Guiné-Bissau: Governo vai investigar distúrbios na capital
Lusa
9 de fevereiro de 2019
Governo guineense vai investigar os distúrbios registados nesta sexta-feira (08.02) em Bissau, depois de várias organizações da sociedade civil, polícia e estudantes terem denunciado infiltrados.
Protestos de estudantes em Bissau foram marcados por atos de vandalismoFoto: DW/B. Darame
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O Governo da Guiné-Bissau vai investigar os distúrbios registados nesta sexta-feira (08.02) em Bissau, depois de várias organizações da sociedade civil, a polícia e os estudantes terem denunciado a existência de infiltrados que provocaram os atos de vandalismo.
"São aspetos que irão ser investigados, porque nós queremos de facto que a verdade seja feita sobre esta situação", afirmou o ministro da Presidência do Conselho de Ministros e dos Assuntos Parlamentares, Agnelo Regala.
Segundo o ministro, "efetivamente nunca uma manifestação atingiu uma situação tão complicada e tão grave como esta e sentimos que houve um aproveitamento daquilo que foi uma manifestação pacífica dos jovens".
Vandalismo
Ministro Agnelo RegalaFoto: DW/B. Darame
Agnelo Regala falava aos jornalistas no Hospital Nacional Simão Mendes, onde se deslocou para ser informado sobre o número de feridos que os distúrbios provocaram, e também para visitar os que estavam internados.
"Na quinta-feira (07.02) os jovens manifestaram-se, dificultaram o trânsito, mas não houve qualquer incidente, mas como a manifestação se repetiu tivemos também a sensação de que alguém se terá aproveitado para se infiltrar nesta situação, neste contexto, e criar toda esta perturbação que aconteceu", afirmou.
Segundo Agnelo Regala, o Governo falou durante o dia com os jovens que decidiram acabar com o protesto, mas "continuou o vandalismo por outros elementos que não estavam envolvidos no protesto organizado". Sendo assim, "as investigações vão prosseguir, as pessoas vão ser identificadas", disse.
O ministro guineense recordou também que a Guiné-Bissau vive "um contexto que é muito complexo" devido à proximidade das eleições legislativas, marcadas para 10 de março, e da campanha eleitoral, que arranca a 16 de fevereiro.
"Estamos próximos das eleições, há muita contestação, há muita gente que talvez não esteja interessada que as eleições ocorram a 10 de março, mas eu penso que o objetivo deste Governo é de cumprir com o que foi agendado internamente e com a comunidade internacional da realização de eleições a 10 de março, imperativamente", sublinhou.
O ministro salientou também que o povo da Guiné-Bissau é o "único soberano" e o 10 de março vai decidir "em definitivo quem vai escolher".
Ministro do Interior
Preparação para as eleições na Guiné-Bissau, marcadas para 10 de março próximo.Foto: DW/Braima Darame
Entretanto, Agnelo Regala afirmou que o Governo está preocupado com o atraso na indigitação do ministro do Interior. "Estamos próximos das eleições legislativas, não há um ministro do Interior", afirmou ao ser questionado pelos jornalistas sobre a inexistência de um ministro do Interior no país.
"Sabemos que houve conversas entre o primeiro-ministro e o Presidente da República, houve inclusive uma carta apresentando uma proposta ao Presidente da República e esperamos que quando o primeiro-ministro regressar ao país tenhamos um ministro Interior indigitado, porque o país não pode ir a eleições sem um ministro do Interior", disse Regala.
O presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau, o juiz José Pedro Sambu, também disse neste sábado (09.02) estar preocupado com a segurança eleitoral e pediu com urgência a nomeação de um ministro do Interior.
No início de novembro, o Presidente guineense, José Mário Vaz, exonerou o então ministro do Interior, Mutaro Djaló, a pedido do primeiro-ministro, depois da violência usada pela polícia do país para dispersar uma manifestação de estudantes, com recurso a bastões e granadas de gás lacrimogéneo.
Na altura, o comissário nacional da polícia guineense, Celso de Carvalho, disse que não autorizou o uso de força contra os jovens e que nem sabia da organização da manifestação.
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Foto: DW/B. Darame
Luís de Almeida Cabral (1973-1980)
Luís de Almeida Cabral foi um dos fundadores do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e também o primeiro Presidente da Guiné-Bissau - em 1973/4. Luís Cabral ocupou o cargo até 1980, data em que foi deposto por um golpe de Estado militar. O antigo contabilista faleceu, em 2009, vítima de doença prolongada.
Foto: Bundesarchiv/Bild183-T0111-320/Glaunsinger
João Bernardo Vieira (1980/1994/2005)
Mais conhecido por “Nino” Vieira, este é o político que mais anos soma no poder da Guiné-Bissau. Filiado no PAIGC desde os 21 anos, João Bernardo Vieira tornou-se primeiro-ministro em 1978, tendo sido com este cargo que derrubou, através de um golpe de Estado, em 1980, o governo de Cabral. "Nino" ganhou as eleições no país em 1994 e, posteriormente, em 2005. Foi assassinado quatro anos mais tarde.
Foto: picture-alliance/dpa/L. I. Relvas
Carmen Pereira (1984)
Em 1984, altura em que ocupava a presidência da Assembleia Nacional Popular, Carmen Pereira assumiu o "comando" da Guiné-Bissau, no entanto, apenas por três dias. Carmen Pereira, que foi a primeira e única mulher na presidência deste país, foi ainda ministra de Estado para os Assuntos Sociais (1990/1) e Vice-Primeira-Ministra da Guiné-Bissau até 1992. Faleceu em junho de 2016.
Foto: casacomum.org/Arquivo Amílcar Cabral
Ansumane Mané (1999)
Nascido na Gâmbia, Ansumane Mané foi quem iniciou o levantamento militar que viria a resultar, em maio de 1999, na demissão de João Bernardo Vieira como Presidente da República. Ansumane Mané foi assassinado um ano depois.
Foto: picture-alliance/dpa
Kumba Ialá (2000)
Kumba Ialá chega, em 2000, à presidência da Guiné-Bissau depois de nas eleições de 1994 ter sido derrotado por João Bernardo Vieira. O fundador do Partido para a Renovação Social (PRS) tomou posse a 17 de fevereiro, no entanto, também não conseguiu levar o seu mandato até ao fim, tendo sido levado a cabo no país, a 14 de setembro de 2003, mais um golpe militar. Faleceu em 2014.
Foto: AP
Veríssimo Seabra (2003)
O responsável pela queda do governo de Kumba Ialá foi o general Veríssimo Correia Seabra, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas. Filiado no PAIGC desde os 16 anos, Correia Seabra acusou Ialá de abuso de poder, prisões arbitrárias e fraude eleitoral no período de recenseamento. O general Veríssimo Correia Seabra viria a ser assassinado em outubro de 2004.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Bordalo
Henrique Rosa (2003)
Seguiu-se o governo civil provisório comandado por Henrique Rosa que vigorou de 28 de setembro de 2003 até 1 de outubro de 2005. O empresário, nascido em 1946, conduziu o país até às eleições presidenciais de 2005 que deram, mais uma vez, a vitória a “Nino” Vieira. O guineense faleceu, em 2013, aos 66 anos, no Hospital de São João, no Porto.
Foto: AP
Raimundo Pereira (2009/2012)
A 2 de março de 2009, dia da morte de Nino Vieira, o exército declarou Raimundo Pereira como Presidente da Assembleia Nacional do Povo da Guiné-Bissau. Raimundo Pereira viria a assumir de novo a presidência interina da Guiné-Bissau, a 9 de janeiro de 2012, aquando da morte de Malam Bacai Sanhá.
Foto: AP
Malam Bacai Sanhá (1999/2009)
Em julho de 2009, Bacai Sanhá foi eleito presidente da Guiné Bissau pelo PAIGC. No entanto, a saúde viria a passar-lhe uma rasteira, tendo falecido, em Paris, no inicio do ano de 2012. Depois de dirigir a Assembleia Nacional de 1994 a 1998, Bacai Sanhá ocupou também o cargo de Presidente interino do seu país de maio de 1999 a fevereiro de 2000.
Foto: dapd
Manuel Serifo Nhamadjo (2012)
Militante do PAIGC desde 1975, Serifo Nhamadjo assumiu o cargo de Presidente de transição a 11 de maio de 2012, depois do golpe de Estado levado a cabo a 12 de abril de 2012. Este período de transição terminou com as eleições de 2014, que foram vencidas por José Mário Vaz. A posse de “Jomav” como Presidente marcou o regresso do país à ordem constitucional no dia 26 de junho de 2014.