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Guiné-Bissau: O país "onde não se pode sonhar"

Ângelo Semedo
20 de fevereiro de 2018

Viver na Guiné-Bissau não está a ser fácil para os jovens. A crise política, a falta de oportunidades e as políticas governamentais para a juventude fazem com que os mais jovens vivam num mar de incertezas.

Guinea-Bissau Lesmes Monteiro
Lesmes Monteiro, jurista e membro do Movimento dos Cidadãos Conscientes InconformadosFoto: Privat

A Guiné-Bissau tem vivido momentos conturbados por causa de divergências entre os atores políticos que duram há mais de dois anos. Esta crise, que para muitos parece não ter fim à vista, está a comprometer as perpetivas dos jovens para o futuro, por estarem constantemente a adiar os seus planos de vida, precisamente devido às incertezas políticas.

Guiné-Bissau: O país "onde não se pode sonhar"

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Muitos jovens guineenses têm sido obrigados a abandonar o país, correndo, muitas vezes, enormes riscos, porque não têm alternativas e os seus problemas não constam como prioridade na agenda política.

Para o jovem Lesmes Monteiro, jurista e membro do Movimento dos Cidadãos Conscientes e Inconformados, a Guiné-Bissau é "um país onde não se pode sonhar". Pode-se fazer planos para a vida e para a família, "mas os acontecimentos políticos, por serem constantes, acabam por afetar toda a planificação para o futuro, principalmente, da camada juvenil", explica.

Lesmes Monteiro afirma ainda que a maior parte dos jovens guineenses está sem perspetivas e sublinha que "o pior nisso tudo, é que a própria juventude não está preparada para a mudança, para assumir o papel dos agentes de transformação da sociedade".

Sem "cunha política" não há emprego

Encontrar trabalho para um jovem na Guiné-Bissau não é tarefa fácil, a não ser que tenha uma "cunha politica” e faça parte de um partido político, diz o presidente da Associação de Jovens Unidos para o Desenvolvimento Plubá II. Edvaldo Correia  lamenta estar a viver num país onde a juventude não é prioridade dos políticos e onde tudo que é programado por jovens é "defraudado",  o que torna a vida dos mais novos cada vez mais difícil.

Edvaldo Correia: "Quem não tiver cunha política, não se consegue enquadrar"Foto: privat

Edvaldo Correia explica que muitos jovens que acabam a formação estão a andar de um lado para outro sem perspetiva de vida. "Quem não tiver uma cunha política, não se consegue enquadrar", afirma.

O líder juvenil acrescenta que a classe política gueneense não se tem preocupado e investido na juventude, o que impede muitos de darem o seu contributo para o desenvolvimento do país, mesmo estando em condicoes de o fazer. Do seu ponto de vista, os políticos da Guiné-Bissau "simplesmente remetem os jovens ao esquecimento".

Por seu lado, o membro do Movimento dos Cidadãos Conscientes e Inconformados, Lesmes Monteiro, assegura também que a juventude guineense não consta na agenda dos políticos e só ganha importância apenas em épocas eleitorais.

A Guiné-Bissau é um dos países de língua portuguesa com maior número de jovens. Um relatório do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP) intitulado "Acedendo ao Estado da População Mundial - 2017", aponta que 41% da população é composta por jovens.

 

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