Guiné-Bissau: Simões Pereira rebate a anúncio de acordo
Lusa | cvt
23 de novembro de 2019
Declaração foi feita no último comício do candidato presidencial do PAIGC, esta sexta-feira (22.11). Domingos Simões Pereira rebate assim anúncio do acordo assinado entre os seus adversários para eventual segunda volta.
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O candidato às presidenciais guineenses pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, considera que o acordo assinado entre os seus adversários para apoiarem um candidato único contra si numa eventual segunda volta constitui "um sentimento de derrota".
Em declarações à agência Lusa à margem do comício de encerramento da campanha eleitoral, esta sexta-feira (22.11), Domingos Simões Pereira, disse que o anúncio do acordo assinado entre os seus adversários para apoiarem um candidato único contra si numa eventual segunda volta "a dois dias das eleições" só pode significar "um sentimento de derrota" e a "intenção de questionar ou colocar em causa aquilo que é a liberdade de escolha do povo guineense".
O candidato disse esperar "que o povo guineense saiba compreender isso e saiba responder a isso", à margem do comício no estádio Lino Correia, palco tradicional do comício que encerra as campanhas do PAIGC, que juntou milhares de apoiantes do líder do partido.
O acordo foi anunciado à Lusa pelo Presidente cessante, José Mário Vaz, que se recandidata ao cargo como independente, e pelo candidato apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15), Umaro Sissoco Embaló, em declarações aos jornalistas na cidade da Praia, Cabo Verde.
Questionado sobre se teme perder as eleições por causa desse acordo, Domingos Simões Pereira respondeu que não.
"O meu pacto é com o povo guineense, desde o início que a minha preocupação não é convencer os candidatos, é ter a preferência do povo guineense e continuar a ter uma mensagem que seja capaz de mobilizar o povo guineense", disse.
O candidato do PAIGC manifestou a esperança de que haja "transparência nestas eleições" e que "as coisas aconteçam em clima de tranquilidade e que o povo guineense se possa expressar".
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Sobre se tem confiança numa vitória à primeira volta, respondeu: "não sou eu que acho, é o povo que acha que há uma urgência e uma necessidade".
Questionado sobre o acordo que os candidatos opositores anunciaram para todos apoiarem o candidato que entre eles passar à segunda volta contra Simões Pereira, o vice-presidente do partido, Cipriano Cassamá, referiu que isso "não mete medo" ao PAIGC.
A campanha para as eleições presidenciais de domingo, a que concorrem 12 candidatos, terminou esta sexta-feira (22.11).
Sissoco Embaló quer apoio de Simões Pereira
Também esta sexta-feira, o candidato presidencial apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15) pediu a Domingos Simões Pereira para o apoiar na segunda volta.
No comício final da campanha para as eleições presidenciais, realizado no Espaço Verde, em Bissau, Umaro Sissoco Embaló considerou que Domingos Simões Pereira não vai conseguir passar à segunda volta do escrutínio e pediu-lhe o seu apoio.
Domingos Simões Pereira é o candidato do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), vencedor das legislativas de março, e é dado como um dos favoritos na corrida à Presidência da República.
"Vou formalizar o pedido na próxima semana", afirmou Umaro Sissoco Embaló perante milhares de apoiantes.
Presidenciais na Guiné-Bissau: Quem são os 12 candidatos?
Um Presidente cessante, o vice-presidente do Parlamento, quatro ex-primeiros-ministros, um antigo chefe das Forças Armadas, um estudante de Direito e ex-governantes disputam a Presidência da República da Guiné-Bissau.
Foto: DW/B. Darame
12 candidatos à Presidência
Quem será o novo inquilino do Palácio da República da Guiné-Bissau? Doze candidatos concorrem à Presidência guineense, nas eleições de 24 de novembro. A votação é tida como crucial para o futuro do país, após quatro anos de instabilidade política. Apresentamos aqui os 12 candidatos à Presidência guineense pela ordem em que aparecerão no boletim de voto.
Foto: DW/B. Darame
Mutaro Itai Djabi, candidato independente
Mutaro Itai Djabi é um dos estreantes nesta corrida à Presidência da República da Guiné-Bissau e será o primeiro a aparecer nos boletins de voto. É um candidato independente, mas sobre o qual se sabe pouco. Não se conhecem comícios do candidato no país. A DW tentou contactar Djabi, sem sucesso.
Foto: DW/B. Darame
Domingos Simões Pereira, candidato pelo PAIGC
DSP tem 56 anos. Mestre em Engenharia Civil. De 2004 a 2005 foi ministro das Obras Públicas e Urbanismo. O antigo secretário-executivo da CPLP (2008-2012) foi eleito duas vezes presidente do PAIGC. DSP foi primeiro-ministro em 2014. Doutorou-se em Ciências Políticas e Relações Internacionais em 2016. Com o PAIGC ganhou duas legislativas, mas foi retirado do poder pelo Presidente cessante, Jomav.
Foto: DW/B. Darame
Vicente Fernandes, candidato pelo PCD
Formou-se em Direito pela Universidade Clássica em Lisboa. Com 60 anos, "Vifer" disputa a sua segunda corrida presidencial. Cumpre o segundo mandato como líder do PCD, de que é um dos fundadores. Foi secretário de Estado do Turismo, ministro do Comércio e Indústria e depois ministro do Comércio e Turismo. O também empresário no setor da água potável confia na sua experiência para mudar o país.
Foto: DW/B. Darame
Afonso Té, candidato pelo PRID
Conhecido oficial militar, Té, que já foi chefe das Forças Armadas, vai concorrer à sua segunda eleição presidencial como candidato pelo Partido Republicano da Independência e Desenvolvimento. Despiu a farda após a guerra civil de 1998/99, que afastou o Presidente Nino do poder, para se dedicar à política ativa. Para as presidenciais tem feito campanha porta a porta.
Foto: DW/B. Darame
Nuno Gomes Nabiam, candidato pelo APU-PDGB
Concorre com apoios do seu partido e do PRS. Nabiam, de 53 anos, formou-se em Aviação Civil, na antiga União Soviética e tem o mestrado em Gestão Empresarial nos EUA. Foi assessor do ministro dos Transportes e presidente do Conselho de Administração da Agência de Aviação Civil. O engenheiro perdeu a última eleição presidencial na segunda volta, quando foi apoiado pelo ex-Presidente Kumba Ialá.
Foto: picture alliance/dpa
Baciro Djá, candidato pela FREPASNA
Psicólogo, de 46 anos, deu nas vistas no Instituto da Defesa Nacional. Em 2012 concorreu às presidenciais. Atual líder do partido que fundou, a FREPASNA, já foi ministro da presidência do Conselho de Ministros, ministro da Cultura, Juventude e Desportos e ministro da Defesa Nacional. Também foi terceiro vice-presidente do PAIGC. Em 2016 foi nomeado primeiro-ministro por duas vezes.
Foto: DW/B. Darame
Carlos Gomes Júnior, candidato independente
"Cadogo" foi eleito deputado nas primeiras eleições multipartidárias e nas eleições até 2007. Empresário foi líder do PAIGC em 2001 e 2008. Presidente da equipa de futebol UDIB. Em 2007 foi primeiro-ministro. Em 2012, enquanto primeiro-ministro, lançou-se para a Presidência, mas deu-se o golpe de Estado antes da segunda volta. Único que deu ao PAIGC a maioria qualificada com 67 deputados eleitos.
Foto: DW/B. Darame
Gabriel Fernandes Indí, candidato do PUSD
Com 36 anos de idade, Indí concorre à sua primeira eleição. Fundador do Futebol Clube de Safim, clube de qual é líder há oito anos, o candidato do PUSD, sem assento parlamentar, está a tirar uma licenciatura em Direito na Universidade Clássica de Lisboa. Nunca foi funcionário público na Guiné-Bissau. Diz que, se for eleito, será Presidente de todos os guineenses, não de um partido ou de grupos.
Foto: Gabriel Fernando Indi
Idriça Djaló, candidato pelo PUN
Formou-se em Economia pela universidade X Nanterre, de Paris. Djaló, empresário de 57 anos, entrou na política após a guerra civil. Em 2002 funda o PUN, que em 2004 foi o quinto mais votado nas legislativas. Em 2005, disputou a sua primeira eleição presidencial. Foi promotor da iniciativa "Estados Gerais para a Guiné-Bissau", que visava apontar soluções para a estabilização do país.
Foto: DW/B. Darame
José Mário Vaz, candidato independente
O primeiro Presidente a concluir os cinco anos de mandato completa em dezembro 62 anos. Formou-se em Economia, em Lisboa. Empresário bem-sucedido, mentor do grupo JOMAV. Em 1993 foi presidente da Câmara de Comércio. Em 2004 foi Presidente da Câmara Municipal de Bissau e em 2012 tornou-se ministro das Finanças. Em cinco anos na Presidência nomeou 8 primeiros-ministos, a maioria deles contestados.
Foto: DW/Braima Darame
Umaro Sissoco Embaló, candidato pelo MADEM-G15
Major-general, na reserva, Sissoco disputa a Presidência pela primeira vez. Com 47 anos de idade, o terceiro vice-coordenador do MADEM foi primeiro-ministro em 2016, durante um ano e meio. Nas últimas legislativas foi eleito deputado da nação, na região de Gabú, leste do país. Diz ter sido conselheiro de vários chefes de Estado africanos e ter uma boa relação com os líderes mundiais.
Foto: Di Povo Use
Mamadu Iaia Djaló, candidato pelo PND
"Velha raposa" da política guineense, Iaia Djaló foi ministro dos Negócios Estrangeiros, ministro do Comércio e da Justiça. Durante a crise, demitiu-se do cargo de conselheiro do Presidente, José Mário Vaz, alegando incompatibilidade. É líder do PND. Com o partido disputou as presidenciais de 2005 e foi o sexto mais votado entre 13 candidatos.