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PolíticaGuiné Equatorial

Oposicionista Nsé Obiang detido na Guiné-Equatorial

Lusa
30 de setembro de 2022

O líder do partido ilegalizado CI, Nsé Obiang foi detido. Andrés Esono Ondo, líder da CPDS, o único partido da oposição legalizado, condenou o ataque e exigiu que o Governo 'torne públicas as provas das acusações'.

Teodoro Obiang Nguema presidente da Guiné Equatorial
"O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang quer a minha eliminação política e física no meu país", acusou Nsé Obiang líder de um partido opositorFoto: Getty Images/AFP

O líder do Ciudadanos por la Innovatión (CI), Gabriel Nsé Obiang, foi detido na quinta-feira (29/09), após um ataque por parte de agentes da polícia à sede do partido político ilgalizado pelo Governo da Guiné Equatorial em 2018.

Após um cerco à sede do CI que durou vários dias, a polícia lançou uma operação em que utilizou gás lacrimogéneo. Um agente foi morto "a tiros por um apoiante de Nsé Obiang" e vários ficaram feridos, segundo a televisão estatal TVGE.

Nsé Obiang foi detido juntamente com apoiantes do CI, tendo sido transferido para as instalações da Brigada da Polícia Judiciária na capital, Malabo.

Guiné Equatorial: Nsé Obiang está detido na Capital do paísFoto: Alexander Joe/AFP/Getty Images

Obiang foi preso por se ter recusado a comparecer a uma reunião com o Ministério Público a 21 de setembro "para apurar fatos que, se verificados, poderiam constituir crimes graves", segundo a TVGE.

"O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang quer a minha eliminação política e física", alegou Nsé Obiang na rede social Twitter a 20 de setembro. "Sabe que desta vez quero apresentar a minha candidatura à presidência da Guiné Equatorial, vencendo-o nas urnas, e, para o evitar, ordenou aos seus procuradores políticos que façam uma falsa acusação contra mim", acrescentou o dirigente.

Teodoro Obiang vai candidatar-se pelo Partido Democrático da Guiné Equatorial a um novo mandato nas eleições presidenciais, antecipadas para 20 de novembro.

Indignação da oposição

Na quarta-feira, Nsé Obiang tinha dito à agência de notícias Efe que mais de 200 pessoas, incluindo familiares menores de militantes do partido, continuavam detidos na sede devido ao cerco policial.

Andrés Esono Ondo, líder CPDS, o único partido da oposição legalizado no país, condenou o ataque a sede do CDI Foto: Getty Images/AFP/STR

Os militantes viajaram com as suas famílias de diferentes partes do país para Malabo, onde o CI se reuniu para escolher os candidatos às eleições presidenciais, parlamentares e municipais de 20 de novembro.

Andrés Esono Ondo, líder da Convergência para a Democracia Social na Guiné Equatorial (CPDS), o único partido da oposição legalizado no país, condenou hoje o ataque numa publicação no Twitter.

Esono exigiu que o Governo da Guiné Equatorial "torne público os feridos e investigue, com a ajuda de especialistas internacionais, as circunstâncias da morte do agente da polícia, de onde foi disparada a arma, que tipo de arma foi utilizada e quem disparou".

O CI foi banido por uma decisão judicial em 2018, após um julgamento em que quase 40 pessoas acusadas de organizar um golpe de Estado foram condenadas a mais de 20 anos de prisão.

Mas Nsé Obiang garante que o partido foi legalizado novamente também em 2018, através de uma amnistia geral promulgada pelo Governo para os presos políticos.

Obiang governa o paíshá 43 anos, após ter derrubado o tio, Francisco Macías, num golpe de Estado em 1979, sendo o chefe de Estado há mais anos no poder no mundo.

O regime da Guiné Equatorial, que aderiu à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em 2014, é acusado por organizações internacionais de violações dos direitos humanos.