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Guiné-Conacri terá protestos contra candidatura de Condé

Frejus Quenum | AFP
2 de setembro de 2020

Movimento pró-constitucional anuncia mobilização contra terceiro mandato de Alpha Condé, candidato nas presidenciais de 18 de outubro. Partido do Presidente argumenta que revisão na Constituição permitiria nova eleição.

Guinea Proteste gegen Präsident Alpha Conde
Protesto realizado pela oposição em 6 de janeiro de 2020Foto: AFP/C. Binani

Na Guiné-Conacri, a Frente Nacional para a Defesa da Constituição (FNDC) - uma aliança de partidos, sindicatos e membros da sociedade civil - anunciou novas manifestações contra um terceiro mandato do Presidente Alpha Condé, de 82 anos. A FNDC, no entanto, ainda não definiu as datas dos protestos.

O anúncio de novas manifestações é uma reação imediata à confirmação de uma nova candidatura do Presidente pela Assembleia do Povo da Guiné-Conacri (RPG, na sigla em francês) nas eleições presidenciais do dia 18 de outubro.

Uma nova candidatura do atual chefe de Estado guineense à corrida presidencial é considerada "escandalosa e geradora de conflitos" pela oposição. O movimento que tem manifestantes com camisas vermelhas como marca registada sobreviveu à intensa repressão em protestos que registaram dezenas de mortos desde outubro de 2019.

"Está claro agora, até para os mais céticos, que o senhor Alpha Condé - que afirma ter lutado durante décadas pela democracia na Guiné - não é nada mais do que a maior desilusão da história política do nosso país", declarou a FNDC.

Condé fez aprovar este ano uma Constituição renovada que, segundo os opositores, foi elaborada para permitir-lhe concorrer novamente na votação marcada para 18 de outubro. A declaração da RPG na segunda-feira (31.08) terminou meses de especulação sobre a candidatura ao terceiro mandato.

Condé concorrerá ao terceiro mandato presidencialFoto: Getty Images/C. Binani

"Manobra Infantil"

Segundo a constituição da Guiné-Conacri, os presidentes só podem cumprir dois mandatos. Mas, conforme analistas políticos, a nova constituição poderia redefinir o contador de mandatos presidenciais e permitir a Conde concorrer uma terceira vez.

Alpha Condé preferiu não tecer quaisquer declarações sobre a sua candidatura. Para o líder da União das Forças Democráticas da Guiné (UDRG, na sigla em francês), Amadou Bah Oury, o silêncio do Presidente visa ganhar mais tempo para tentar enganar a oposição.

Para Bah Oury, trata-se de uma "manobra infantil” para não ferir sensibilidades e fazer as pessoas acreditarem que ele não vai ser candidato. "É para atrapalhar o jogo político dos adversários, um esforço para economizar tempo e preparar adequadamente a apresentação de sua candidatura", avalia.

Os candidatos têm até a próxima terça-feira (08.09) para formalizarem as suas pretensões de concorrer ao pleito.

Amadou Bah Oury: "Manobra infantil"Foto: DW

"Está ligado ao povo"

O primeiro secretário parlamentar da RPG e porta-voz do partido, Domani Doré, está convicto que Condé será candidato a um terceiro mandato. Para Doré, ao aceitar a candidatura, Condé concretiza o que sempre disse: "Que faria o que o povo lhe pedisse para fazer".

"Isto é a prova de quanto ele está ligado ao espírito do seu povo, do seu partido e de quanto respeita o partido que apoia a sua candidatura. Não se pode deixar de apoiar os alicerces da democracia. Sim, o ambiente legal dá-lhe o direito de ser candidato, na sequência de um referendo constitucional", diz.

Conde é uma antiga figura da oposição que foi presa sob regimes anteriores na Guiné. Tornou-se o primeiro presidente democraticamente eleito do país em 2010. Cinco anos mais tarde, ele venceu novamente as eleições sob críticas de ter se tornado cada vez mais autoritário.

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