Guiné-Bissau: Governo repudia vandalização da rádio Capital
26 de julho de 2020Acompanhado do ministro do Interior, Botche Candé e do secretário de Estado da Comunicação Social, Conco Turé, e a mando do primeiro-ministro, Nuno Nabian, o ministro da presidência do Conselho de Ministros da Guiné-Bissau, Serifo Jaquité, efetuou uma visita às instalações da rádio para constatar o nível dos estragos, após a invasão que ocorreu na madrugada deste domingo (26.07).
"Ao tomar conhecimento deste ato vândalo, ignóbil e desproporcional a tudo o que são as garantias de um estado de direito democrático, o primeiro-ministro ordenou-nos a vir cá constatar o que se passou", afirmou o ministro da presidência do Conselho de Ministros do Governo guineense.
Após visitar todas as dependências da rádio e de conversar com a direção da estação, Serifo Jaquité disse que não restam dúvidas de que a imagem do país ficará novamente beliscada. "É mais uma triste imagem que a Guiné-Bissau está a transmitir para o mundo", defendeu.
Governo vai agir
O ministro disse que lamentam o sucedido "em nome do Presidente da República, do primeiro-ministro e de todas as instituições democráticas" da Guiné-Bissau, mas que o Governo vai agir para descobrir os autores do ato que disse ter sido perpetrado por "pessoas que estão contra o desenvolvimento" do país.
"Porque numa sociedade democrática, de justiça, que aspira ao desenvolvimento não é admissível, de forma alguma, um atentado contra os direitos fundamentais do cidadão, o direito à voz", defendeu Jaquité.
Ainda hoje, por indicações do ministro da presidência do Conselho de Ministros, o secretário de Estado da Comunicação Social, Conco Turé, vai reunir-se com os órgãos representativos da classe jornalística para analisar a situação da rádio capital FM.
Polícia Judiciária apura o caso
Também hoje, Serifo Jaquité disse terem sido instadas as forças de segurança e da Polícia Judiciária no sentido de apurar quem foram os autores da vandalização para que possam ser presentes à justiça, observou o ministro.
"Mas, também pedimos a quem tiver informações que nos indique para que os autores deste ato sejam traduzidos à justiça", sublinhou Jaquité, precisando que o Governo "é totalmente apologista" da democracia e da liberdade de expressão.
O ministro destacou que neste cenário de liberdade quem cometer excessos deve ser responsabilizado através de órgãos competentes.
Citando relatos do agente de segurança que se encontrava no edifício, na avenida da Nigéria, no bairro Militar, subúrbios de Bissau, a direção da rádio informou à Lusa que por volta da uma da manhã, uma viatura de dupla cabine de cor branca, sem matrícula, parou diante do imóvel e de lá desceram "homens armados e fardados" que o imobilizaram e entraram.
"Cortaram os cabos dos emissores, destruíram os computadores, vandalizaram tudo", notou Iancuba Dansó, correspondente da DW África em Bissau, que também integra o quadro de funcionários da rádio.
Em entrevista à DW África, a presidente do Sindicato dos Jornalistas da Guiné-Bissau, Indira Correia Baldé, disse que a rádio já sofreu várias ameaças. E acusou o Governo de não garantir a segurança dos profissionais e órgãos de comunicação.