Guiné-Bissau: DSP critica suspensão da RTP, RDP e Lusa
25 de agosto de 2025
Domingos Simões Pereira já havia alertado que "a Guiné-Bissau se aproximava perigosamente de uma situação de não-Estado". Sem esconder a sua preocupação, o líder do PAIGC reagiu à recente suspensão dos serviços e à expulsão, de Bissau, de órgãos de comunicação portugueses — nomeadamente a RTP, a RDP e a Lusa — numa altura em que o país se prepara para novas eleições legislativas e presidenciais.
"Na altura, tentámos alertar todos os potenciais parceiros da Guiné-Bissau para a necessidade de contribuírem no sentido de evitar que tal situação se instalasse. Isso foi mal interpretado”, lamentou o também Presidente da Assembleia Nacional Popular.
Para Simões Pereira: "É triste verificar que, mesmo perante violações tão flagrantes e graves das liberdades fundamentais dos cidadãos, muitos se limitam a observar e seguir em frente."
O político diz ainda que "quando, numa sociedade como a guineense, valores básicos de liberdade são postos em causa, é toda a humanidade que está a ser confrontada. Cada um de nós tem a responsabilidade de erguer a sua voz e mobilizar-se para um combate que é global."
Jovens clamam por mudanças
Domingos Simões Pereira falava à DW no encerramento no sábado, de um colóquio internacional promovido pela representação da Juventude Amílcar Cabral (JAAC) na diáspora. O líder do PAIGC, igualmente candidato às próximas eleições presidenciais, deposita esperança no protagonismo dos jovens para mudar o rumo do país, apesar das adversidades e crises políticas dos últimos anos.
"Pelo menos transmite-nos um sentimento de esperança ao vermos jovens a assumirem esse protagonismo, determinados a cumprir o seu papel geracional, através da aprendizagem," disse.
Simões Pereira acredita no dinamismo e na energia da nova geração, que se mostra determinada a influenciar mudanças por uma Guiné-Bissau mais estável e democrática. Os jovens participantes no colóquio reconhecem que o país enfrenta uma violação sistemática dos Direitos Humanos, em particular da Constituição. Daí a importância desta reflexão em Lisboa sobre um novo rumo para o país, sublinha Aguinaldo Indi, secretário-geral da JAAC Portugal.
"Falta-nos democracia. Imagina: temos um país onde o Parlamento é dissolvido sem respeito pela Constituição; onde o Supremo Tribunal de Justiça foi sequestrado," denunciou Indi, acrescentando que "nós, enquanto jovens, temos a responsabilidade de lutar pela verdade e pela democracia. Não basta falar de liberdade, é preciso lutar por ela."
Mais espaço para a juventude
Apartidária, Aminatá Aicha Djau, finalista do curso de Direito na Universidade de Lisboa, mostra-se atenta aos sobressaltos no seu país. A estudante diz que classifica a violação dos princípios constitucionais como "um dos maiores problemas do país".
"Não estamos numa fase que permita dizer que estamos melhor. Isso é mentira. Todos temos essa noção, mas acredito que podemos melhorar. Se derem oportunidade aos jovens, o rumo pode ser diferente," expressou Aminatá Aicha Djau.
Mas para isso, a jovem considera ainda ser importante, "fazer os políticos entenderem que temos visão e conhecimento. Sabemos o que é liberdade de expressão, sabemos o que é ser livre."
Perante os vários cenários de crise política vividos nos últimos anos e com novas eleições à vista , é consensual que o país precisa da contribuição dos jovens para mudar de rumo e apostar no desenvolvimento.