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Guiné-Bissau: Contenção da pandemia depende da população

Lusa | rl
6 de junho de 2020

Centro de Operações de Emergência de Saúde do país diz que é difícil dizer se pandemia provocada pela Covid-19 já atingiu o pico, uma vez que há já infetados em três regiões. Número de mortos em África subiu para 4.902.

Guinea-Bissau MSF Unterstützung Coronakrise
Foto: MSF/E. Costigan

De acordo com os dados mais recentes da pandemia provocada pela Covid-19 na Guiné-Bissau, existem 1.368 casos positivos no país, 12 vítimas mortais 153 recuperados.

Em entrevista à Lusa, o coordenador do Centro de Operações de Emergência de Saúde (COES) da Guiné-Bissau, Dionísio Cumba, afirma que parece haver uma descida do número de casos em Bissau, mas ao nível das regiões ainda não se sabe qual vai ser a evolução, daí "não estar à vontade para dizer que atingimos o pico".

Quando a situação parecia estar concentrada no setor autónomo de Bissau, apareceram os primeiros casos em Bafatá, que já tem cinco infetados, e Gabu, com dois, as maiores cidades do país a seguir a Bissau.

"Com esta situação que estamos a ter nas regiões, vai ser muito difícil afirmar se já atingimos o pico no país. Se for só a nível de Bissau posso ousar afirmar que estamos quase a atingir, mas é muito difícil definir isso dado o comportamento da população", salientou o também diretor do Laboratório Nacional de Saúde Pública.

Comportamento da população

Para o médico guineense, tudo vai depender do comportamento da população, mas considerou que em Bissau já se veem mais pessoas a tomar medidas de prevenção.

BissauFoto: Albano Barai

O Presidente guineense, Umaro Sissico Embaló, já prolongou por quatro vezes o estado de emergência no país e impôs o recolher obrigatório, mas decidiu, recentemente, abrir fronteiras e iniciar o desconfinamento.

Dionísio Cumba alertou, contudo, que o desconfinamento pode aumentar os casos por infeção do novo coronavírus no país, porque as pessoas podem pensar que a situação melhorou.

"É preciso o respeito das regras e as autoridades devem usar todos os mecanismos. Caso contrário, vamos ter o aumento de novas infeções por causa da aparente liberdade que as pessoas têm", salientou.

Alto Comissariado para a Luta Contra a Covid-19

Entretanto, esta sexta-feira (05.06), o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, nomeou Magda Robalo Correia e Silva para o cargo de Alta Comissária para a Luta Contra a Covid-19 no país.

Em declarações à imprensa, após a cerimónia de tomada de posse, a antiga ministra da Saúde guineense afirmou que "não vai ser fácil, mas é possível [conter a pandemia no país] com várias atividades e com várias medidas de contenção".

"Temos de identificar focos de infeção, temos de aumentar a prevenção, temos de melhorar o entendimento da população sobre aquilo que são as medidas de confinamento", disse.

Magda Robalo Correia e Silva salientou também que nunca é tarde para combater a pandemia do novo coronavírus. "Se não o fizermos vamos continuar a ver os números de casos e as mortes a aumentarem", sublinhou.

A antiga representante da Organização Mundial de Saúde na Namíbia e no Gana disse também que o seu primeiro trabalho vai ser uma "análise rápida da situação, perceber a dinâmica da pandemia na Guiné-Bissau para ajustar estratégias" para que o país possa estar à frente do novo coronavírus e não correr atrás dele.

Umaro Sissoco Embaló criou, esta sexta-feira (05.06), o Alto Comissariado para a Luta Contra a Covid-19Foto: Guinean Presidency

O Alto Comissariado para a Luta Contra a Covid-19 terá como principal objetivo reformular o plano estratégico, coordenar parcerias e redinamizar o combate contra o novo coronavírus. 

África com quase 5000 mortos

Os dados mais recentes do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana dão conta de que o número de mortos no continente subiu, esta sexta-feira (05.06), para os 4.902. África regista agora quase 177 mil casos, em 54 países.

Os mesmos dados referem que o número de doentes recuperados é de 78.267, mais 3.535 do que no dia anterior.  

Entre os países africanos lusófonos, a Guiné-Bissau é o que tem mais infeções, com 1.368 casos, registando 12 mortos. Cabo Verde tem 536 infeções e cinco mortos e São Tomé e Príncipe contabiliza 499 casos e 12 mortos. Moçambique conta 354 doentes infetados e dois mortos e Angola tem 86 casos confirmados de covid-19 e quatro mortos.

 A Guiné Equatorial, que integra a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), mantém há vários dias 1.306 casos e 12 mortos, segundo o África CDC.

A região do continente mais afetada pelo novo coronavírus continua a ser o Norte de África, com 2.161 mortos, tendo passado nas últimas 24 horas os 50 mil casos (51.330). O Egito é o país com mais mortos (1.166) e passou as 30 mil infeções (31.115), seguindo-se a África do Sul e depois a Argélia, com 690 vítimas mortais e 9.935 infetados.

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