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Sissoco Embaló "desiste" de dissolver o Parlamento

Lusa
24 de dezembro de 2020

O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, afastou nesta quarta-feira (23) a possibilidade de dissolver a Assembleia Nacional Popular, após um encontro com os líderes das bancadas parlamentares.

Guinea-Bissau Präsident Umaro Sissoco Embaló
Foto: GB presidency

O estadista guineense, justifica a decisão pelo "interesse supremo" dos guineenses, que é o desenvolvimento do país. Por outro lado, Umaro Sissoco Embaló defende que na qualidade de Presidente da República tem de ser o moderador.

"Isso já não vai acontecer, porque com o diálogo entendemos outra coisa. O Presidente da República tem de ser o moderador. Estou aqui como Presidente da República, de todos os guineenses", disse Umaro Sissoco Embaló, quando questionado pelos jornalistas, no final do encontro, com os chefes das bancadas parlamentares. 

O chefe de Estado disse também que durante o encontro todos foram unânimes de que o "interesse supremo" de todos os guineenses é o desenvolvimento do país.

"Enquanto Presidente da República, foi um dos melhores dias de exercício das minhas funções", disse, sublinhando que todos têm o direito de dar a sua opinião, mas na base do respeito, e que o lema de 2021 é todos os guineenses juntos.

"Injustificável" dissolução do Parlamento

Na semana passada, o chefe de Estado reuniu-se com cinco dos seis partidos com assento parlamentar para discutir a possibilidade de dissolução do parlamento, tendo convocado igualmente o Conselho de Estado.

Tanto os partidos políticos como o Conselho de Estado consideraram não existir qualquer crise política que justificasse a dissolução da Assembleia Nacional Popular e a convocação de eleições antecipadas, apesar de a decisão caber apenas a Umaro Sissoco Embaló.

O líder da bancada parlamentar do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Califa Seidi, manifestou satisfação com o encontro.

Califa Seidi do PAIGCFoto: Präsidentschaft von Guinea-Bissau

"Por um lado serviu para um diálogo que é bom sempre ter, mas, por outro lado, vimos o Presidente a exercer a sua magistratura de influência para haver estabilidade, tranquilidade, sobretudo, no parlamento, onde às vezes com o fervor do debate há algum excesso", disse.

Califa Seidi disse que pediu também a Umaro Sissoco Embaló para continuar com esta magistratura de influência em relação a outros assuntos que possam estar a afligir o povo da Guiné-Bissau.

A bancada parlamentar do Partido de Renovação Social, através do seu líder, Nicolau Gomes, também felicitou a iniciativa do Presidente e disse que os deputados têm obrigação de dar outra imagem da Guiné-Bissau.

Nicolau Gomes disse que o Presidente pediu para que a Assembleia Nacional Popular seja um "parlamento modelo".

O líder da bancada parlamentar do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), Abdu Mané, disse que a iniciativa do Presidente da República mostra que é "aglutinador", que "respeita a Constituição e a legalidade democrática".

"Nós coexistimos nas nossas diferenças, mas devemos ter respeito mútuo", salientou, acrescentando que o encontro foi positivo para reforçar a confiança entre partidos políticos.

Abdu Mané do Madem - G15Foto: DW/B. Darame

O líder da bancada da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), Marciano Indi, disse que a liberdade de expressão está consagrada na Constituição, mas não deve ultrapassar os limites.

"Nós devemos instruir os nossos deputados para que a nossa linguagem ajude o país a desenvolver-se", salientou.

Marciano Indi sublinhou também que o papel do Presidente é apaziguar ânimos, juntar as pessoas, independentemente dos partidos, para que falem e se entendam e pensem no futuro do país.

Aposta no diálogo

 O deputado da APU-PDGB pediu também para resolver o assunto do antigo primeiro-ministro Aristides Gomes - refugiado há meses na sede das Nações Unidas em Bissau -, lembrando que a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) é que lhe pediu para assumir o cargo, e de Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC, em relação a quem o procurador-geral da República emitiu um mandado de captura internacional, na semana passada.

 "O diálogo salva a Guiné-Bissau e pedimos para continuar o que começou hoje", salientou.

 O deputado Agnelo Regala, da União para Mudança, disse que o encontro permitiu "de forma clara e frontal abordar determinadas questões".

Agnelo Regala, União para MudançaFoto: DW/B. Darame

 "O diálogo é que deve ser a base de todo o processo, que queremos desenvolver para a estabilidade, para apaziguar a sociedade para andarmos para a frente", salientou, pedindo que todos remem no mesmo sentido.

 "Nós somos adversários, não inimigos, a campanha eleitoral acabou, e devemos concentrar as nossas atenções naquilo que é fundamental neste momento, que são os problemas de desenvolvimento e que afligem todos os guineenses", acrescentou.

 O Partido da Nova Democracia, através do seu líder e deputado Iaia Djaló, destacou que o diálogo é o melhor para futuro do país.