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Guiné-Bissau: Reina a incerteza após adiamento das eleições

Iancuba Dansó (Bissau)
5 de novembro de 2024

Partidos e analistas políticos repudiam a decisão do Presidente Umaro Sissoco Embaló. Agudiza-se a crise no país decorrente da dissolução do Parlamento e da instalação de um Governo de iniciativa presidencial.

Parlamento da Guiné-Bissau
A Guiné-Bissau está há quase um ano sem um Parlamento em plenas funçõesFoto: Bacar Camara/Xinhua News Agency/picture alliance

As eleições legislativas antecipadas tinham sido marcadas para 24 deste mês. No entanto, o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, confirmou o adiamento na segunda-feira (04.11), através de um decreto presidencial, justificando a decisão com base num parecer "bem fundamentado" do Governo.

Na semana passada, o Executivo de iniciativa presidencial disse não existirem condições técnicas para a ida às urnas, apesar da Comissão Nacional de Eleições (CNE) garantir que estava tecnicamente preparada. 

O adiamento já era uma decisão esperada por vários setores, em Bissau. Para o jornalista Sabino Santos, esta foi uma "decisão estratégica do Presidente da República e do seu Governo", mas "foi um desprezo total à oposição política".

"E tendo em conta as fragilidades na componente bélica já demonstradas pela oposição política, não haverá nenhuma consequência dessa decisão", antevê Sabino Santos.

Chefe de Estado guineense ainda não anunciou uma nova data para as eleições legislativasFoto: DW

Até agora, o Presidente da República não marcou uma nova data para a votação, embora Fernando Delfim da Silva, conselheiro político de Sissoco Embaló, tenha deixado a garantia de que o reagendamento será feito em breve.

PAI - Terra Ranka pede ação da CEDEAO

A DW contactou os principais partidos guineenses para reagirem ao adiamento das eleições, mas ninguém se mostrou disponível para gravar uma reação.

Numa nota, a coligação Plataforma da Aliança Inclusiva (PAI) - Terra Ranka responsabiliza o Presidente da República e o seu Governo pelo adiamento "sine die" das legislativas, "contra todas as normas estabelecidas".

A vencedora das últimas eleições legislativas exige a reposição do Parlamento e do Governo resultantes do escrutínio, em junho de 2023.

Um apelo através da música para unir guineenses

08:21

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A PAI - Terra Ranka apela ainda à intervenção da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), para instar as autoridades nacionais a realizar a votação, conforme ficou acordado na cimeira da organização, em julho deste ano.

A Assembleia Nacional Popular (ANP) da Guiné-Bissau foi dissolvida pelo Presidente da República há quase um ano.

Segundo o sociólogo Alimo Djaló, o adiamento das eleições de 24 de novembro gera ainda mais incerteza sobre o futuro. "Acaba por nos deixar a todos sem saber para onde vamos e como nos devemos posicionar perante um país que está a mercê de uma única pessoa, que é o Presidente da República", Umaro Sissoco Embaló.

"Neste momento, toda a gente sabe que as decisões em todas as esferas são tomadas por uma só pessoa", comenta.

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