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Guiné-Bissau: PAIGC denuncia mais uma detenção arbitrária

Lusa | cvt
17 de agosto de 2020

Partido guineense denunciou, esta segunda-feira (17.08), a detenção arbitrária de Bacai Sanhá, um outro dirigente do comité central, num ato que classificou de "atentado monstruoso" às liberdades.

PAIGC National Headquarters
Sede do PAIGC em BissauFoto: DW/B. Darame

"O PAIGC vem dar conhecimento que o camarada Bacai Sanhá [filho do antigo Presidente guineense Malam Bacai Sanhá] foi intercetado por agentes da Guarda Nacional em território guineense, quando em viagem a Zinguichor [no Senegal]", refere o comunicado do secretariado nacional do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). 

Ainda segundo o documento, a viagem de Bacai Sanhá teria por objetivo "dar assistência à sua esposa que se encontra em tratamento médico naquele país vizinho". 

Para o partido, aquele é "mais um entre tantos atos de violência que o país vem assistindo à luz do dia", com a particularidade de serem sempre contra "dirigentes do PAIGC". 

Bacai Sanhá, conhecido também como "Bacaizinho", ocupava as funções de secretário de Estado das Comunidades no Governo liderado por Aristides Gomes, que foi deposto na sequência da tomada de posse do atual Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló. 

"Mais uma vez perante os olhares incrédulos e revoltados do povo guineense, um cidadão é capturado e levado do norte do país para as instalações da Guarda Nacional, em Bissau, sem culpa formada", salienta o partido. 

Motivo da detenção

Ainda no comunicado, o PAIGC sublinha que o "pretexto para a prisão abusiva e arbitrária" é que Bacai Sanhá estaria a organizar a fuga de Aristides Gomes, refugiado nas Nações Unidas em Bissau. 

"O camarada Bacai Sanhá foi submetido a violência psicológica, interrogatórios durante horas, tendo sido deixado à espera de ordens superiores para saber que destino lhe seria imposto", refere o partido. 

O PAIGC lamenta o "silêncio ensurdecedor" dos parceiros da Guiné-Bissau, da sociedade civil e da comunidade internacional. 

Em junho, um outro dirigente do partido foi detido pelas forças de segurança, acabando por ser posto em liberdade.

Armando Correia Dias, membro do comité central do PAIGC e empresário guineense, foi detido a 20 de junho em Bissau - quando circulava numa viatura, como passageiro, onde seguiam mais duas pessoas. Três dias depois, Armando Correia Dias e o seu irmão Caló Dias foram libertados, após serem ouvidos por membros do Ministério Público em Bissau.

Armando Correia DiasFoto: privat

Crise pós-eleitoral

Depois de a Comissão Nacional de Eleições ter declarado Umaro Sissoco Embaló vencedor da segunda volta das eleições presidenciais, o candidato dado como derrotado, Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC, não reconheceu os resultados eleitorais, alegando que houve fraude e meteu um recurso de contencioso eleitoral no Supremo Tribunal de Justiça, que não tomou, até hoje, qualquer decisão. 

Umaro Sissoco Embaló assumiu unilateralmente o cargo de Presidente da Guiné-Bissau em fevereiro e acabou por ser reconhecido como vencedor das eleições pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que tem mediado a crise política no país, e restantes parceiros internacionais. 

Após ter tomado posse, o chefe de Estado demitiu o Governo liderado por Aristides Gomes, saído das eleições legislativas de 2019 ganhas pelo PAIGC, e nomeou um outro liderado por Nuno Nabiam, líder da Assembleia do Povo Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), que assumiu o poder com o apoio das forças armadas do país, que ocuparam as instituições de Estado. 

O programa de Governo de Nuno Nabiam foi aprovado no Parlamento da Guiné-Bissau com o apoio de cinco deputado do PAIGC. 

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