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Guiné-Bissau: A denuncia do PAIGC é de "má fé"

28 de janeiro de 2021

Empresa do líder do partido que sustenta o Governo insta o PAIGC a provar na justiça as acusações de que recebeu do Estado 4,8 milhões de euros. Igualmente visado, ministro da Economia Victor Mandinga fala de "má-fé".

Demonstration in Bissau
Foto: DW/F. Tchuma

O líder do Movimento para a Alternância Democrática da Guiné-Bissau (MADEM-G15), Braima Camará quer que o  Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) vá provar na justiça que a sua empresa, o Grupo Malaika, tenha recebido do Estado guineense cerca de 4,8 milhões de dólares em "troca de favores". O Madem-G15 faz parte da coligação governamental.

Em conferência de imprensa realizada na quarta-feira (27.01), Muniro Conté, membro do secretariado do partido que venceu as últimas eleições legislativas no país, mas que se encontra na oposição, afirmou que o Governo se prepara para pagar ao empresário Braima Camará, coordenador do Movimento para a Alternância Democrática (MADEM G-15) cerca de 4,8 milhões de euros.

Reagindo às acusações, o Grupo Malaika começou por dizer que a operação nada tem a ver com a política. O diretor-geral do grupo avança que o montante referido é uma parte da dívida resultante de prestação de serviços do grupo ao Estado guineense.

Pagamento das dívidas

"É um ajuste de contas, por isso, nós estamos tranquilos. Quero apelar para que se distinga a empresa de personalidades políticas. Malaika nada tem a ver com o partido político. O denunciante, o PAIGC, que vá para ao fórum próprio provar as suas acusações e nós lá iremos dar os detalhes e assumiremos a nossa responsabilidade", disse esta quinta-feira (28.01) o diretor-geral do Grupo Malaika, Mamadú Bandji.

Braima Caramá, líder do MADEM-G15 e dono do grupo Malaika, nega as acusações do PAIGC

O PAIGC acusou o Governo de estar a efetuar pagamentos indevidos a vários dirigentes no poder no país. Braima Camará, líder do partido maioritário no atual Governo, é dono de um hotel e de um grupo comercial que opera essencialmente no setor do caju, principal produto agrícola e de exportação da Guiné-Bissau.

Mamadú Bandji disse que os 4,8 milhões de euros não foram diretamente para os cofres da empresa, mas sim para "repor as suas obrigações financeiras junto às bancas". O grupo Malaika revela que, só durante o período da pandemia, a sua unidade hoteleira, recebeu 25 médicos cubanos que foram à Bissau ajudar no tratamento dos doentes, o que se saldou em uma dívida de quase 900 mil euros.

"PAIGC de má-fé"

O PAIGC denunciou ainda um alegado pagamento de cerca de 420 mil euros do Governo ao ministro da Economia e Integração Regional, Victor Mandinga, na sua qualidade de dono de um grupo comercial.

"Da parte do PAIGC é uma plena má-fé, porquanto o PAIGC sabe que a minha empresa sofreu danos incalculáveis durante a guerra civil de 1998/99 e que em 2000 houve uma auditoria internacional conduzida pelo Banco Mundial e a União Europeia que determinaram que a minha empresa recebesse indeminização pelos prejuízos verificados e contabilizados pela auditoria”, disse à DW África, o atual ministro da Economia e Integração Regional.

Vítor Mandinga diz que começou a ser pago pelo Governo do PAIGCFoto: DW/B. Darame

Vítor Mandinga confirma que já recebeu pagamentos de Governos do PAIGC, através do processo de resgate dos bancos comerciais em que ficou decidido que o Estado pagava as dividas internas auditadas junto aos bancos privados. 

"Em 2019 foi o Governo do PAIGC liderado por Aristides Gomes que fez o primeiro pagamento a um banco. É nesta sequência que foi feito o pafamento agora, em outubro de 2020, por orientações do próprio Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, que exigiram que os bancos recuperassem a parte que o Estado deve aos seus clientes. E foi só tão somente isso”, afirma Mandinga, que entende a denúncia como forma de "denegrir a sua imagem na praça pública”.

"PAIGC com memória curta"

O político e empresário diz que a esta operação não tem nada a ver com a dilapidação do erário público e não está ligada a qualquer processo corrupto, como insinua o PAIGC.

Também o ministro das Finanças guineense, João Fadiá, considerou que o "PAIGC está com memória curta" e lembrou que todos os pagamentos "decorrem da determinação legal, prevista no Orçamento Geral do Estado".

A Braima Camará está a ser amortizada uma dívida contraída pelo Governo com o seu hotel, utilizado para alojar doentes de Covid-19, no início da pandemia, em março do ano passado, e ainda médicos cubanos contratados para dar assistência ao país, referiu João.

 

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