Cidadãos guineenses contra viaturas para deputados
Lusa | mjp
5 de maio de 2018
Presidente José Mário Vaz entregou esta semana aos deputados 90 viaturas oferecidas ao país pelo rei de Marrocos. Movimento de Cidadãos Guineenses Inconformados fala em "ofensa ao povo guineense".
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O presidente do Movimento de Cidadãos Guineenses Inconformados, o jurista Sana Canté, manifestou-se esta sexta-feira (04.05) contra a entrega pelo chefe de Estado de viaturas novas aos deputados ao Parlamento que, disse, não mereciam "aquelas prendas".
Em conferência de imprensa, Sana Canté considerou a entrega por José Mário Vaz de 90 viaturas "zero quilómetros" aos deputados uma "ofensa ao povo guineense".
Canté, que lidera o movimento dos inconformados, grupo composto essencialmente por jovens dos liceus e das universidades de Bissau que se têm batido contra a crise política no país, afirmou que os deputados, depois de terem fechado o Parlamento "ainda receberam prendas" do Presidente.
O ativista referia-se ao facto de o Parlamento ter estado bloqueado durante mais de dois anos devido às divergências entre os dois principais partidos que compõem o órgão, o PAIGC e o PRS.
Jipes polémicos
José Mário Vaz entregou, na quinta-feira (03.05), numa cerimónia que decorreu na Presidência da República, em Bissau, as viaturas oferecidas ao país pelo rei de Marrocos em 2017 aos deputados.
"Desde agosto do ano passado a esta data muito se tem falado sobre estas viaturas. Foram muitos os rumores veiculados à volta deste assunto. Hoje somos testemunhas de que nenhum carro foi vendido, nenhum carro foi oferecido e que nenhum carro foi afeto à Presidência da República", afirmou o chefe de Estado guineense.
As 90 viaturas chegaram a Bissau em agosto de 2017 e foram doadas pelo reino de Marrocos à Presidência guineense, mas a sua chegada ao país provocou polémica com alguns a afirmarem que os jipes eram para os deputados e outros a defenderam que tinham sido enviados ao chefe de Estado, José Mário Vaz.
Os jipes chegaram a Bissau em 45 contentores e José Mário Vaz explicou que foram enviados pelo reino de Marrocos à Presidência guineense, que os decidiu doar aos deputados da Nação.
Críticas nas redes sociais
Nas redes sociais, vários cidadãos guineenses têm manifestado estar contra a entrega das viaturas aos deputados, lembrando que no país não há educação nem saúde.
Para Sana Canté, o Presidente "devia era doar aquelas viaturas" aos jogadores da seleção nacional de futebol, que disse, deram "muitas alegrias ao povo guineense" na Taça das Nações Africanas de Futebol, competição disputada no Gabão, e em cuja fase final a Guiné-Bissau esteve presente pela primeira vez.
O líder do Parlamento guineense, Cipriano Cassamá, ao referir-se também hoje às viaturas que o próprio alega ter pedido ao rei de Marrocos, defendeu que servem para que os deputados possam visitar o eleitorado nas suas aldeias e criticou também o facto de vários deputados do PAIGC não terem recebido uma viatura.
"Posso afirmar que pela primeira vez na história no nosso país, consegui entregar a cada deputado uma viatura", destacou Cassamá, que remeteu para o secretário-geral do órgão o esclarecimento sobre se as viaturas foram dadas a título definitivo ou enquanto durar o mandato do deputado.
Guiné-Bissau: um pequeno país de futebolistas gigantes
Os números falam por si. Em 2017, Bruma ruma para o Leipzig por 12,5 milhões de euros. E o talento guineense não se esgota aqui.
Foto: picture-alliance/Anadolu Agency/O. Coban
Bruma
Bruma começou cedo. Deixou Bissau aos 12 anos para ir atrás do seu sonho em Portugal. Integrou a academia do Benfica e depois a do Sporting. Em 2013, o extremo alcançou a equipa principal dos verdes e brancos. Passou depois pelo Galatasaray e pelo Real Sociedad até chegar à Bundesliga, onde veste atualmente a camisola do RB Leipzig, que pagou cerca de 12,5 milhões pela sua transferência.
Foto: picture-alliance/Anadolu Agency/O. Coban
Úmaro Embaló
Parecia ser a mais cara transferência de sempre de um jovem de Portugal para o estrangeiro. O nome de Úmaro Embaló, guineense de 16 anos, fez correr muita tinta nos jornais desportivos desde o início do ano de 2018, pois iria trocar a camisola do Sport Lisboa e Benfica pela do RB Leipzig, na Alemanha, por 20 milhões de euros. O negócio caiu no último dia do mercado de transferências europeu.
Foto: Imago/Newspix/K. Cichomski
Éder
Nascido em Bissau, em 1987, Ederzito, mais conhecido como Éder, passou de “patinho feio” a “ídolo” das Quinas depois de, no Euro 2016, ter marcado o golo decisivo que valeu a taça a Portugal. O avançado, que está atualmente emprestado pelo Lille (França) ao Lokomotiv Moscovo, começou a sua carreira nas camadas jovens da Associação Académica de Coimbra. Estreou-se pela Seleção Portuguesa em 2012.
Foto: Getty Images/AFP/F. Fife
Danilo Pereira
Foi também em Portugal que Danilo Pereira encontrou futuro. Da formação do Benfica, o jovem nascido em 1991 rumou para Itália para vestir a camisola do Parma, em 2010. Após algumas épocas emprestado, o médio assinou contrato com o Club Sport Marítimo. Em 2014, Danilo é considerado uma das revelações da I Liga e o FC Porto não o deixou escapar. A sua cláusula de rescisão é de 40 milhões de euros.
Foto: Getty Images/D. Mullan
Carlos Mané
É também na Alemanha, no Estugarda, que joga atualmente o luso-guineense Carlos Mané. Nascido em 1994, também este guineense cresceu nas escolas do Sporting, tendo integrado a academia dos verdes e brancos com apenas sete anos. O caminho até à equipa principal foi demorado mas, finalmente em 2014, o extremo estreou-se em Alvalade.
Foto: picture-alliance/Sport Moments/Schweizer
José Gomes
É considerado uma das promessas do futebol português. Nascido em Bissau em 1999, o avançado rumou para Portugal tendo sido recebido na equipa da Luz. Em 2016 fez o seu primeiro jogo pela equipa principal dos encarnados, tornando-se o terceiro jogador mais jovem a jogar pelas águias, com apenas 17 anos. Em 2015, José Gomes foi o melhor marcador e considerado o melhor jogador do Europeu Sub-17.
Foto: Imago/GlobalImagens
Pelé
Aos 25 anos, Pelé, de ascendência guineense, veste a camisola do Rio Ave. O médio defensivo iniciou-se no Belenenses, tendo depois passado pelo Olhanense, Arsenal Kiev (Ucrânia) e pelos sub-20 do AC Milan (Itália). Em 2015 chega ao Benfica. Uma lesão grave impediu-o de ir para o inglês Wolverhampton, um negócio de dois milhões de euros.
Foto: Imago/GlobalImagens
Yannick Djaló
Terminamos com Yannick Djaló. Natural de Bissau, Djaló, que é também um produto da academia do Sporting, estreou-se na primeira divisão em 2006. Seis anos depois assinou contrato pelo Benfica tendo sido, em 2014, emprestado ao San José Earthquakes. Seguiram-se o Mordovia Saransk e o Ratchauri Mitr Phol. Djaló regressou a Portugal e veste agora, com 32 anos, a camisola do Vitória FC.