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Guiné-Bissau refém de caprichos de "Jomav"?

Lusa | ar
26 de junho de 2019

Angola diz que Guiné-Bissau não pode ficar "refém de caprichos pessoais" do Presidente José Mário Vaz. Enquanto isso, líder do PAIGC tem encontros agendados na ONU, em Nova Iorque.

Manuel Augusto
Manuel Augusto, chefe da diplomacia angolanaFoto: DW/J. Carlos

O ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Domingos Augusto, disse esta quarta-feira (26.06.) em Lisboa, que a Guiné-Bissau "não pode ficar refém de caprichos pessoais" do Presidente José Mário Vaz que, três meses após as eleições, continua sem nomear o Governo. 

"Não pode aquele povo da Guiné-Bissau ficar refém de caprichos pessoais. A comunidade internacional está atenta e vai aumentar a pressão", disse Manuel Augusto, à margem do encontro anual do Conselho Europeu para as Relações Exteriores, que decorreu durante dois dias em Lisboa.

Posição da CEDEAO

Manuel Augusto lamentou, por outro lado, a falta de uma posição coesa da Comunidade Económica dos Estados da África Ociental (CEDEAO) relativamente à crise na Guiné-Bissau.

"Infelizmente, sentimos que a comunidade económica regional, a CEDEAO, está dividida e esta é uma das razões pelas quais alguns atores políticos na Guiné-Bissau tentam tirar proveito", disse.O ministro angolano assegurou que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) está a agir, adiantando que da reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da comunidade, agendada para 19 de julho, em Cabo Verde, sairá "uma posição mais forte".

Foto de arquivo: Cimeira da CPLP em Cabo Verde (2018)Foto: CPLP

"Estamos otimistas que aqueles que estão a tentar impedir o processo [democrático] na Guiné-Bissau vão acabar por desistir e dar conta que não há clima para continuarem a manter um país e um povo refém de uma pessoa", reforçou.

Recorde-se que a Guiné-Bissau realizou legislativas em 10 de março, mas o novo primeiro-ministro só foi nomeado no sábado (22.06.), depois da CEDEAO ter admitido impor sanções a quem criasse obstáculos à concretização da ordem democrática e ter imposto até domingo passado para a situação ficar resolvida.

O Presidente guineense, que domingo (23.06.) cumpriu cinco anos de mandato e marcou eleições presidenciais para 24 de novembro, continua sem nomear o Governo, não tendo aprovado a lista de nomes proposta pelo primeiro-ministro Aristides Gomes.

Líder do PAIGC com encontros na ONU

 O líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, viajou na terça-feira (25.06.) para Nova Iorque para encontros nas Nações Unidas, anunciou fonte do partido. "Concretamente vai ter encontros nas Nações Unidas" para analisar a situação política na Guiné-Bissau, disse a fonte, sem especificar com quem serão os encontros. 

Foto: Imago/imagebroker/E. Börnsch

Fonte da ONU disse à Lusa que o comité executivo do secretário-geral da Nações Unidas reuniu-se na terça-feira para discutir a situação na Guiné-Bissau.

O PAIGC foi o partido que venceu as legislativas e apesar não ter a maioria fez um acordo de incidência parlamentar e governativa com mais três partidos, conseguindo obter 54 dos 102 deputados do parlamento da Guiné-Bissau.

O partido indicou o nome do seu líder, Domingos Simões Pereira, para o cargo de primeiro-ministro, mas o Presidente recusou, acabando por nomear Aristides Gomes, depois de apresentada nova proposta pelo partido.

Madem-G15 critica líder do PAIGCO Movimento para a Alternância Democrática da Guiné-Bissau (Madem-G15) rejeitou esta quarta-feira as acusações do líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, sobre uma alegada tentativa de golpe de Estado.

Foto de arquivo: Militantes e simpatizantes do PRS e do Madem-G15Foto: DW/F. Tchuma Camará

"O Madem-G15 rejeita categoricamente estas informações completamente falsas, desenquadradas, estéreis, irresponsáveis e perigosas, com a única finalidade de branquear as verdadeiras razões que conduziram à nomeação atabalhoada de Aristides Gomes como primeiro-ministro", refere, em comunicado divulgado à imprensa, o partido, criado por um grupo de dissidentes do PAIGC.

No comunicado, o Madem-G15 lamenta também a "postura solitária do líder do PAIGC ao decidir sem nenhuma prova concreta lançar ataques contra o chefe de Estado de um país vizinho e irmão, que tem ajudado a Guiné-Bissau em diversos momentos de desencontro entre guineenses".

Campanha de desinformaçãoO partido, o segundo mais votado nas legislativas de 10 de março, alerta também o povo guineense e a comunidade internacional sobre as "maquiavélicas e vergonhosas campanhas de desinformação conduzidas por Domingos Simões Pereira" sobre o alegado fim do mandato do Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz.

Domingos S. PereiraFoto: DW/M. Sampaio

O presidente do PAIGC acusou terça-feira o chefe de Estado guineense de tentar realizar um golpe de Estado, com apoio do Senegal, para nomear um Governo de iniciativa presidencial.

O presidente do PAIGC explicou que a "intenção não foi consumada ou terá sido abortada", porque dois dos seus "principais colaboradores", referindo-se a Braima Camará, coordenador do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), e Sola Nanquilim, vice-presidente do Partido de Renovação Social (PRS), o "teriam avisado de que as estruturas de apoio poderiam não suster a reação de outras forças de defesa e segurança e a fúria popular".  "Nós suspeitamos que, para além disso, não teria recebido luz verde do padrinho da sub-região (o Presidente do Senegal, Macky Sal), que tem coordenado toda esta operação e outros desmandos do Presidente José Mário Vaz", salientou.

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