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Guiné-Bissau: PGR criticado por papel em "período sangrento"

1 de maio de 2020

Novo Procurador-Geral nomeado pelo Presidente guineense promete combater a corrupção e o crime organizado, mas Fernando Gomes está a ser alvo de duras críticas. Líder do PUN lamenta mandato no Governo de Carlos Gomes.

Fernando Gomes tomou posse esta quinta-feira (30.04) como PGR Foto: DW/B. Darame

O líder do Partido da Unidade Nacional (PUN), Idriça Djaló, afirmou esta sexta-feira (01.05) que o novo Procurador-Geral da República (PGR) da Guiné-Bissau, Fernando Gomes, foi ministro do Interior (2008-2012), num dos "períodos mais sangrentos" da história recente da democracia do país.

"O Dr. Fernando Gomes foi o principal responsável pela segurança de pessoas e bens, enquanto um dos ministros do Interior, quando Carlos Gomes era primeiro-ministro. Foi durante o seu consulado que assassinatos de individualidades foram utilizados como métodos de resolução de contenciosos políticos”, disse à DW África, a partir de Bissau, o ex-candidato presidencial.

O novo Procurador-Geral da República, Fernando Gomes, tomou posse esta quinta-feira (30.04), na sede da Presidência, na capital. Tido como braço-direito de Carlos Gomes Júnior, apoiou o seu regresso do asilo político e a sua candidatura à Presidência guineense. Após a sua derrota na primeira volta do pleito eleitoral, Carlos Gomes Júnior apoiou, na segunda volta, Umaro Sissoco Embaló, que viria a ser eleito Presidente.

Idriça DjalóFoto: DW/B. Darame

"Sissoco podia fazer melhor escolha"

"Foi durante esse período, em que Carlos Gomes Júnior era primeiro-ministro e Fernando Gomes ministro do Interior, que o Presidente da República, Nino Vieira, foi selvaticamente assassinado, assim como o chefe das Forças Armadas, o general Tagme Na Waye. Nenhum desses casos foi julgado", acusa Idriça Djaló, acrescentando que Umaro Sissoco Embaló poderia ter feito uma melhor escolha para o Ministério Público guineense.

Fernando Gomes foi nomeado Procurador-Geral por Sissoco, na sequência do pedido de demissão apresentado na terça-feira (28.04) por Ladislau Embassa.

"O próprio atual procurador está diretamente envolvido no assassinatos  a sangue frio de Yaya Dabó, um responsável do serviços secretos, que foi executado sumariamente nas instalações do Ministério do Interior e nunca o ministro do Interior diligenciou inquéritos e nem condenou publicamente os tais atos", disse Idriça Djaló à DW África, citando ainda casos de assassinatos de Hélder Proença, Baciro Dabó e Roberto Cachéu e Samba Djaló, altas figuras do Estado mortos durante esse período.

Combate à corrupção

Fernando Gomes à esq, Carlos Júnior ao centro e Raimundo Pereira à direita.Foto: DW/João Carlos

Falando após a tomada de posse, o novo PGR deu um prazo de 90 dias para que sejam entregues os bens do Estado que tenham sido desviados e admitiu uma investigação a todo o aparelho estatal. O novo Procurador-Geral da República sublinhou também que vai começar por dar um exemplo e que o próprio Ministério Público "será objeto da mesma investigação", bem como todos os serviços que dependem da Procuradoria-Geral da República, no âmbito do combate à corrupção.

No entanto, Idriça Djaló afirma que o novo procurador tem um passado ligado ao maior desvio de dinheiro público: "Refiro-me ao desvio de dezenas de milhões de dólares, produto do trabalho dos produtores de caju, conhecido pelo nome de FUNPI e o roubo cometido pelos responsáveis governamentais da época, de 12 milhões de dólares concedidos à Guiné-Bissau pelo Governo de Angola. Nenhum destes casos foi julgado até à data presente".

No seu discurso, Fernando Gomes disse também que os combates à corrupção, criminalidade económica e financeira, crime organizado e tráfico de droga serão a sua prioridade.

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