Conacri: Líder da oposição reclama vitória nas presidenciais
tms | com agências
20 de outubro de 2020
Cellou Dalein Diallo declarou-se vencedor das presidenciais de domingo (18.10) na Guiné-Conacri. O líder da oposição afirma que derrotou Alpha Condé, apesar de não terem sido ainda anunciados os resultados oficiais.
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A Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI), responsável pela votação, considerou "prematura" e "nula" a reivindicação de Cellou Diallo. As declarações do candidato da oposição aumentam o receio de violência pós-eleitoral.
"Apesar das graves anomalias que mancharam a votação de 18 de outubro e tendo em conta os resultados que saíram das urnas, sou vitorioso nesta eleição desde a primeira volta", anunciou Cello Diallo, sem avançar números e afirmando que o resultado se baseava na contagem realizada pelo seu partido.
As declarações do candidato da oposição aumentam o receio de violência pós-eleitoral. A Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI), responsável pela votação, considerou "prematura" e "nula" a reivindicação de Cellou Diallo.
"A proclamação que é oficial, reconhecida pelas instituições, é aquela com os resultados proclamados pela Comissão Eleitoral e depois pelo Tribunal Constitucional", afimrou o vice-presidente da comissão eleitoral da Guiné-Conacri, Bakary Mansaré.
A Comissão Eleitoral Nacional Independente estima que os resultados provisórios sejam divulgados "até ao final da semana".
Atitude "irresponsável e perigosa"
O partido do Presidente Alpha Condé, que tenta o seu terceiro mandato, também condenou as declarações do líder da oposição. Através de um comunicado, o partido classificou a atitude de Diallo como "irresponsável e perigosa".
Os apoiantes da oposição já celebram o anúncio de Cello Diallo. "É uma grande alegria, estamos orgulhosos de o nosso presidente ter sido eleito. Todo o povo guineense está a apoiá-lo", diz Fatoumata Bineta Diallo, membro do conselho executivo do partido de Diallo.
"Acho que a comissão eleitoral só publicará os resultados que saem das urnas, não terá outra escolha. E os resultados das urnas darão vitória a Cellou Diallo.", sublinha também o ativista Amadou Diallo.
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Receios de onda de violência
Entretanto, já começaram a surgir sinais de uma onda de violência pós-eleitoral . Nesta segunda-feira (19.10), as forças de segurança usaram gás lacrimogéneo para conter os apoiantes que celebravam a autoproclamada vitória de Diallo nas ruas.
Esta é a minha cidade: Conacri
03:45
O líder da oposição disse que três jovens morreram e vários ficaram feridos devido à ação policial. Mas o Governo ainda não comentou as alegações de violência por parte das forças de segurança.
Episódios assim têm sido comuns já há alguns meses devido a protestos contra o terceiro mandato do Presidente Alpha Condé. Dezenas de pessoas morreram, segundo organizações dos direitos humanos.
Nota positiva da CEDEAO
Em declarações à agência de notícias Lusa, o chefe da missão de observação eleitoral da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) disse que as eleições decorreram num ambiente de "grande civismo" e com elevada "participação".
O ex-primeiro-ministro cabo-verdiano José Maria Neves afirmou também que a Comissão Nacional de Eleições "fez o seu trabalho", bem como o Tribunal Constitucional e que "tudo funcionou nos termos da lei e da Constituição", apesar de "pequenos incidentes que não prejudicaram o global das eleições".
A votação de domingo chamou às urnas mais de 5 milhões de eleitores, que poderiam escolher entre 12 candidatos, incluindo o Presidente cessante Alpha Condé e o líder da oposição Cellou Diallo.
Dez líderes africanos que morreram em exercício
A população costuma acompanhar com atenção o estado de saúde dos altos dirigentes – muitos especulam atualmente, por exemplo, sobre a saúde do Presidentes da Nigéria. Vários chefes de Estado já morreram em exercício.
Foto: picture-alliance/dpa
John Magufuli, Presidente da Tanzânia
Morreu a 17 de março de 2021, doente. O seu estado de saúde, pouco antes da falecer, esteve em volto a muito secretismo. Assumiu a liderança do país em 2015 e boa parte do seu povo enaltece os seus feitos, tais como a melhoria dos sistemas de saúde, educação e transporte. Mas também foi contestado por algumas políticas duras e por perseguir os seus críticos.
Foto: Sadi Said//REUTERS
1) Malam Bacai Sanhá, Presidente da Guiné-Bissau (2012)
Malam Bacai Sanhá morreu em 2012. Ele sofria de diabetes e morreu em Paris, aos 64 anos, menos de três anos depois de chegar ao poder. Sanhá tinha vários problemas de saúde.
Foto: dapd
2) João Bernardo "Nino" Vieira, Presidente da Guiné-Bissau (2009)
João Bernardo "Nino" Vieira foi assassinado em março de 2009. Tinha 69 anos de idade. Esteve no poder durante mais de duas décadas. Tornou-se primeiro-ministro em 1978 e, em 1980, tomou a Presidência. Ficou no cargo até 1999, ano em que foi para o exílio. Regressou a Bissau em 2005 e venceu nesse ano as presidenciais.
Foto: picture-alliance/dpa/L. I. Relvas
3) Mouammar Kadhafi, chefe de Estado da Líbia (2011)
Mouammar Kadhafi foi assassinado em 2011. Kadhafi, auto-intitulado líder da "Grande Revolução" da Líbia, foi morto por forças rebeldes em circunstâncias ainda por esclarecer. Estava no poder há 42 anos, desde um golpe de Estado contra a monarquia líbia em 1969, onde não houve derramamento de sangue. A sua liderança chegou ao fim com a chamada "Primavera Árabe".
Foto: Christophe Simon/AFP/Getty Images
4) Umaru Musa Yar'Adua, Presidente da Nigéria (2010)
Umaru Musa Yar'Adua morreu em 2010 aos 58 anos de idade. Morreu no seu país, vítima de uma inflamação do pericárdio – estava há apenas três anos no poder. Já durante a campanha eleitoral, Yar'Adua teve de se ausentar várias vezes devido a problemas de saúde. Depois de ser eleito, em 2007, a sua saúde deteriorou-se rapidamente.
Foto: P. U. Ekpei/AFP/Getty Images
5) Lansana Conté, Presidente da Guiné-Conacri (2008)
Após 24 anos no poder, Lansana Conté morreu de "doença prolongada" aos 74 anos de idade. O Presidente da Guiné-Conacri sofria de diabetes e de problemas cardíacos. Conté foi o segundo chefe de Estado do país, de abril de 1984 até à sua morte, em dezembro de 2008.
Foto: Getty Images/AFP/Seyllou
6) John Atta Mills, Presidente do Gana (2012)
John Atta Mills morreu de apoplexia em 2012. Tinha 68 anos. Atta Mills esteve apenas três anos no poder. Enquanto chefe de Estado, introduziu uma série de reformas sociais e económicas que lhe granjearam fama a nível local e internacional.
Foto: AP
7) Meles Zenawi, primeiro-ministro da Etiópia (2012)
Meles Zenawi morreu na Bélgica aos 57 anos de idade, vítima de uma infeção não especificada. Zenawi liderou a Etiópia durante 21 anos – como Presidente, de 1991 a 1995, e como primeiro-ministro, de 1995 a 2012. Foi elogiado por introduzir o multipartidarismo, mas criticado por reprimir violentamente os protestos do povo Oromo no norte da Etiópia.
Foto: AP
8) Omar Bongo, Presidente do Gabão (2009)
Omar Bongo morreu em Barcelona, Espanha, em junho de 2009, vítima de cancro nos intestinos. Bongo estava no poder há 42 anos e morreu aos 72 anos de idade. Foi um dos líderes que esteve mais tempo no poder e um dos mais corruptos. Bongo acumulou uma riqueza imensa enquanto a maior parte da população vivia na pobreza, apesar de o país ter grandes receitas de petróleo.
Foto: AP
9) Michael Sata, Presidente da Zâmbia (2014)
Michael Sata morreu no Reino Unido aos 77 anos. A causa da morte não foi divulgada. Após a sua eleição em 2011, circularam rumores sobre o estado de saúde do Presidente. As suas ausências em eventos oficiais alimentaram ainda mais as especulações, apesar dos seus porta-vozes garantirem que estava tudo bem.
Foto: picture-alliance/dpa
10) Bingu wa Mutharika, Presidente do Malawi (2012)
Bingu wa Mutharika morreu em 2012. Teve um ataque cardíaco e faleceu dois dias depois, aos 78 anos de idade. Esteve oito anos no poder e ganhou gama internacional devido às suas políticas agrícolas e de alimentação. A sua reputação ficou manchada por uma onda de protestos por ter gasto 14 milhões de dólares num jato presidencial.