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Governo incapaz de resolver crise no ensino na Guiné-Bissau

Braima Darame (Bissau)
29 de maio de 2017

Professores iniciaram, esta segunda-feira (29.05), mais uma greve. Governo e sindicatos contradizem-se na questão dos salários em atraso dos professores.

Lehrerstreik in Guinea-Bissau
Foto: DW/Braima Darame

De greve em greve, as escolas públicas do país vivem um dos piores momentos. São já quase três anos de paralisia total com consequências para o ensino. Devido às greves, apenas perto de 14% das matérias têm sido lecionadas por ano, informa uma fonte dos sindicatos.

Esta segunda-feira (29.05), os professores das escolas públicas retomaram uma greve geral de quinze dias para reivindicar melhores condições laborais, incluindo a aplicação do Estatuto da Carreira Docente.

Bunghoma Duarte Sanhá, porta-voz da comissão negocial dos dois sindicatos representativos dos professores, considerou que entre os 19 pontos que constam do caderno reivindicativo, a aplicação do Estatuto da Carreira Docente "é o principal, por ser a vida dos professores”. O Sindicato Nacional dos Professores (SINAPROF) e o Sindicato Democrático dos Professores (SINDEPROF), exigem também do Governo a melhoria das instalações das escolas públicas.

29.05.2017 Guiné-Bissau /greve - MP3-Mono

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O ministro da Educação nacional, Sandji Fati disse à DW África que o Estatuto da Carreira Docente ainda não entrou em vigor por estar a ser preparada a sua regulamentação legal, embora tenha sido aprovado em conselho de ministros em 2016.

Segundo o governante, este trabalho "requer algum encargo financeiro", por isso "tem que estar de acordo com as possibilidades económicas do país". "Há uma comissão criada para o seguimento, porque no âmbito da carreira docente alguns professores serão avaliados", acrescenta.

Salários em atraso

Segundo o ministro, o  governo guineense, através do Ministério das Finanças, terá já saldado todas as dividas contraídas com os professores. "Dos pontos constantes do caderno reivindicativo, a única questão restante é a da carreira docente", afirmou o ministro, acrescentando que, sobre a questão dos salários em atraso, neste momento, "as nossas finanças não têm nenhuma dívida com os professores".

Devido às greves, apenas perto de 14% das matérias têm sido lecionadas por ano, informa uma fonte dos sindicatos.Foto: Deutsch-Guienische Gesellschaft e.V.

Por sua vez, Bunghoma Duarte Sanhá, porta-voz da comissão negocial dos dois sindicatos representativos dos professores, defende que, em pleno século XXI, não se pode aceitar "escolas em barracas", argumentando que as barracas não dignificam nem os professores, nem os alunos. O porta-voz dos sindicatos indica que as três negociações já realizadas com o Governo não permitiram a suspensão da greve como pretendia o executivo e que o Governo ainda não pagou todas as dívidas, o que contradiz as palavras do ministro.

Como explicou à DW, Bunghoma Duarte Sanhá, os professores estão a "reivindicar a implementação da carreira docente e o pagamento das dívidas. O objetivo é de não cumprimento de memorando de entendimento e as negociações que levaram muito tempo sem sucesso, por isso, não podemos desarmar, só nos resta a greve".

Isto acontece no dia em que o julgamento do antigo chefe de Estado Maior da Marinha guineense, o contra-almirante Bubo Na Tchuto, ficou adiado, sem fixar uma nova data, devido à falta de notificação de quatro suspeitos. Na Tchuto foi acusado pela então chefia militar e detido em dezembro de 2011, por tentar protagonizar um golpe de Estado.

À saída de audiência, o militar não deu muitas informações. "Estou nervoso, estou nervoso, não posso dizer mais nada", afirmou.

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