Guiné Equatorial: Eleições marcadas para 20 de novembro
Lusa
21 de setembro de 2022
A Guiné Equatorial vai realizar eleições presidenciais, parlamentares e municipais no dia 20 de novembro. O Presidente do país, Teodoro Obiang, de 80 anos, não confirmou se vai recandidatar-se.
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A Guiné Equatorial vai realizar eleições presidenciais, parlamentares e municipais no dia 20 de novembro, de acordo com um decreto emitido pelo Presidente Teodoro Obiang, publicado esta quarta-feira (21.09) pelo seu partido no Twitter.
"Na República da Guiné Equatorial são convocadas eleições presidenciais, Câmara dos Deputados, Senado e municipais (...). As eleições assim convocadas terão lugar no domingo, 20 de novembro de 2022", refere o decreto assinado segunda-feira por Obiang.
O chefe de Estado justifica a antecipação das eleições devido "à atual crise económica global multifacetada", causada pela queda dos preços dos combustíveis, a guerra da Rússia contra a Ucrânia, a pandemia de covid-19 e as explosões, a 07 de março de 2021, num quartel militar na cidade continental de Bata, que causaram mais de uma centena de mortos.
Estas circunstâncias, explica o decreto, "afetaram as previsões económicas, distorceram e aniquilaram a capacidade das finanças públicas para enfrentar quatro eleições sucessivas num período de quatro meses".
A campanha eleitoral terá início a 03 de novembro e terminará a 18 de novembro.
Obiang não disse se se recandidata
Obiang, 80 anos, não confirmou se vai recandidatar-se às eleições presidenciais, uma dúvida que manteve durante o VII Congresso Nacional Ordinário do governamental Partido Democrático da Guiné-Equatorial (PDGE), do qual é fundador, e que decorreu em novembro do ano passado.
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Na ocasião, o Presidente evitou especificar o nome do candidato às eleições, recusando-se também a falar de "sucessão" e disse que haveria uma "alternância", como convém a uma democracia.
No entanto, segundo analistas, a corrida para suceder ao presidente de longa duração é entre dois dos seus filhos, que ocupam ambos cargos importantes no Governo.
Por um lado, o vice-presidente e chefe da Segurança Nacional, Teodoro Nguema Obiang Mangue - conhecido como "Teodorín" - e, por outro, Gabriel Mbega Obiang Lima, ministro das Minas e Hidrocarbonetos (a Guiné Equatorial é um dos principais produtores de petróleo de África).
Desde a sua independência de Espanha, em 1968, a Guiné Equatorial tem sido considerada pelas organizações de direitos humanos como um dos países mais corruptos e repressivos do mundo, devido a acusações de detenção e tortura de dissidentes e alegações de fraude eleitoral repetida.
A Guiné Equatorial, que integra a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde 2014, tem 18 partidos políticos legalizados, embora na prática não exista uma oposição que seja uma alternativa a Obiang.
Obiang governa o país com punho de ferro desde 1979, quando derrubou o seu tio Francisco Macias, num golpe de Estado, sendo o presidente mais antigo do mundo.
Os chefes de Estado há mais tempo no poder
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
Foto: Getty Images/AFP/J. Jackson
O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.