Guiné Equatorial defende projeto para explorar gás na CPLP
Lusa
6 de maio de 2021
O ministro das Minas e Hidrocarbonetos da Guiné Equatorial defendeu hoje um projeto comum dos países lusófonos para a exploração de gás, sublinhando a necessidade de uma transição energética mais demorada em alguns.
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"Os países produtores de hidrocarbonetos como a Guiné Equatorial, Angola, Moçambique ou Brasil e Portugal, como grande consumidor, é muito importante que possamos trabalhar num projeto coordenado ao nível da CPLP para poder explorar o gás para uso das nossas economias", disse Gabriel Obiang Lima.
O ministro falava hoje, no centro de conferências de Simpopo, Guiné Equatorial, no segundo dia da cimeira de negócios promovida pela Confederação de Empresários da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
"Cada vez será mais difícil conseguir financiamento para desenvolver os nossos produtos [petrolíferos] porque mundialmente há uma grande motivação para levar a cabo a transição energética de hidrocarbonetos para as energias renováveis", assinalou.
Mas, apesar disso, defendeu, em países como a Guiné Equatorial e outros em África, essa transição terá de "levar no mínimo mais 20 anos". "Só aí estaremos ao nível dos países desenvolvidos", disse.
Papel dos governos na atração de investimento
O ministro equato-guineense falava num painel com responsáveis governamentais da Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, além de representantes de Portugal, Brasil e Moçambique sobre o papel dos governos na atração de investimento estrangeiro.
Por seu lado, o deputado socialista português Luís Moreira Testa considerou que, no novo advento das energias renováveis, Portugal tem potencial para passar de consumidor a produtor de energia.
"Os hidrocarbonetos servirão nas próximas décadas como combustíveis de transição. Portugal é um grande consumidor de gás natural, proveniente maioritariamente da Argélia, e a nova geração de consumo de gás natural na Europa prevê a obrigatoriedade de inclusão de hidrogénio verde", disse.
Neste sentido, defendeu o deputado, os 'pipelines' que trazem o gás da Argélia podem, num futuro próximo, levar o gás produzido na Guiné Equatorial ou em Moçambique cortado com hidrogénio verde produzido em Portugal. "Isto pode ser uma grande oportunidade de comunhão energética na CPLP", disse.
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"A mobilidade é um fator crítico"
Num outro domínio, o ministro do Comércio, Indústria e Energia de Cabo Verde, Alexandre Dias Monteiro, considerou a mobilidade dentro do espaço da comunidade lusófona como "um fator crítico" para a criação de um "quadro favorável" aos negócios e ao investimento estrangeiro.
"A mobilidade é um fator crítico de contactos e intercâmbios entre as empresas e empresários", disse, sublinhando os avanços alcançados neste domínio nos últimos anos, que deverão permitir a assinatura de um acordo de mobilidade na próxima cimeira de Chefes de Estado e de Governo, em julho, em Luanda.
Mobilidade é "crucial", defende presidente da CPLP
07:17
Por seu lado, o ministro da Economia da Guiné-Bissau, Vitor Mandinga, defendeu a criação de uma agência de promoção de investimento ao nível da comunidade que permita uma articulação com as agências de cada um dos países.
"Esse mecanismo é indispensável para tornar mais homogénea a legislação sobre o investimento e mais harmonizada a distribuição de oportunidades de investimento pelos países", disse, considerando que falta aos empresários "informação transversal" sobre toda a CPLP.
A ministra dos Negócios Estrangeiros de São Tomé e Príncipe, Edite Ten Jua, destacou a importância de criar um clima de confiança para atrair investimentos, nomeadamente ao nível da proteção jurídica e da justiça fiscal, bem como da simplificação dos procedimentos administrativos, a par com a existência de infraestruturas e meios de transporte e comunicações.
A Guiné Equatorial acolhe até sexta-feira a primeira cimeira de negócios da CE-CPLP, que reúne 250 empresários de Portugal, Angola, Moçambique e Cabo Verde.
Os chefes de Estado há mais tempo no poder
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
Foto: Getty Images/AFP/J. Jackson
O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.