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SociedadeGuiné-Conacri

Guiné-Conacri: Oposição aponta três mortos e 20 feridos

Lusa
21 de outubro de 2022

Confrontos com forças de segurança, em manifestações contra a junta militar no poder, provocaram três mortos civis e cerca de 20 feridos, diz o coletivo organizador, numa declaração contrariada pelas autoridades.

Symbolbild I Gewalttätige Proteste in Guinea
Foto: Sadak Souici/Le Pictorium/dpa/picture alliance

O coletivo organizador das manifestações de quinta-feira (20.10) na Guiné-Conacri, contra a junta militar no poder, disse que os confrontos com forças de segurança provocaram três mortos civis e cerca de 20 feridos por balas, numa declaração contrariada pelas autoridades.

O procurador-geral de Conacri, Yamoussa Conté, afirmou que seis pessoas foram feridas nas fileiras das forças de segurança, das quais cinco com ferimentos graves, e duas eram civis.

Na sequência dos confrontos, Conté ordenou um processo "contra os organizadores e todos os participantes na manifestação que fora proibida", nomeando, particularmente, sete figuras da oposição que alega terem convocado ou apoiado a iniciativa popular.

Regresso dos civis ao poder

Procurador-geral de Conacri afirmou que seis pessoas foram feridas nas fileiras das forças de segurançaFoto: Youssouf Bah/AP/picture alliance

A Frente Nacional de Defesa da Constituição (FNDC), organização de cidadãos e quase o último grupo a mobilizar-se nas ruas, convocou a manifestação para exigir um rápido regresso dos civis ao poder e a libertação de todos os prisioneiros detidos por razões políticas.

A manifestação levou a confrontos entre jovens e forças de segurança em várias áreas dos subúrbios de Conacri, já que o Governo atual proibiu as manifestações e dissolveu a FNDC.

O coronel Mamady Doumboya, que assumiu o poder à força em setembro de 2021, tomou posse como Presidente e prometeu entregar o poder a civis eleitos dentro de três anos.

Numa declaração, a FNDC descreveu o atual Governo como "ditatorial", identificou os três civis mortos como Thierno Bella Diallo, El hadj Boubacar Diallo e Thierno Moussa Barry e reportou "numerosas detenções".

A oposição acusou, ainda, a junta militar de confiscar o poder e silenciar todas as vozes dissidentes por meio da detenção de líderes políticos e da sociedade civil e ações judiciais.

Número incerto de vítimas

O número total de vítimas dos confrontos tem originado versões divergentes, num país que tem vivido com violência política, em que as autoridades minimizam ou a abstêm-se de confirmar as informações dos manifestantes.

Mamady Doumboya assumiu o poder à força em setembro de 2021Foto: Xinhua/imago images

A FNDC convocou as manifestações de 28 e 29 de julho, 17 de agosto e 05 e 06 de setembro e, agora, para 26 de outubro. Desde então, cinco pessoas foram mortas em julho e duas em agosto.

O Governo comprometeu-se a entregar o poder aos civis após as eleições estabelecidas no prazo de três anos. A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) apelou a um período de transição mais curto.

Em 22 de setembro, a CEDEAO anunciou a suspensão de toda a assistência e transações financeiras com a Guiné-Conacri e impôs sanções individuais e, dois dias depois, deu às autoridades militares um mês para apresentarem um novo cronograma para o regresso dos civis ao poder sob pena de "sanções mais severas" do que as já impostas.

A junta tem até agora invocado o tempo necessário para organizar eleições e grandes reformas para justificar os três anos.

Os protestos de quinta-feira coincidiram com a presença no país de uma missão da CEDEAO, atualmente liderada pelo presidente da Guiné-Bissau.

"Não haverá caça às bruxas", promete coronel Doumbouya

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