Guiné-Bissau não cumpre prazo para nomear novo Governo
Iancuba Dansó (Bissau)
22 de maio de 2020
Termina nesta sexta-feira o prazo dado pela CEDEAO ao Presidente guineense Umaro Sissoco Embaló para nomear um primeiro-ministro. Mas nada indica que a Guiné-Bissau esteja prestes a ter um novo chefe do Governo.
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Em comunicado de 22 de abril, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) reconheceu Umaro Sissoco Embaló como Presidente da Guiné-Bissau, depois de um longo e contestado processo eleitoral. Ao mesmo tempo pediu ao Presidente a nomeação de um novo primeiro-ministro que tenha em conta os resultados das eleições legislativas de março do ano passado.
O analista político Rui Landim não espera a nomeação. "Para mim, não vai haver nada, como sempre pensei que não. É uma manobra de diversão da parte de certos chefes de Estados-membros da CEDEAO, que procuram, à viva força, impor-nos uma forma de Estado, que despreza completamente o arsenal jurídico-constitucional da Guiné-Bissau", disse Landim à DW África. A busca vã pelo consenso
PAIGC reclama formação de novo Governo até 22 maio
03:25
Numa altura em que as alas políticas reclamam cada um a seu favor a maioria parlamentar, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), vencedor das legislativas de 2019, promoveu, na quinta-feira (21/05) vários encontros com as formações políticas representadas no Parlamento guineense para encontrar um consenso com vista à formação de um novo Governo.
A iniciativa fracassou, já que os partidos que atualmente governam o país, o Movimento para Alternância Democrática (MADEM G-15) e o Partido da Renovação Social (PRS) alegam ter uma maioria na Assembleia Nacional Popular capaz de sustentar o atual Governo, liderado por Nuno Gomes Nabiam. Estas formações demarcaram-se da intenção de formar um novo Executivo.
"Um país imprevisível”
Perante o cenário político, o jornalista guineense Bacar Camará pensa que a crise não vai chegar ao fim tão cedo: "Estamos num país bastante imprevisível, isto considerando a impreparação dos atores políticos nacionais". Camará considera que as chefias "não têm preparação mínima para dirigir o país, nem para assumir determinadas lideranças."
Pelo que, diz: "Eu espero que vamos continuar a gerar crise, tal como aconteceu na legislatura anterior, porque a forma como se faz a política não visa, naturalmente, servir o país, mas sim servir alguns interesses de grupos de pessoas de determinados setores."
Deputado vítima de rapto
A atualidade política guineense ficou marcada, esta sexta-feira (22.05), pelo sequestro, por desconhecidos, do deputado e líder da bancada parlamentar de Assembleia do Povo Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), Marciano Indi, que assumiu a posição do PAIGC na contestação ao atual Governo da Guiné-Bissau. O representante foi, posteriormente, libertado pelos seus raptores.
O analista Rui Landim caracteriza assim o clima que se vive no país: "Estamos a ver que agora se instalou um sistema de violência, com rapto de deputados, que vai agravar cada vez mais, e vai-se criar um clima de terror e um terrorismo generalizado."
Guiné-Bissau: um pequeno país de futebolistas gigantes
Os números falam por si. Em 2017, Bruma ruma para o Leipzig por 12,5 milhões de euros. E o talento guineense não se esgota aqui.
Foto: picture-alliance/Anadolu Agency/O. Coban
Bruma
Bruma começou cedo. Deixou Bissau aos 12 anos para ir atrás do seu sonho em Portugal. Integrou a academia do Benfica e depois a do Sporting. Em 2013, o extremo alcançou a equipa principal dos verdes e brancos. Passou depois pelo Galatasaray e pelo Real Sociedad até chegar à Bundesliga, onde veste atualmente a camisola do RB Leipzig, que pagou cerca de 12,5 milhões pela sua transferência.
Foto: picture-alliance/Anadolu Agency/O. Coban
Úmaro Embaló
Parecia ser a mais cara transferência de sempre de um jovem de Portugal para o estrangeiro. O nome de Úmaro Embaló, guineense de 16 anos, fez correr muita tinta nos jornais desportivos desde o início do ano de 2018, pois iria trocar a camisola do Sport Lisboa e Benfica pela do RB Leipzig, na Alemanha, por 20 milhões de euros. O negócio caiu no último dia do mercado de transferências europeu.
Foto: Imago/Newspix/K. Cichomski
Éder
Nascido em Bissau, em 1987, Ederzito, mais conhecido como Éder, passou de “patinho feio” a “ídolo” das Quinas depois de, no Euro 2016, ter marcado o golo decisivo que valeu a taça a Portugal. O avançado, que está atualmente emprestado pelo Lille (França) ao Lokomotiv Moscovo, começou a sua carreira nas camadas jovens da Associação Académica de Coimbra. Estreou-se pela Seleção Portuguesa em 2012.
Foto: Getty Images/AFP/F. Fife
Danilo Pereira
Foi também em Portugal que Danilo Pereira encontrou futuro. Da formação do Benfica, o jovem nascido em 1991 rumou para Itália para vestir a camisola do Parma, em 2010. Após algumas épocas emprestado, o médio assinou contrato com o Club Sport Marítimo. Em 2014, Danilo é considerado uma das revelações da I Liga e o FC Porto não o deixou escapar. A sua cláusula de rescisão é de 40 milhões de euros.
Foto: Getty Images/D. Mullan
Carlos Mané
É também na Alemanha, no Estugarda, que joga atualmente o luso-guineense Carlos Mané. Nascido em 1994, também este guineense cresceu nas escolas do Sporting, tendo integrado a academia dos verdes e brancos com apenas sete anos. O caminho até à equipa principal foi demorado mas, finalmente em 2014, o extremo estreou-se em Alvalade.
Foto: picture-alliance/Sport Moments/Schweizer
José Gomes
É considerado uma das promessas do futebol português. Nascido em Bissau em 1999, o avançado rumou para Portugal tendo sido recebido na equipa da Luz. Em 2016 fez o seu primeiro jogo pela equipa principal dos encarnados, tornando-se o terceiro jogador mais jovem a jogar pelas águias, com apenas 17 anos. Em 2015, José Gomes foi o melhor marcador e considerado o melhor jogador do Europeu Sub-17.
Foto: Imago/GlobalImagens
Pelé
Aos 25 anos, Pelé, de ascendência guineense, veste a camisola do Rio Ave. O médio defensivo iniciou-se no Belenenses, tendo depois passado pelo Olhanense, Arsenal Kiev (Ucrânia) e pelos sub-20 do AC Milan (Itália). Em 2015 chega ao Benfica. Uma lesão grave impediu-o de ir para o inglês Wolverhampton, um negócio de dois milhões de euros.
Foto: Imago/GlobalImagens
Yannick Djaló
Terminamos com Yannick Djaló. Natural de Bissau, Djaló, que é também um produto da academia do Sporting, estreou-se na primeira divisão em 2006. Seis anos depois assinou contrato pelo Benfica tendo sido, em 2014, emprestado ao San José Earthquakes. Seguiram-se o Mordovia Saransk e o Ratchauri Mitr Phol. Djaló regressou a Portugal e veste agora, com 32 anos, a camisola do Vitória FC.