau, em Bissau, sobre as eleições presidenciais de 2012.
Foto: DW/Ferro de Gouveia
Malam Bacai Sanhá
O assassinato do então presidente Malam Bacai Sanhá, em janeiro deste ano, forçou a Guiné-Bissau a antecipar as eleições. Na foto, Sanhá em junho de 2011 na cimeira da União Africana em Malabo, na Guiné-Equatorial. (Autora: Cris Vieira / Edição: Johannes Beck)