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Guiné-Bissau: Ordenada busca por autores de ataque

Lusa
18 de fevereiro de 2022

O chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau, general Biagué Na Ntan, deu hoje "diretivas de comando" a todos os militares do país para iniciarem ações de busca para encontrar os autores da tentativa de golpe de Estado.

Guinea-Bissau | Soldaten in Bissau
Foto: Andre Kosters/EPA

O chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau, o general Biagué Na Ntan, esteve esta sexta-feira (18.02) no quartel do comando do Exército em Bissau e perante comandantes de todas as unidades, batalhões e zonas militares, na presença de jornalistas, para comunicar a sua decisão.

"Vim cá hoje com o objetivo de vos dar uma diretiva de comando do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas. Não vim cá para falar de política, vim cá dar ordens para execução obrigatória. Quem não cumprir, será substituído", avisou Na Ntan.

Com a voz visivelmente irritada, o Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas guineenses considerou ser "uma vergonha" que os militares "não tenham feito nada, não tenham perseguido" os autores dos ataques ao Palácio do Governo.

"Quero saber porque é que pessoas que juraram a bandeira da Guiné-Bissau, pessoas que recrutamos, pessoas a quem demos a farda militar, pegaram em armas para atirar contra o Presidente da República, o primeiro-ministro e membros do Governo, mas ninguém fez nada", questionou o general.

Palácio do Governo atacado a 1 de fevereiro Foto: Iancuba Danso/DW

Biagué Na Ntan, que regressou ao país na segunda-feira, depois de cerca de três semanas em tratamento médico em Espanha, disse ser inaceitável que "nenhum quartel" de Bissau tenha saído em defesa do Presidente da República, do primeiro-ministro e dos membros do Governo "durante cinco horas".

"Ainda pior, já se passaram 17 dias e essa gente não foi detida", observou o general.

Biagué Na Ntan afirmou ainda que jurou defender a Guiné-Bissau, respeitar a Constituição, não privilegiar nenhum grupo étnico nas Forças Armadas e que prefere ir sentar-se na sua casa do que "passar vergonha".

"A Guiné-Bissau é nossa, temos que defendê-la, não é de nenhuma etnia", defendeu o CEMGFA guineense.

Dirigindo-se aos comandantes das Zonas Militares da Guiné-Bissau, Na Ntan disse que a sua ordem era clara: "Busca e apreensão" a partir de hoje para que os atacantes do Palácio do Governo sejam levados à justiça.

A 1 de fevereiro, homens armados atacaram o Palácio do Governo da Guiné-Bissau, onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e do primeiro-ministro, Nuno Nabiam, e de que resultaram oito mortos.

Umaro Sissoco Embaló, Presidente guineense, ladeado de chefias militaresFoto: Iancuba Danso/DW

Os suspeitos

O Presidente guineense considerou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado e apontou o ex-chefe da Marinha José Américo Bubo Na Tchuto, Tchamy Yala, também ex-oficial, e Papis Djemé como os principais responsáveis.

Os três homens foram presos em abril de 2013 por agentes da agência antidrogas norte-americana (DEA) a bordo de um barco em águas internacionais na costa da África Ocidental e cumpriram pena de prisão nos Estados Unidos.

Os três alegados responsáveis pela tentativa de golpe de Estado foram detidos, segundo o Presidente guineense.

A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo, com cerca de dois terços dos 1,8 milhões de habitantes a viverem com menos de um dólar por dia, segundo a ONU.

 Desde a declaração unilateral da sua independência de Portugal, em 1973, sofreu quatro golpes de Estado e várias outras tentativas que afetaram o desenvolvimento do país.

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