A Guiné-Bissau recebeu da China uma série de equipamento de engenharia e transmissões militares para reforçar a capacidade das Forças Armadas guineenses no âmbito da cooperação existente entre os dois países.
Publicidade
"Estes apoios irão permitir reforçar a capacidade de intervenção das Forças Armadas nestes tempos de paz e de estabilização do nosso país", afirmou esta terça-feira (27.09) o ministro da Defesa guineense, Marciano Barbeiro, no seu discurso na cerimónia oficial de entrega do equipamento, que decorreu no Ministério da Defesa, em Bissau.
O ministro da Defesa sublinhou que o material e equipamento doado pela China ocorre numa altura em que o Governo não tem meios próprios para o adquirir devido "à conjuntura económica nacional e internacional".
Reafirmando a "determinação e empenho" da Guiné-Bissau em trabalhar com a China no setor da defesa e segurança, o ministro da Defesa pediu a "contribuição de todos para que os equipamentos sirvam o desenvolvimento do país".
Equipamentos doados
O equipamento doado pela China inclui várias viaturas, escavadoras, retroescavadores, empilhadoras, uma ambulância, um camião-cisterna, entre outros, e quatro contentores com diverso equipamento.
"Com estes apoios e equipamentos, as Forças Armadas passam a ter condições e capacidade para o cumprimento da sua missão primária, mas também secundária, que consiste no apoio ao desenvolvimento do país", afirmou o porta-voz do Estado-Maior General das Forças Armadas guineense, general Samuel Fernandes, que agradeceu também o apoio chinês.
O encarregado de Negócios da embaixada da China em Bissau, Li Feng, disse esperar que o material doado contribuía para o "desenvolvimento no campo militar" e destacou que a cooperação no setor da Defesa e Segurança remonta aos anos 1960.
Presentes na cerimónia estiveram vários membros do Governo, incluindo o primeiro-ministro guineense, Nuno Gomes Nabiam, o vice-primeiro-ministro, Soares Sambu, bem como o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, que relembrou a necessidade de as Forças Armadas guineenses serem republicanas.
Casamança: Um conflito (quase) esquecido
A região de Casamança, no sul do Senegal, é um foco de conflito há 30 anos - embora oficialmente prevaleça a paz. Com uma nova operação militar, o Exército tem tomado medidas contra os refúgios dos grupos rebeldes.
Foto: John Wessels/AFP/Getty Images
Nova ofensiva do Exército
No início de fevereiro de 2021, soldados do Governo senegalês participaram numa operação para encontrar rebeldes em Casamança. A região no sudoeste do Senegal é palco de um conflito em ebulição desde os anos 80. Embora ultimamente a situação se mantenha relativamente calma, em janeiro deste ano o Governo lançou uma nova ofensiva contra os refúgios dos rebeldes.
Foto: John Wessels/AFP/Getty Images
Rebelião sangrenta
O círculo vicioso de violência começou em 1982, quando os líderes do Movimento das Forças Democráticas de Casamança (MFDC), que até então lutavam pacificamente pela independência da região, foram presos. Nos anos seguintes, o grupo radicalizou-se e, a partir de 1990, recebeu apoio militar vindo de território guineense. Também a vizinha Gâmbia é cada vez mais arrastada para o conflito.
Foto: John Wessels/AFP/Getty Images
Negociações falhadas
Houve várias tentativas de um cessar-fogo nos anos 90, que não duraram muito tempo, em parte porque o braço armado do MFDC continuou a fragmentar-se. Apesar de várias tentativas do fundador do MFDC, Augustin Diamacoune Senghore, para alcançar um acordo com o Governo do Senegal, só entre 1997 e 2001 centenas de pessoas foram mortas e milhares tiveram de fugir.
Foto: John Wessels/AFP/Getty Images
Momento histórico
Em abril de 2001, o então Presidente senegalês Abdoulaye Wade (à direita) viajou para Ziguinchor, em Casamança, um ano após a sua tomada de posse. O novo chefe de Estado queria negociar um caminho para a paz com o líder separatista Augustin Diamacoune Senghore (à esquerda), mas como o acordo contornava a questão da autonomia, volta a ser rejeitado pelos rebeldes.
Foto: Seyllou Diallo/AFP
Violência apesar do acordo de paz
Em 2004, o líder rebelde Augustin Diamacoune Senghore (à direita) e o ministro do Interior Ousmane Ngom (à esquerda) assinaram um tratado de paz duradouro. Embora o conflito político estivesse resolvido, alguns grupos de dissidentes do MFDC continuaram a lutar. E a violência em Casamança intensifica-se.
Foto: Seyllou/AFP/Getty Images
A paz torna-se uma questão eleitoral
Em 2012, o concorrente Macky Sall venceu as eleições presidenciais contra Abdoulaye Wade. Uma das suas promessas era trazer finalmente a paz a Casamança. Durante a campanha, Macky Sall enviou o popular músico senegalês Youssou Ndour a Casamança.
Foto: Seyllou/AFP/Getty Images
Violência latente
Apesar de todos os esforços de paz, a violência continuou nos anos seguintes. Mais recentemente, em 2018, 13 jovens foram mortos e vários ficaram feridos num massacre perto da capital regional de Ziguinchor. Até agora, muitas pessoas deslocadas não regressaram às suas casas por terem medo.
Foto: Seyllou/AFP/Getty Images
Quotidiano em Casamança
Apesar dos recorrentes surtos de violência, os habitantes de Ziguinchor, a principal cidade da região de Casamança, prosseguem a sua vida quotidiana. Com mais de 200.000 habitantes, Ziguinchor é o principal centro comercial de Casamança e uma base importante para o Exército senegalês.
Foto: John Wessels/AFP/Getty Images
Atrás dos rebeldes
Segundo informações oficiais, soldados do Exército já capturaram várias bases rebeldes, incluindo um bunker subterrâneo, durante a última operação militar que arrancou no início de fevereiro de 2021. Desta forma, o Governo espera acabar também com as atividades criminosas através das quais os grupos rebeldes se financiam.