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Guiné-Bissau: MADEM-G15 mantém-se na coligação governamental

Lusa
1 de junho de 2021

O Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15) vai manter-se na coligação que sustenta o atual Governo na Guiné-Bissau, mas quer explicações sobre as pastas governamentais perdidas, disse o porta-voz do partido.

Braima Camará, coordenador do MADEM-G15

A direção superior do MADEM-G15 defende a continuidade do partido na coligação que sustenta o atual Governo na Guiné-Bissau, mas quer análises profundas sobre a perda de pastas governamentais a favor do PRS (Partido da Renovação Social) e Assembleia do Povo Unido - Partido Social-Democrata (APU-PDGB), as duas outras formações partidárias que fazem parte da coligação no Governo.

A decisão saiu de uma reunião da Comissão Permanente, alargada às estruturas da juventude, de quadros e de mulheres do partido que nos últimos dias têm vindo a exigir a retirada do MADEM-G15 da coligação.

A Comissão Permanente concluiu que "de facto" o MADEM-G15 "saiu prejudicado na última remodelação governamental", mas que coloca em primeiro lugar o interesse nacional.

"A verdade é que se comparamos o número de deputados que o MADEM com o número de pastas governamentais que o partido tem atualmente no Governo, sobretudo depois da remodelação governamental, é fácil perceber que o partido saiu prejudicado, mas sempre defendemos o interesse nacional", afirma o porta-voz do MADEM-G15, Jibril Baldé, que foi exonerado das funções do ministro da Educação.

Partido diz-se prejudicado

Por ser o partido com maior número de deputados entre os da coligação no Governo, 27, as estruturas do MADEM-G15 consideram que o partido tem sido prejudicado.

Uma das críticas que as estruturas do partido fazem a Braima Camará, coordenador do MADEM-G15, é uma alegada inércia perante o que consideram de falta de colocação de quadros do partido no aparelho do Estado e ainda a pouca atribuição de bolsas de estudos para a juventude alinhada com aquela formação política, disse Carlos Sambú, em nome da juventude do partido no poder.

Reunião do Governo de Nuno Gomes Nabiam (arquivo)Foto: DW/B. Darame

"Houve alguns atropelos ao acordo (político que sustenta o atual governo) no meio do caminho e nós, enquanto jovens do partido, exigimos à direção superior do partido para que explique o que está acontecer dentro do acordo da governação, porque fala-se muito que algumas pastas já não pertencem ao MADEM-G15, e queremos que a direção explique isso", sublinhou.

"Não queremos que o MADEM-G15 saia da aliança, mas que denuncie o acordo, porque não está a favorecer o partido", acrescentou Sambú.

Estratégia de "fuga para a frente"?

Jibril Baldé notou que foram dadas orientações para uma "análise aprofundada" sobre as questões levantadas pelas estruturas do partido, mas sem colocar em causa o acordo da coligação.

"O partido vai analisar profundamente todas as questões levantadas e outras que ainda não foram colocadas pelas estruturas do partido para depois tomar decisões políticas necessárias e fazer as devidas correções", disse.

Ao analisar o atual cenário, o analista político Jamel Handem desconfia da real intenção das reclamações do MADEM-G15. "Na minha opinião, isto não passa de uma estratégia de fuga para a frente, que visa fundamentalmente provocar a queda do governo do [primeiro-ministro] Nuno Gomes Nabiam e num segundo passo provocar eleições antecipadas dentro de 90 dias no país", conclui.

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