Guiné-Bissau prepara-se para eventual surto de ébola
21 de julho de 2014O curso, que decorreu entre os dias 11 e 12 de julho, foi destinado a técnicos recém-formados e de centros de saúde das zonas Leste e Sul do país, junto à fronteira com a Guiné-Conacri, e visa prevenir o surto de ébola que assola aquele país vizinho desde abril último.
Os técnicos de saúde, por estarem mais expostos ao vírus da ébola, foram capacitados com vista a lidar com a doença e os cuidados a ter para não serem contaminados.
Maria Grovas, coordenadora da equipa de formadores e médica da ONG Médicos Sem fronteiras, disse que uma das estratégias de formação é ensinar o diagnóstico da doença e o uso de equipamentos de proteção.
Ela afirma que "demos formação aos técnicos sobre medidas preventivas para se protegerem, assim como os passos a seguirem quando chegar um doente com o vírus de ébola ao centro de saúde."
Boas práticas
A coordenadora da ONG acrescenta que "ao mesmo tempo fizemos um reforço teórico sobre sintomas de ébola para distinguirmos realmente um doente de ébola. A formação da equipa de resposta ao virus foi mais intensa por ser mais especializada em estabelecer o isolamento e tratamento do doente."
Maria Grovas aponta boas práticas de higiene como uma das condições para a prevenção da ébola: "O que estamos a insistir com os técnicos de saúde, não só nos lugares próximos da fronteira. Mas em todo o país, o mais importante agora é reforçar aquelas práticas de higiene dentro dos centros de saúde, que é usar as luvas e lavar as mãos."
Para a médica "essas medidas deveriam estar presentes em todos os centros de saúde". Entretanto ela está ciente das condições do país: "Sabemos que por vezes, por falta de tempo ou meios, essas medidas não são tomadas. Agora é que estamos em alerta por causa dessa epedemia, a maior da história no país vizinho, os técnicos de saúde devem reforças as medidas de higiene "
Entretanto, Nicolau Almeida, diretor geral de serviços da prevenção e promoção de saúde na Guiné-Bissau, garantiu a DW África que estão montadas medidas preventivas em todo o país.
O diretor relata: "Formamos as pessoas, tanto os técnicos de saúde como os guardas-fronteira, resolvemos arranjar um quarto para o isolamento dos possiveis casos suspeitos e elaboramos um plano de contingência."
Para além disso, segundo Nicolau Almeida, "periodicamente fazemos visitas às regiões que achamos que possivelmente poderão aparecer casos da doença. Também fornecemos kits de proteção para todas as zonas que fazem fronteira com a Guiné-Conacri. Uma equipa está no aeroporto vendo os possiveis casos suspeitos da ébola."
E o controle marítimo?
Mas não em todas as fronteira que tudo corre de feição, revela Almeida: "Em termos marítimos, é um pouco difícil, mas mesmo assim preparamos guardas marítimos para a deteção precoce de casos."
David Quadé, recém-formado e um dos participantes na formação, garante que estão aptos a fazer face a eventuais casos de ébola: "Como atuar diante de um caso suspeito de ébola, que é colocar o doente numa sala isolada para que possamos intervir usando equipamentos de proteção."
Recorde-se que a CEDEAO, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, em colaboração com a Organização Oeste Africana de Saúde, decidiu criar um Plano Regional para fazer face à epidemia da ébola que já matou mais de 400 pessoas na Guiné Conacri, Libéria e Serra leoa.
Por este motivo, as duas organizações constituíram um fundo de solidariedade de luta conta a ébola tendo, a Nigéria já disponibilizado 3.5 milhões de dólares para os países afetados.