Guiné-Bissau: Comerciantes recusam baixar preço do arroz
30 de agosto de 2023Na semana passada, o novo Governo da Guiné-Bissau decidiu, na primeira reunião do Conselho de Ministros, baixar o preço do saco de arroz 100% partido, conhecido na Guiné-Bissau por "nhelem", e um dos mais consumidos pela população guineense.
O executivo respondeu, assim, aos apelos da sociedade, que ainda se queixa do fraco poder de compra, devido ao aumento dos preços dos diversos produtos no mercado nacional.
O secretário-geral da Associação dos Consumidores de Bens e Serviços (ACOBES), Bambó Sanhá, aplaude a decisão governamental e espera que outras idênticas se sigam. "Louvamos esta iniciativa do Governo, que não se deve limitar ao arroz, mas que continue em relação a outros produtos, porque sabemos qual é a situação do mercado", disse.
Sociedade civil louva Governo
"Esta [questão de arroz] é uma situação que entendemos que deve ser gerida da melhor forma para encorajar o Governo com a sua iniciativa de estabilizar o setor social, que é muito fundamental para o desenvolvimento", adiantou ainda o responsável da ACOBES.
De acordo com as orientações do novo executivo, desde 23 de agosto um saco de 50 kg de arroz 100% partido passou a custar pouco mais de 26 euros, ao invés do preço anteriormente praticado, ligeiramente acima dos 34 euros.
Mas há comerciantes que continuam a resistir à redução anunciada pelo Governo. O presidente da Associação dos Retalhistas dos Mercados da Guiné-Bissau, Aliu Seide, argumenta que o preço anunciado pelo Governo só se aplica à futura importação, e não ao arroz que neste momento se encontra na posse dos comerciantes. Por isso, pede que o executivo esclareça a situação às populações.
Ordem não se aplica?
"Eu disse ao Governo que, se não clarificar a situação, a população vai cair em cima de nós [comerciantes]. Estamos à espera do arroz sobre o qual conversamos e assinámos o acordo com os empresários [importadores], mas até agora não o vimos".
O ministro do Comércio, Jamel Handem, garante que a situação está sob controlo e releva a estratégia que o Governo está a utilizar para que o novo preço de arroz seja respeitado e praticado. "A estratégia passa pela informação, comunicação, diálogo e determinação. As coisas estão a evoluir no bom sentido e, praticamente, toda a população já entendeu".
O arroz é o produto de maior consumo na Guiné-Bissau. Anualmente, o país importa entre 130 e 240 mil toneladas desse cereal, segundo a Direção-geral das Alfândegas da Guiné-Bissau.