Em declarações aos jornalistas, esta sexta-feira (11.03), Nuno Gomes Nabiam disse esperar vencer as legislativas do próximo ano "para poder continuar a construir o país".
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O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Nuno Gomes Nabiam, disse ter esperança de ganhar as próximas eleições legislativas, que devem realizar-se em 2023, para "continuar a construir" o país.
"Quando mostramos o que fazemos, a população ganha confiança em nós e temos esperança de ganhar as próximas eleições para poder continuar a construir o país, que é fundamental", afirmou, esta sexta-feira (11.03), Nuno Gomes Nabiam.
O primeiro-ministro guineense falava aos jornalistas após visitar um conjunto de obras que estão a ser feitas no porto do Alto do Bandim e que visam melhorar as capacidades do país para começar a exportar peixe.
Nuno Gomes Nabiam disse que depois das obras feitas aquele complexo, que inclui um laboratório, já concluído, um centro de arranjo de peixe, com capacidade para armazenar 600 toneladas, e o novo porto de pesca do Alto do Bandim, serão criados cerca de 3.500 empregos.
"Isto é bom para o país. Este projeto, quando terminar, vai dar emprego a cerca de 3.500 guineenses. Temos de fazer algo nesta governação para que o povo veja que estamos a trabalhar. Garantimos 3.500 postos de trabalho e também que o nosso pescado pode começar a ser exportado até ao final do ano", afirmou.
Após visitar as obras em curso no porto do Alto Bandim, o primeiro-ministro visitou a Companhia Logística de Combustível da Guiné-Bissau.
"Foi feito um investimento grande de 10 milhões de euros, financiado pela União Europeia, na construção de um porto para atracar navios que transportam combustível. Temos capacidade de receber navios sem problemas. Isto vai permitir ao país ser sustentável em termos de fornecimento de combustível", afirmou.
Questionado pelos jornalistas sobre a capacidade de armazenamento de combustível pelo país, o primeiro-ministro explicou que na eventualidade de uma rutura, tendo em conta até a guerra na Ucrânia, há capacidade para armazenar combustível para 45 dias.
Golpes de Estado em África: Um mal endémico
Em menos de um ano, o continente africano viveu oito golpes e tentativas de golpe de Estado. A maior parte aconteceu na África Ocidental, região do continente mais fértil para as intentonas. Não há fator surpresa.
Foto: Radio Television Guineenne/AP Photo/picture alliance
Níger: Tentativa de golpe fracassada
A tentativa de golpe de Estado aconteceu a 31 de março de 2021, dois dias antes da tomada de posse do Presidente Mohamed Bazoum. Na capital, Niamey, foram detidos alguns membros do Exército por detrás da tentativa. O suposto líder do golpe é um oficial da Força Aérea encarregado da segurança na base aérea de Niamey. O Níger já sofreu 4 golpes de Estado: o último, em 2010, derrubou Mamadou Tandja.
Foto: Bernd von Jutrczenka/dpa/picture alliance
Chade: Uma sucessão com sabor a golpe de Estado
Pouco depois do marechal Idriss Déby ter vencido as presidenciais, morreu em combate contra rebeldes. A 21 de abril de 2021, o seu filho, o general Mahamat Déby, assumiu a liderança do país, sem eleições, nomeando 15 generais para o Conselho Militar de Transição, entre eles familiares seus. Idriss governou o Chade por mais de 30 anos com mão de ferro e o filho dá sinais de lhe seguir os passos.
Foto: Christophe Petit Tesson/REUTERS
Mali: Um golpe entre promessas de eleições
O coronel Assimi Goita foi quem derrubou Bah Ndaw da Presidência do Mali a 24 de maio de 2021. Justifica que assim procedeu porque tentava "sabotar" a transição no país. Mas Goita prometeu eleições para 2022 e falou em "compromisso infalível" das Forças Armadas na defesa da segurança do país. Pouco depois, o Tribunal Constitucional declarou o coronel Presidente da transição.
Foto: Xinhua/imago images
Tunísia: Um golpe de Estado sem recurso a armas
No dia 25 de julho de 2021, Kais Saied demitiu o primeiro ministro, seu rival, Hichem Mechichi, e suspendeu o Parlamento por 30 dias, o que foi considerado golpe de Estado pela oposição, que convocou manifestações em nome da democracia. Saied também levantou a imunidade dos parlamentares e garantiu que as decisões foram tomadas dentro da lei. Nas ruas de Tunes, teve o apoio da população.
Foto: Fethi Belaid/AFP/Getty Images
Guiné-Conacri: Um golpista da confiança do Presidente
O dia 5 de setembro de 2021 começou com tiros em Conacri, uma capital que foi dominada por militares. O Presidente Alpha Condé foi deposto e preso pelo coronel Mamady Doumbouya - que dissolveu a Constituição e as instituições. O golpista traiu Condé, que o tinha em grande estima e confiança. Doumboya tinha demasiado poder e não se entendia com a liderança da ala castrense.
Foto: Radio Television Guineenne via AP/picture alliance
Sudão: Golpe compromete transição governativa
A 25 de outubro de 2021, os golpistas começaram por prender o primeiro ministro, Abdalla Hamdok, e outros altos quadros do Governo para depois fazerem a clássica tomada da principal emissora. No comando estava o general Abdel Fattah al-Burhan, que dissolveu o Conselho Soberano. Desde então, o Sudão vive manifestações violentas, com a polícia a ser acusada de uso excessivo de força.
Foto: Mahmoud Hjaj/AA/picture alliance
Burkina Faso: Golpe de Estado festejado
A turbulência marcou o começo do ano, mas a intentona foi celebrada em grande nas ruas da capital, Ouagadougou. A 23 de janeiro de 2022, o tenente-coronel Paul Damiba liderou o golpe de Estado ao lado do Exército. Ao Presidente Roch Kaboré não restou outra alternativa se não demitir-se. Tal como os golpistas de outros países, comprometem-se a voltar à ordem constitucional após consultas.
Foto: Facebook/Präsidentschaft von Burkina Faso
Guiné-Bissau: Intentona ou "inventona"?
Tiros, alvoroço, mortos e feridos no Palácio do Governo marcaram o dia 1 de fevereiro de 2022 em Bissau. O Presidente Umaro Sissoco Embaló diz que os golpistas queriam matá-lo e ao primeiro ministro, Nuno Nabiam. Houve algumas detenções, mas até hoje não se conhece o líder golpista. No país, acredita-se que tudo não passou de um "teatro" orquestrado pelo próprio Presidente, amplamente contestado.