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Guiné-Conacri adia novamente eleições e referendo

Lusa | DPA | AFP
29 de fevereiro de 2020

Após a retirada de observadores eleitorais da União Africana e CEDEAO, o Presidente Alpha Condé adiou o referendo para uma nova Constituição e as legislativas programados para este domingo. Ainda não há nova data.

Foto: picture-alliance/dpa/Zuma/Le Pictorium/S. Souici

Num anúncio feito na noite de sexta-feira (28.02) na televisão estatal, após a retirada de observadores eleitorais internacionais pela União Africana (UA) e pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) devido à insegurança, o Presidente disse que "é por responsabilidade nacional e sub-regional que aceitamos um ligeiro adiamento da data das eleições”.

Condé afirmou ainda que o adiamento "não é uma capitulação ou um recuo, mas lealdade com a Guiné-Conacri de ontem e de hoje".

O chefe de Estado Condé acrescentou que apenas os candidatos registados para as eleições previstas para domingo (01.03) seriam elegíveis para participarem nas legislativas.

Além de escolherem os deputados para a próxima legislatura, os guineenses previam votar num muito contestado referendo constitucional que poderia prolongar a liderança de Condé por mais 10 anos e aprofundar uma crise política que tem provocado protestos violentos nos últimos meses. Estima-se que desde outubro estes protestos tenham já resultado na morte de mais de três dezenas de pessoas.

O projeto com as novas alterações constitucionais foi divulgado em dezembro e será, assim, votado daqui a menos de um mês.

Protesto contra o Presidente Alpha Condé, em outubro de 2019Foto: Getty Images/AFP/C. Binani

Oposição pede cancelamento do referendo 

A oposição suspeita de que a adoção destas alterações à Constituição sirva de pretexto para que Condé reponha a zero o número de mandatos enquanto Presidente. E neste sábado (29.02), voltou a pedir o cancelamento do referendo sobre as reformas na Constituição.

Alpha Condé, 81 anos, critica a atual lei fundamental do país, datada de 2010, considerando que se trata de uma "concentração de interesses corporativos" com "lacunas e incoerências".

As eleições legislativas - inicialmente previstas para o mês de janeiro do ano passado e também elas adiadas por várias vezes desde então - tinham sido boicotadas por partidos da oposição.

Tanto a UA como a CEDEAO anunciaram a retirada das suas missões de observação eleitoral da Guiné-Conacri, apontando problemas de segurança.

Alpha Condé chegou ao poder em 21 de dezembro de 2010, após vencer a segunda volta das presidenciais contra o ainda principal líder da oposição, Cellou Dalein Diallo, tendo sido reeleito em outubro de 2015.

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