O Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou avaliação ao programa de apoio à Guiné-Bissau e prolongou até julho do ano que vem o apoio financeiro ao país. Total da ajuda poderá chegar a 32,2 milhões de dólares.
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"A finalização da revisão permite a disponibilização de 4,3 milhões de dólares, trazendo o total dos desembolsos para 24,2 milhões de dólares", lê-se no comunicado divulgado nesta sexta-feira (01.06) à noite em Washington, no qual se dá conta que o programa de apoio foi alargado até julho de 2019, oito meses depois das eleições previstas para novembro deste ano, e que o total da ajuda deverá subir de 24,2 milhões de dólares para 32,2 milhões.
Ainda de acordo com o FMI, o prolongamento do programa por mais um ano "vai ajudar a ancorar a estabilidade macroeconómica durante o próximo período eleitoral, apoiar as reformas focadas na mobilização das receitas e o combate à falta de infraestruturas essenciais, para além de ajudar também a cumprir as necessidades da balança de pagamentos".
Avaliação
Na quinta avaliação do programa iniciado em 2015, o conselho de administração do FMI considera que a implementação das linhas do acordo de assistência financeira "foi boa" e acrescenta que "todos os critérios de desempenho e as metas indicativas foram cumpridas", o mesmo acontecendo com seis dos oito indicadores estruturais de referência, com um a ser alcançado, entretanto, e outro está em fase de finalização.
"A atividade económica manteve-se robusta", o que explica um crescimento de quase 6% no ano passado e a previsão de que a economia da Guiné-Bissau cresça 5% ao ano até 2022, com a inflação controlada nos 1,1% em 2017 e o défice nos 1,5% do PIB.
"A perspetiva de evolução económica é genericamente positiva, com o crescimento projetado de 5,2% este ano, mas sujeito a significativos riscos que emanam do ainda frágil ambiente político e dos termos adversos dos desenvolvimentos no comércio".
"Manter um forte ímpeto reformista será crucial para os contínuos melhoramentos nos resultados", comentou o vice-diretor executivo do FMI, Tao Zhang, acrescentando que "continuar o progresso sobre as melhorias das condições para os empresários privados também será importante", tal como é o fortalecimento do setor bancário, encarado como "crítico para manter a estabilidade do setor financeiro e alargar a intermediação financeira".
Sumos, bolachas e até "bifes" para diversificar rendimento do caju
O caju é a principal fonte de rendimento dos produtores guineenses. A fim de estimular a economia, os produtores de Ingoré uniram-se na cooperativa Buwondena, onde produzem sumo, bolachas e até "bife" de caju.
Foto: Gilberto Fontes
O fruto da economia
Sendo um dos símbolos da Guiné-Bissau, o caju é a principal fonte de receita dos camponeses. A castanha de caju representa cerca de 90% das exportações do país. Este ano, foram exportadas 200 toneladas de castanha de caju, um encaixe de mais de 250 mil euros. A Índia é o principal comprador. O caju poderá trazer ainda mais riqueza ao país, se houver maior aposta no processamento local do produto.
Foto: Gilberto Fontes
Aposta no processamento
Em Ingoré, no norte da Guiné-Bissau, produtores de caju uniram-se na cooperativa Buwondena - juntamos, em dialeto local balanta - para apostar no processamento do caju. Antes, aproveitava-se apenas a castanha, desperdiçando o chamado pedúnculo, que representa cerca de 80% do fruto. Na cooperativa produzem-se agora vários produtos derivados do caju.
Foto: Gilberto Fontes
“Bife” de caju
Depois de devidamente preparado, o pedúnculo, que é a parte mais fibrosa do caju, pode ser cozinhado com cebola, alho e vários temperos. O resultado final é o chamado “bife” de caju.
A partir das fibras, produz-se também chá, mel, geleia, bolacha, entre outros. Ao desenvolverem novos produtos, os produtores diversificam a dieta e aumentam os seus rendimentos.
Foto: Gilberto Fontes
Néctar de caju
Depois de prensadas as fibras do caju, obtém-se um suco que é filtrado várias vezes, a fim de se produzir néctar e sumo. Com 50% desse suco e 50% de água com açúcar diluído, obtem-se o néctar de caju. Este ano, a cooperativa Buwondena produziu quase 400 litros desta bebida.
Foto: Gilberto Fontes
Sumo de caju
O sumo resulta da pasteurização do suco que foi filtrado do fruto, sem qualquer adicionante. Cada garrafa destas de 33cl de sumo de caju custa quase 0.40€. Ou seja, um litro de sumo pode render até 1.20€. O que é bem mais rentável que vinho de caju, produzido vulgarmente na Guiné-Bissau, que custa apenas 0.15€ o litro. Em 2016, foram produzidos na cooperativa quase 600 litros de sumo de caju.
Foto: Gilberto Fontes
Mel de caju
Clode N'dafa é um dos principais especialistas de transformação de fruta da cooperativa. Sabe de cor todas as receitas da cooperativa e só ele faz alguns produtos, como o mel. Mas devido à falta de recipientes, este produziu-se pouco mel de caju. Desde que se começou a dedicar ao processamento de fruta, Clode N'dafa conseguiu aumentar os seus rendimentos e melhorar a vida da sua família.
Foto: Gilberto Fontes
Castanha de caju
Este continua a ser o produto mais vendido pela cooperativa. O processamento passa por várias etapas: seleção das melhores castanhas, que depois vão a cozer, passam à secagem, ao corte e vão à estufa. As castanhas partidas são aproveitadas para a produção de bolacha de caju. Este ano, a cooperativa conseguiu fixar preço da castanha de caju em 1€ o quilo, protegendo os rendimentos dos produtores.
Foto: Gilberto Fontes
Potencial para aumentar produção
A maior parte dos produtos são vendidos localmente, mas alguns são comercializados também em Bissau e exportados para o Senegal. A produção decorre sobretudo entre os meses de março e junho, período da campanha do caju. No pico de produção, chegam a trabalhar cerca de 60 pessoas. Se a cooperativa conseguisse uma arca frigorífica para armazenar o caju, continuaria a produção depois da campanha.
Foto: Gilberto Fontes
Aposta no empreendedorismo
A cooperativa Buwondena aposta na formação a nível de empreendedorismo, para que os produtores possam aumentar o potencial do seu negócio. A cooperativa pretende criar uma caixa de poupança e crédito. O objetivo é que, através de juros, os produtores possam rentabilizar as suas poupanças e apostar noutros negócios.
Foto: Gilberto Fontes
É urgente reordenar as plantações
A plantação de cajueiros é outra das preocupações da cooperativa: uma plantação organizada, com ventilação é fundamental para aumentar a rentabilidade.
Devido ao peso do sector do caju na economia da Guiné-Bissau, todos os anos são destruídos entre 30 e 80 mil hectares de floresta para a plantação de cajueiros. Especialistas defendem uma reordenação urgente das plantações.