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PolíticaGuiné Equatorial

Guiné Equatorial promete fim da pena de morte para "breve"

11 de março de 2022

O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, promete cumprir todas as etapas legais para a abolição efetiva da pena de morte no texto da Constituição da República. Garantia foi dada a secretário executivo da CPLP.

Foto: Ju Peng/Xinhua/imago images

Zacarias da Costa, secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) diz que o chefe de Estado da Guiné Equatorial lhe assegurou que está prevista para breve a aprovação da lei que põe fim à pena capital.

"Neste momento, a revisão está no Parlamento" equato-guineense, explicou o diplomata. "Penso que o Parlamento já aprovou e fez seguir [o documento] para o Senado. Disse o senhor Presidente que, naturalmente, temos que cumprir estas fases nas instituições do país, mas que o mais breve possível esse documento será aprovado pelas duas câmaras e enviado para o Presidente para promulgação."

Segundo o secretário executivo, "o mais importante é que o novo texto não contém nenhuma moldura penal em relação à pena de morte", razão pela qual manifestou satisfação em nome de todos os Estados-membros da CPLP.

Encontro de secretário executivo da CPLP, Zacarias da Costa (esq.), com Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, na quinta-feira (10.03)Foto: CPLP

Zacarias da Costa salienta que o respeito pelos valores da democracia e dos direitos humanos constitui um "ideal" defendido por todos os países lusófonos. 

"Os nossos países não são perfeitos. Temos sempre melhorias a fazer. O mais importante é que nós estamos presentes, estamos ao lado das autoridades da Guiné Equatorial para lhes ajudar a fazer esta caminhada", assegurou.

Integração na CPLP

Zacarias da Costa abordou o dossier da pena de morte num encontro de uma hora, na quinta-feira (10.03), com Teodoro Obiang Nguema, que serviu para tratar de várias questões sobre a vida da organização, sedeada em Lisboa, incluindo as dificuldades que a CPLP enfrenta também no plano financeiro. O secretário executivo quis também ouvir sobre "os desafios que se colocam para que a Guiné Equatorial possa de uma forma gradual, mas firme, integrar-se plenamente na nossa Comunidade."

O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste, ao serviço da CPLP, disse que recebeu, igualmente, de Obiang garantias de cumprimento das obrigações financeiras, entre outros compromissos assumidos por Malabo na qualidade de membro da organização lusófona.  

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Zacarias da Costa falou à DW África no final da sua visita de quatro dias ao país, que lhe permitiu estabelecer o "diálogo necessário" para a implementação do Programa de Apoio à Integração da Guiné Equatorial (PAIGE), "de uma forma mais efetiva e mais eficaz". Quatro dos seis eixos do programa - nomeadamente, "Promoção da Língua Portuguesa", "Acervo", "Património Cultural" e "Comunicação Social" - foram implementados, prevendo-se que em abril próximo se dê continuidade à sua execução. 

De recordar que o XXIV Conselho de Ministros da CPLP, reunido na cidade do Mindelo, em julho de 2019, mandatou o Secretariado Executivo para promover, em coordenação com as autoridades da Guiné Equatorial, a elaboração do PAIGE com iniciativas que incluam os eixos do "Programa de Adesão", acrescidos de dois eixos adicionais propostos pela Guiné Equatorial, designadamente "Direitos Humanos" e "Desenvolvimento Económico".

Esforço dos restantes Estados-membros

O executivo da CPLP assegurou à DW África que, "no cômputo geral", regressou satisfeito a Lisboa porque traz consigo garantias dadas pelas autoridades equato-guineenses de que "os compromissos assumidos serão honrados". 

Os compromissos incluem a introdução e a promoção da língua portuguesa na Guiné Equatorial, abarcando o seu ensino no sistema de educação escolar. Trata-se, segundo Zacarias da Costa, de "uma questão geracional" que "demora tempo a implementar, não só na Guiné Equatorial". 

No entanto, o diplomata diz que a garantia que lhe foi dada das autoridades da Guiné Equatorial é que, "no próximo ano letivo, [o país vai] incluir a língua portuguesa nos currículos do ensino básico e secundário". 

Entretanto, adiantou Zacarias da Costa, "tem que haver também um esforço dos Estados-membros - aqueles que têm mais possibilidades - em continuar a apoiar [a Guiné Equatorial] não só na formação de quadros, mas também [no sentido] de criar condições no terreno para que isso possa acontecer". 

Neste âmbito, o secretário executivo da CPLP deu conta da iniciativa de Malabo de criar, dentro de pouco tempo, um Instituto de Língua Portuguesa.

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