Guiné Equatorial "repudia" acusações do Parlamento Europeu
Lusa
23 de fevereiro de 2023
O Governo da Guiné Equatorial "rejeitou e repudiou" as acusações alegadamente "infundadas" do Parlamento Europeu que condenou a perseguição política no país, ilustrada pela morte do líder da oposição, Julio O. Mefuman.
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"O Governo equato-guineense expressa a sua mais categórica rejeição e repúdio das acusações infundadas do Parlamento Europeu de alegadas violações dos direitos humanos no nosso país na sua infeliz resolução", escreveu na rede social Twitter esta quarta-feira o vice-Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Nguema Obiang Mangue, filho do chefe de Estado do país.
"O Parlamento Europeu (PE), longe de condenar os atos terroristas que ocorreram na Guiné Equatorial em 2017 como uma ameaça global, defende os dois cidadãos espanhóis neles envolvidos, distorcendo a realidade dos factos”, acusou ainda o filho de Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, considerando que a resolução aprovada pelo hemiciclo em Estrasburgo há uma semana "sugere o seu papel de instigador do terrorismo" contra o país.
A morte de Julio Obama Mefuman, com nacionalidade espanhola, foi anunciada há pouco mais de um mês pelo seu partido, Movimento para a Libertação da República da Guiné Equatorial Terceira República (MLGE3R), da oposição ao regime de Teodoro Obiang, na prisão de Oveng Azem, em Mongomo (cidade fronteiriça com o Gabão), em resultado de tortura.
Esta informação, que Malabo negou, terá sido passada ao movimento por "fontes diplomáticas espanholas", de acordo com o MLGE3R.
Julio Obama "foi um dos quatro" membros do MLGE3R - dois dos quais com nacionalidade espanhola - raptados pelo regime de Obiang em 15 de novembro de 2019 em Juba (capital do Sudão do Sul), tendo sido "transferido sub-repticiamente para a Guiné Equatorial, fechado em celas subterrâneas e brutalmente torturado", explicou o movimento.
Fim às perseguições políticas
No passado dia 16, o Parlamento Europeu responsabilizou o "regime ditatorial" da Guiné Equatorial pela morte de Julio Obama e exortou os Estados-membros europeus a exigirem o fim de todas as perseguições políticas naquele país, membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde 2014.
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Os eurodeputados apelaram ainda à libertação dos outros três membros do MLGE3R raptados em 2019 no Sudão do Sul, numa resolução adotada com 518 votos a favor, seis contra e 19 abstenções.
O Parlamento Europeu instou ainda a Guiné Equatorial a "cooperar plenamente com as autoridades judiciais espanholas" e condenou "veementemente a perseguição política sistemática e a repressão bárbara do regime ditatorial contra opositores políticos e defensores dos direitos humanos".
Os termos da resolução do PE foram rejeitados pelo vice-Presidente equato—guineense.
"O nosso Governo expressa igualmente o seu repúdio categórico da linguagem colonial e paternalista utilizada pelo Parlamento Europeu, que não nos pode dar lições de democracia com desqualificações das instituições democráticas do nosso país e dos seus legítimos representantes”, escreveu Teodoro Obiang Mangue.
Os chefes de Estado há mais tempo no poder
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
Foto: Getty Images/AFP/J. Jackson
O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.