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ConflitosGuiné-Conacri

Guiné-Conacri: Golpistas ameaçam ex-governantes

Kossivi Tiassou | AFP | Lusa
6 de setembro de 2021

Líder golpista convidou ex-governantes para um encontro na manhã de hoje. O coronel Doumbouya advertiu que "qualquer falta de comparência será considerada como uma rebelião”. As condenações ao golpe não param de surgir.

Guinea | Militär in Conakry
Tropas golpistas em ConacriFoto: Souleymane Camara/REUTERS

Em comunicado, o Ministério da Defesa da Guiné-Conacri afirmou este domingo (05.09) que a guarda presidencial, apoiada pelas forças de defesa e segurança leais e republicanas, repeliu a tentativa de golpe de Estado.

As forças especiais anunciaram a criação do "Comité Nacional de Agrupamento e Desenvolvimento" e prometeram iniciar uma consulta nacional para abrir uma transição inclusiva e pacífica, depois da captura do Presidente da República, Alpha Condé no domingo (05.09). 

Alpha Condé, Presidente depostoFoto: AFP

O cientista político Ibrahima Kane, da Open Society Foundation, em declarações à DW, lembra: "Todos nós sabemos que a Guiné está no centro da tempestade há mais de dois anos, por assim dizer. Com crises intermináveis ​​relacionadas com as eleições que o país organizou [em outubro de 2020], em conexão com o referendo para uma nova Constituição que o próprio Presidente tinha elaborado".

Kane diz que não ficou surpreso com o golpe contra o Presidente Alpha Condé e acrescenta que "a Guiné estava em crise permanente! Estava claro que algum dia alguém tentaria consertar as coisas".

Os oficiais das forças especiais anunciaram, no final da noite de domingo, o recolher obrigatório em todo o país "até segunda ordem".

Ameaça velada dos golpistas

Coronel Doumbouya, líder golpista na TVFoto: AFP

Num comunicado na televisão nacional, o coronel e líder das forças especiais, Mamady Doumbouya, garantiu que a integridade física e moral do Presidente não está ameaçada e fez uma convocatória.

"Ministros cessantes e antigos presidentes de instituições são convidados para uma reunião às 11 horas da manhã, no Palácio do Povo. Qualquer falta de comparência será considerada como uma rebelião contra o Comité Nacional de Agrupamento e Desenvolvimento”, amaeçou.

A Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) já manifestou preocupação com a situação política do país e exigiu a libertação imediata do Presidente. Um apelo a que se juntou os EUA e a França, invocando o regresso à ordem constitucional.

No domingo, os militares foram recebidos por popularesFoto: Cellou Binani/AFP/Getty Images

Mas o cientista político Doudou Sidibé é cético quanto às condenações ao golpe por parte da comunidade internacional e das organizações africanas e regionais.

“É assim que sempre começa: é condenado, e então os golpistas vêm e distribuem o seu roteiro no qual prometem democracia, desenvolvimento e eleições livres e transparentes. E então vocês verão que a comunidade internacional se acalmará. [vejam] o caso no Mali, Chade etc", alerta Sidibé. 

E o analista político  sugere: "Depende de como os militares se vão comunicar nos próximos dias. Seria bom se houvesse uma transição muito curta. Pode ser difícil... Mas um ano no máximo e depois organizar eleições para que os civis possam ter o poder de volta".

A candidatura de Condé a um terceiro mandato foi considerado inconstitucional pela oposição, em outubro de 2020, e gerou meses de tensão que resultou em dezenas de mortes.

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