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Guiné-Equatorial: Diálogo Nacional "foi um fracasso"

Lusa
27 de julho de 2018

Oposição considera que 6.ª Mesa de Diálogo Nacional convocada pelo Presidente serviu apenas para "lavar a imagem" de Teodoro Obiang. Amnistia aos presos políticos prometida pelo chefe de Estado ainda não foi cumprida.

Câmara dos Representantes do Povo, em MalaboFoto: Imago/robertharding/M. Runkel

Em declarações à agência Lusa, Raimundo Ela Nsang, secretário-geral da Coligação Restauradora de um Estado Democrático (CORED), criticou a iniciativa e pediu mais pressão política por parte da comunidade internacional sobre Teodoro Obiang Nguema, que governa o país desde a década de 1970 sob várias acusações de violação dos direitos humanos.

"Foi um completo fracasso. Esperamos que a comunidade internacional tome uma ação sobre o que aconteceu, porque Obiang assinou uma lei de amnistia que não respeitou", disse Nsang numa conversa telefónica feita a partir de França, onde está exilado.

O secretário-geral da CORED foi contactado pelo embaixador da Guiné Equatorial em França, a pedido do Governo de Malabo, para discutir a participação da estrutura através de videoconferência.

Nos documentos que acompanham um comunicado divulgado pela CORED, as duas partes confirmaram a presença numa reunião em Paris, mas o embaixador Miguel Oyono Ndong Mifumu acabou por não comparecer, algo que a coligação acredita ter sido por ordem de Malabo.

Amnistia por cumprir

Não havendo acordos para a participação de exilados, a oposição na Mesa de Diálogo Nacional viu-se enfraquecida, devido ao elevado número de presos políticos.

Quando anunciou as negociações com a oposição, Obiang prometeu uma amnistia aos presos políticos no país, uma medida que acabou por não cumprir, tendo apenas libertado, durante o diálogo, um dos detidos a pedido de um partido político.

Raimundo Ela Nsang censurou ainda a detenção de dez funcionários do Ministério da Justiça, entre os quais quatro magistrados, que ficaram detidos durante mais de 72 horas sem nenhuma acusação formal.

Um dos magistrados, José Esono Ndong Bidang, acabou por morrer no dia 21, devido à recusa de assistência médica. "Como se pode tolerar que um senhor que disse querer a normalização política num país tenha estes comportamentos?" - perguntou Nsang.

Teodoro Obiang, líder do regime na Guiné-Equatorial.Foto: picture-alliance/dpa/S.Lecocq

Iniciativa contra o regime

De acordo com o líder da CORED, a coligação lançou a Iniciativa por um Governo Alternativo e Democrático (IGAD), uma iniciativa que pretende desempenhar um papel na mobilização nacional e internacional contra o regime de Obiang.

"Utilizaremos as novas tecnologias de Internet e aplicações de telemóvel para comunicar de uma maneira claríssima e que não possa ser bloqueada", anunciou.

Raimundo Ela Nsang indicou ainda que está a juntar intelectuais naturais do país, mas que estão na diáspora, não só para pressionar Obiang, mas também para a construção de uma alternativa política.

"Esta é uma iniciativa que queremos que junte políticos, intelectuais, tanto da Guiné Equatorial como do estrangeiro, jornalistas, todos os que possam apoiar a iniciativa para mostrar ao mundo que Obiang já não merece confiança e que se deixarmos o país ir pela direção que está a tomar, se afunda", concluiu.

A Guiné Equatorial, país com cerca de um milhão de habitantes, é dirigida desde agosto de 1979 por Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, que detém o recorde de longevidade no poder em África. 

Teodoro Obiang foi reeleito em 2016 com mais de 90% dos votos para um quinto mandato de sete anos.

O Governo da Guiné Equatorial é acusado por várias organizações da sociedade civil de constantes violações dos direitos humanos e perseguição a políticos da oposição.

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