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Guiné-Bissau: UNTG responsabiliza Sissoco Embaló pela greve

Iancuba Dansó (Bissau)
22 de maio de 2023

Há uma nova greve geral convocada pela União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG). A central sindical acusa o Governo de ingerência nos seus assuntos internos, depois da ocupação da sua sede.

Protesto da UNTG (arquivo)
Foto: Iancuba Dansó/DW

Começou, esta segunda-feira (22.05), mais uma greve geral convocada pela União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG). A paralisação afeta de forma parcial as instituições e departamentos públicos do país. Houve serviços mínimos nos hospitais e centros de saúde, enquanto nas escolas, muitos professores não deram aulas. 

A UNTG vive uma crise interna desde o início de maio. Um grupo de associados, que reclama a legitimidade de presidir à direção da central sindical, ocupou a sede da organização, em Bissau.

Segundo Malam Homi Indjai, porta-voz da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné, o grupo, que expulsou do local os atuais membros da UNTG, a 5 de maio, tem o apoio do Governo. Agora, a central sindical diz que há três pontos em reivindicação.

"Primeiro, a retirada das pessoas que o Ministério do Interior colocou na sede da UNTG. Segundo, a devolução das fechaduras e chaves que eles retiraram [das portas da sede] e, por último, o Governo deve deixar a UNTG, em função dos estatutos e das normas, eleger o seu secretário-geral. Não se devem imiscuir nos assuntos internos da UNTG, isto está a pôr em causa a liberdade sindical no país", reiterou.

O Governo ainda não se pronunciou sobre as acusações da central sindical. A greve tem lugar a menos de duas semanas das eleições legislativas de 4 de junho e a UNTG denunciou que ainda não foi convocada para qualquer encontro negocial com o Governo.

"O Governo deve deixar a UNTG eleger o seu secretário-geral", defende Malam Homi Indjai, porta-voz da UNTGFoto: Iancuba Sansó/DW

O Governo "está a violar as normas"

Doentes, os seus acompanhantes, alunos e professores, abordados pela DW África, preferiram não dizer nada sobre esta nova greve. Em análise à DW África, o sociólogo Ivanildo Bodjam alerta para as consequências, particularmente no setor de saúde.

"Começando a chover, há natural tendência de aumento de doenças tropicais e, quando isso é associado à falta de pessoal técnico para a cobertura do sistema nacional de saúde, mais a greve em curso, será um grande problema para a nossa população, que pode levar à perda de vida humanas", sublinha.

O porta-voz da UNTG, Malam Homi Indjai, responsabiliza o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, pela greve.

"O Presidente da República, enquanto primeiro magistrado da nação, não pode ter um Governo da sua iniciativa, que está a violar as normas. Recusa-se inclusive a acatar as decisões do tribunal. O caso da UNTG estava no tribunal e houve duas decisões favoráveis à UNTG. Portanto, esgotados os mecanismos no tribunal, não se devia estar naquilo que está a acontecer agora", afirmou Malam Homi Indjai.

A relação tensa entre o Governo e a União Nacional dos Trabalhadores da Guiné não é de hoje. Em 2021, a polícia chegou a lançar gás lacrimogéneo na sede da central sindical, sob pretexto de desmobilizar uma manifestação dos trabalhadores.

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