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Guiné-Bissau procura normalizar relações com Angola

João Carlos (Lisboa)10 de março de 2015

Com a visita esta semana a Luanda do primeiro-ministro guineense, Angola e Guiné-Bissau decidiram reatar relações bilaterais, interrompidas desde a saída de 350 militares angolanos de Bissau depois do golpe de 2012.

Primeiro-ministro guineense, Domingos Simões Pereira, está de partida para LuandaFoto: CPLP

Para António Luvualu de Carvalho, professor da Universidade Lusíada de Angola, as relações políticas entre os dois países nunca foram afetadas.

O académico angolano afirma que a cooperação entre Angola e a Guiné-Bissau continua, mesmo após a retirada de 350 militares angolanos de Bissau, na sequência do golpe de Estado de abril de 2012 que derrubou o Governo de Carlos Gomes Júnior. O contingente militar angolano (MISANG) encontrava-se na capital guineense no âmbito da projetada reforma das Forças Armadas guineenses.

Luvualu de Carvalho faz ainda alusão à pertinência da recente visita a Luanda do chefe da diplomacia guineense, com o objetivo de relançar a cooperação entre os dois membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Vontade política

"Vamos acreditar que se houver vontade política por parte das autoridades da Guiné-Bissau em solicitarem às autoridades angolanas uma cooperação mais estreita, seja no âmbito bilateral como aconteceu da última vez, ou até no âmbito multilateral, no âmbito da CPLP, quem sabe as autoridades angolanas irão ponderar e avaliar o que é que é necessário", explica em entrevista à DW África.

António Luvualu de Carvalho, professor da Universidade Lusíada de AngolaFoto: DW/J. Carlos

Na opinião do académico, será uma oportunidade para avaliar as propostas do Governo de Bissau e as reais necessidades do povo guineense. Angola continuará sempre de braços abertos para apoiar o país irmão, sublinha.

"É claro que a Guiné-Bissau tem de concertar com os seus parceiros regionais, nomeadamente da Comunidade Económica de Desenvolvimento dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), entre os quais a Nigéria e a Costa do Marfim", acrescenta, para que depois o país possa levar adiante o seu programa de reforma das Forças Armadas e de Segurança.

"Apesar de ser um Estado soberano, com vontade própria, é sempre bom ter um bom ambiente com os seus vizinhos. No que diz respeito a Angola e Guiné-Bissau, tenho a certeza que vai correr tudo bem."

Simões Pereira em Luanda

O primeiro-ministro guineense, Domingos Simões Pereira, parte esta terça-feira (10.03) para Luanda, onde amanhã inicia uma visita oficial à capital angolana, seguindo depois para a África do Sul.

Esta será a sua primeira visita oficial a Angola, antecedida pela missão de preparação realizada pelo seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Mário Lopes Rosa, com o objetivo de reforçar a cooperação entre os dois países.

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Uma das áreas em que será reatada a cooperação é no domínio da defesa. As relações entre os dois países arrefeceram com o golpe de Estado de 12 de abril de 2012, obrigando à saída urgente da missão militar angolana.

"A partir do momento em que o contingente angolano saiu, a Nigéria pressionou a CEDEAO, que aprovou a ECOMIB, a missão militar da CEDEAO para a Guiné-Bissau, que nunca chegou a sair do papel", lembra o académico.

Para o professor angolano, a suspensão da cooperação nesta área não pode ser imputada nem a Angola nem à Guiné-Bissau. Há erros a corrigir, admite Luvualu de Carvalho.

"Acredito que as falhas que ocorreram deverão ter sido da CEDEAO, porque Angola salvaguardou as suas posições, solicitou autorização à Assembleia Nacional, à Guiné-Bissau e ao falecido Malam Bacai Sanhá fê-lo por escrito, o processo correu normalmente. A CEDEAO é que não encarou muito bem esta missão. E dos golpistas não se esperava outra coisa", defende o académico.

A visita de Domingos Simões Pereira a Luanda acontece cerca de duas semanas antes da Conferência Internacional de Doadores da Guiné-Bissau, prevista para o próximo dia 25 em Bruxelas, capital da Bélgica, para a qual Angola é convidada a participar com um dos importantes países parceiros.

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